1 –
Símbolo da porta estreita
Depois de
ouvir a Palavra, especialmente o Evangelho, precisamos concordar que a imagem
que temos de Deus nem sempre coincide com a imagem proposta por Jesus, na sua
parábola da porta estreita. Deus é apresentado como patrão que tem a chave da
porta, e ainda mais de uma porta estreita, e ameaça fechá-la e deixar-nos do
lado de fora. Esta não é uma imagem simpática de Deus. Preferimos a imagem do
Deus misericordioso, que acolhe os pecadores porque, temos a impressão que,
mesmo errando, mesmo pecando, Deus é visto como mais "tolerante". É
uma Palavra que pode ser considerada como ameaçadora, mas, de outro lado,
também pode ser considerada como um sinal de alerta, como uma correção, no
dizer da 2ª leitura, para incentivar-nos a viver e cultivar a vigilância,
porque não basta dizer que “comemos e bebemos com Deus”, que rezamos algumas
preces decoradas, que fomos batizados... é preciso algo mais para passar pela
porta estreita.
2 –
Ameaça ou convite à vigilância
Por isso,
eu convido a não considerar o sinal da "porta estreita" como ameaça,
mas sim como um sinal de encorajamento para ser educado por Deus, no dizer do
autor da Carta aos Hebreus: "meu filho, não desprezes a educação do
Senhor" e, algumas linhas mais adiante: "acertai os passos dos vossos
pés para que não se extravie”. O sinal da “porta estreita” indica, portanto,
que a Salvação é uma meta que exige a coerência de vida. Não basta ter ouvido o
Evangelho, como diz Jesus na parábola; isto pode ser uma ilusão. A ilusão de
que o conhecimento em forma de informação religiosa é o suficiente para passar
pela "porta estreita". Cristãos informados que Deus é bom, que Jesus
veio ao mundo, que fez milagres, que mantém algumas práticas de rituais... É a
ilusão de permanecer na informação e não acolher e, por isso, não viver segundo
o Evangelho.
¨ É
preciso ter consciência de que o acesso ao "Reino" não é, nunca, uma
conquista definitiva, mas algo que Deus nos oferece cada dia e que, cada dia,
nós aceitamos ou rejeitamos. Ninguém tem automaticamente garantido, por
decreto, o acesso ao "Reino", de forma que possa, a partir de uma
certa altura, ter comportamentos pouco consentâneos com os valores do
"Reino". O acesso à salvação é algo a que se responde - positiva ou
negativamente - todos os dias e que nunca é um dado totalmente seguro e
adquirido.
3 –
Vocação do catequista
Neste
último Domingo de agosto, mês vocacional, comemoramos o “Dia do Catequista”.
Considero que seja uma data importante dentro da comunidade, porque a catequese
é uma das principais fontes de evangelização da Igreja. Torna-se ainda mais
importante, nos dias de hoje, porque muitas famílias não plantam ou não tem
sementes para plantar o Evangelho em suas casas. Por isso, são os catequistas
que, não poucas vezes, semeiam as primeiras sementes da fé nos corações de
crianças, adolescentes, jovens e adultos. São eles que mostram o caminho do
Evangelho para passar pela “porta estreita”, como ouvimos no Evangelho. Disto,
faço dois convites. Um para que os pais sejam os primeiros catequistas,
semeadores das primeiras sementes da fé e do Evangelho. Segundo, para que
aqueles que se sintam vocacionados à catequese, tornem-se servidores da
comunidade pela evangelização na catequese e com a catequese. Parabéns e muito
obrigado aos catequistas de nossa comunidade. Amém!