A Igreja celebra no dia 6 de janeiro, a Epifania (ou Teofania), a manifestação de Jesus aos gentios. No Brasil é celebrado no domingo seguinte.
Jesus já tinha se manifestado primeiro aos judeus na pessoa dos pastores de Belém. Agora Jesus se manifesta ao mundo todo, porque Ele não veio apenas para os judeus, mas veio para salvar toda a humanidade. O mundo reconheceu o Salvador Naquele que a Virgem deu à luz. A Igreja canta: “É chegado o Senhor soberano, nas Suas mãos este a realeza, o poder e o império”.
A Igreja coloca diante de nossos olhos a profecia de Isaías sobre os Magos adoradores, indicando a vocação dos gentios à fé; também eles reconhecerão e adorarão em Jesus o seu Deus:
“As nações se encaminharão à tua luz, e os reis, ao brilho de tua aurora. Levanta os olhos e olha à tua volta: todos se reúnem para vir a ti; teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são transportadas à garupa… para ti afluirão as riquezas do mar, e a ti virão os tesouros das nações. Serás invadida por uma multidão de camelos, pelos dromedários de Madiã e de Efá; virão todos de Sabá, trazendo ouro e incenso, e publicando os louvores do Senhor.” (Is 60,1-6)
Já não estão mais em torno do presépio os humildes pastores, mas o rico cortejo dos Reis Magos que vieram do Oriente como representantes dos povos pagãos e de todos os reis da terra, para prestarem homenagem ao Deus Menino. Cumpriu-se a profecia de Isaias.
Há um primeiro prodígio: a nova Estrela aparecida no Oriente, revelou a Sua divindade. “Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos com presentes adorar o Senhor”. Viram a Estrela e logo puseram-se a caminho… Não duvidaram porque a sua fé era firme e segura. Não se preocuparam perante a fadiga da longa viagem, porque o seu coração era generoso. Não deixaram para mais tarde, porque a sua alma estava pronta. É assim que nós também devemos procurar Jesus.
Também no céu das nossas almas aparece frequentemente uma estrela: uma inspiração íntima e clara de Deus, que nos convida a um ato de generosidade, de desprendimento, a uma vida de maior intimidade com Ele. É preciso seguir esta estrela com a fé, com a generosidade e com a prontidão dos Magos; ela nos levará sem dúvida ao encontro do Senhor, encontraremos Aquele que procuramos.
É bonito notar que os Magos perseveraram na sua busca do Rei que tinha nascido, mesmo quando a estrela desapareceu aos seus olhos; também nos devemos perseverar no caminho de Deus, mesmo através das trevas interiores: é a prova da fé, que somente se pode superar com um intenso exercício de fé pura e nua. Digamos com São Paulo: “Sei em quem pus minha confiança” (2 Tm1,12); aconteça o que acontecer nunca poderei duvidar Dele.
Os Reis Magos foram logo a Herodes, rei da Judeia, certo de que ele estaria celebrando a chegado Daquele que os profetas anunciaram. Que decepção! Nem Herodes, nem Jerusalém, nem os doutores sabiam de nada… Apenas aqueles pobres pastores.
Os Magos poderiam ter desanimado, achado talvez que tivessem se enganado, e que talvez fosse melhor voltar para os seus reinos. Mas não! Não desanimaram; a Estrela da fé deixou de brilhar no céu, mas continuava a brilhar em seus corações. E porque eles acreditaram, ela lhes apareceu novamente e os levou ao Menino.
Que lição para nós também! Quantos desanimam na busca de Deus, por muitos motivos. Uns pela decepção com os próprios cristãos, outros pela ilusão do prazer, da riqueza e do poder, outros por falta de vida interior… São muitos os motivos que podem nos levar a cansar na busca de Deus.
Por fim os Magos chegaram até o Menino e O adoraram. Trouxeram-lhe ouro, porque sabiam que Ele é o Rei dos Reis; o incenso porque sabiam que Ele era Deus; e a mirra, que era usada para o sepultamento, porque a inspiração os fazia prever que seria o Cordeiro imolado pela humanidade.
Que bom se todos os povos se prostrassem diante deste Menino, como seu Deus e Senhor! Mas para isso, o Senhor dá-nos a entender que quer a nossa pobre colaboração para a vinda do Seu Reino; Ele quer que, como os Magos, levemos ao presépio os nossos presentes: o incenso da oração, a mirra da mortificação e do sofrimento abraçado por amor a Ele, e o ouro da caridade; caridade que faça o meu coração todo de Deus, disposto a trabalhar pela conversão dos pecadores.
Que Jesus se manifestes ao mundo, mas também peçamos que se manifeste cada vez mais à nossa pobre alma. Que brilhe também para nós hoje a Sua estrela e nos indique o caminho que conduz a Ele.
Quem mais conhece Jesus, mais O ama. A Festa da Epifania nos faz meditar também na missão evangelizadora da Igreja. A vinda dos Magos é um prenúncio da ordem de Jesus: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura” (Mc 16,15). O mandamento é claro e obriga a todos os batizados. Paulo VI disse que: “Deus quis precisar dos homens para difundir o Seu Evangelho, para distribuir a Sua Graça e estabelecer o Seu Reino’ (Discurso em Sydney, 4-12-70).
Pensamos muito pouco nesta obrigação. Cada cristão deve ser um protagonista da história da salvação, arrastando consigo o maior número de irmãos. A apatia ou o desinteresse de muitos cristãos pode retardar a salvação para tantos que ainda a esperam.
Não são apenas os grandes evangelizadores que deixaram suas terras, como S. Francisco Xavier ou o nosso São José de Anchieta, que são chamados a trabalhar na vinha do Senhor; mas também os que ficam na própria casa, devem ter um coração missionário. Há muitos batizados a serem evangelizados…
O Concílio Vaticano II relembrou que: “Todos os fieis como membros de Cristo vivo… estão obrigados, por dever, a colaborar no crescimento e na expansão do Seu Corpo para levá-lo, quanto antes, a atingir a sua plenitude” (Ad Gentes, 36).
Que nós também, reconhecendo o pequenino Jesus na manjedoura, como Deus, Rei e Cordeiro a ser imolado, o adoraremos com a fé e o amor dos Magos e o levemos aos outros.
Prof. Felipe Aquino