Chamamos de “Padres da Igreja” (Patrística) aqueles grandes homens da Igreja, aproximadamente do século II ao século VII, que foram no Oriente e no Ocidente como que “Pais” da Igreja, no sentido de que foram eles que firmaram os conceitos da nossa fé, enfrentaram muitas heresias e, de certa forma foram responsáveis pelo que chamamos hoje de Tradição da Igreja; sem dúvida, são a sua fonte mais rica. Padre ou Pai da Igreja, se refere a um escritor leigo, sacerdote ou bispo, da Igreja antiga, considerado pela Tradição como uma testemunha da fé.
Normalmente se considera o período da Patrística o que vai dos Apóstolos até Santo Isidoro de Sevilha (560-536) no Ocidente; e até a morte de São João Damasceno (675-749), no Oriente, o gigante que corajosamente combateu o iconoclasmo. Esses gigantes da fé católica ao longo desses sete séculos defenderam e formularam a fé, a liturgia, a catequese, a moral, a disciplina, os costumes e os dogmas cristãos; por isso são chamados de “Pais da Igreja” porque lhes traçaram o caminho.
Quando o Papa João Paulo II esteve no Brasil a primeira vez em 1981 se referiu a eles dizendo que “são eles os melhores intérpretes da Sagrada Escritura”. Então, precisamos conhecer os seus ensinamentos para podermos compreender melhor a Bíblia. Chamamos de Patrologia o estudo sobre a vida, as obras e a doutrina desses Pais da Igreja. No século XVII criou-se expressão a “Teologia Patrística” para indicar a doutrina dos Padres.
Certa vez disse o Cardeal Henri de Lubac: “Todas as vezes que, no Ocidente tem florescido alguma renovação, tanto na ordem do pensamento como na ordem da vida – ambas estão sempre ligadas uma à outra – tal renovação tem surgido sob o signo dos Padres”.
Esses gigantes da fé e da Igreja, souberam fixar para sempre o que Jesus nos deixou através dos Apóstolos. Eles foram obrigados a enfrentar as piores heresias que a Igreja conheceu deste o seu início. Nesta luta eles amadureceram os conceitos teológicos uma vez que tiveram de enfrentar muitos hereges, de dentro da própria Igreja, especialmente nos Concílios Ecumênicos. Neste combate árduo em defesa da fé, onde muitos foram perseguidos, exilados e até martirizados, eles formularam a fé que hoje professamos sem erro.
Desde o primeiro século já encontramos o gigante de Antioquia, Santo Inácio (†107), provavelmente sagrado Bispo pelo próprio São Pedro. S. Inácio nos deixou as suas belas Cartas escritas às comunidades por onde passou no caminho que o levou ao martírio em Roma, no Coliseu, desde Antioquia. A caminho do martírio ele escreveu belas cartas aos romanos, magnésios, tralianos, efésios, erminenses e a São Policarpo, bispo e mártir de Esmirna. No segundo século encontramos o grande Santo Irineu de Lião (†200) enfrentando os gnósticos que sorrateiramente penetraram na Igreja e ameaçavam destruir a fé cristã. Contra eles Santo Irineu escreveu uma longa obra Contra os Hereges. Tão difícil foi esse combate que o Santo o comparou a alguém que precisa cortar todas as árvores de uma floresta para finalmente poder captar a fera que nela se esconde.
Os Padres da Igreja tiveram uma participação fundamental nos primeiros Concílios Ecumênicos, como o de Niceia, no ano 325, que condenou o arianismo que negava a divindade de Jesus; o Concílio de Constantinopla I, em 381, que condenou o macedonismo que negava a divindade do Espírito Santo; e os outros concílios que enfrentaram e condenaram as heresias cristológicas e trinitárias.
Os Padres da Igreja estiveram um tanto esquecidos, mas a partir dos anos 40 surgiu na Europa, de modo especial na França, um forte movimento voltado à Patrística. Esse movimento foi liderado pelo Cardeal Henri de Lubac e Jean Daniélou, o qual deu origem à coleção “Sources Chréstiennes”, com mais de 300 títulos.No Concílio Vaticano II cresceu ainda mais esse movimento de redescoberta da Patrística por causa do desejo da renovação da liturgia, da exegese, da espiritualidade e da teologia a partir dos primórdios da Igreja. Foi a sede de “voltar às fontes” do cristianismo.
Desses Padres, alguns foram Papas, nem todos; a maioria foi bispo, mas há diáconos, presbíteros e até leigos. Entre eles muitos foram titulados de Doutor da Igreja, sempre por algum Papa, por terem ensinado de maneira extraordinária os dogmas e as verdades da nossa fé.
Segue a relação dos mais importantes Padres da Igreja:
São Clemente de Roma (+102), Papa (88-97); Santo Inácio de Antioquia (+110); Aristides de Atenas (+130); São Policarpo de Esmira (+156); Pastor de Hermas (+160); Aristides de Atenas (+160); Santo Hipólito de Roma (160-235); São Justino (+165); Militão de Sardes (+177); Atenágoras (+180); São Teófilo de Antioquia (+181); Orígenes de Alexandria (184-254); Santo Ireneu (+202); Tertuliano de Cartago (+220); São Clemente de Alexandria (+215); Metódio de Olimpo (séc. III); São Cipriano de Cartago (210-258); Novaciano (+257); Santo Atanásio (295 -373), Alexandria; Santo Efrém (306 – 373), diácono, Mesopotânia; São Hilário de Poitiers (310 – 367), bispo; São Cirilo de Jerusalém (315 – 386) bispo; São Basílio Magno (330 – 369) – bispo, Cesareia; São Gregório Nazianzeno (330 – 379), bispo; Santo Ambrósio (340 – 397), bispo, Treves – Itália; Eusébio de Cesareia (+340); São Gregório de Nissa (+340); Prudêncio (384-405); São Jerônimo (348-420), presbítero Strido, Itália; São João Cassiano (360-407); São João Crisóstomo – (349-407), bispo; Santo Agostinho (354-430), bispo; Santo Efrém (+373); Santo Epifânio (+403); São Cirilo de Alexandria (370-442), bispo; São Pedro Crisólogo (380 – 451), bispo, Itália; São Leão Magno (400-461), papa Toscana, Itália; São Paulino de Nola (+431); Sedúlio (séc. V); São Vicente de Lerins (+450); São Pedro Crisólogo (+450); São Bento de Núrcia (480-547); SãoVenâncio Fortunato (530-600); Santo Ildefonso de Toledo (617-667); São Máximo Confessor (580-662); São Gregório Magno (540-604), Papa; Santo Ildefonso de Sevilha (+636); São João Damasceno (675-749), bispo, Damasco.
Prof. Felipe Aquino
FONTE: CLEÓFAS
FONTE: CLEÓFAS