Se
Deus é por nós, quem será contra nós"? - pergunta Paulo no início da
perícope (Rom 8,31). A verdade é que nada pode derrotar aquele que é objeto do
amor imenso e imortal de Deus - amor manifestado nesse movimento que levou
Cristo até à entrega total da vida para nos colocar na rota da salvação e da
vida plena.
O
crente tem de estar certo de que Deus o ama e que lhe reserva a vida em
plenitude, a felicidade total, a comunhão plena com Ele. Dessa forma, pode
escolher, com tranquilidade e serenidade o caminho de Jesus - caminho de dom,
de entrega da vida, de amor até às últimas consequências... Pode, como Jesus,
lutar objetivamente contra o egoísmo, a injustiça, a opressão, o pecado; pode
gastar a vida nessa luta, sem temer o aniquilamento ou o fracasso; pode
enfrentar a perseguição, a angústia, os perigos, as armadilhas montadas pelos
homens, com a certeza de que nada o pode vencer ou destruir... E, no final do
caminho, espera-o essa vida plena de felicidade sem fim, que Deus oferece
àqueles que aceitam a sua proposta de amor e caminham nela.
Para Paulo, há uma constatação incrível, que
não cessa de o espantar (e que temos repetidamente encontrado nos textos da
Carta aos Romanos lidos nos últimos domingos): Deus ama-nos com um amor
profundo, total, radical, que nada nem ninguém consegue apagar ou eliminar.
Esse amor veio ao nosso encontro em Jesus Cristo, atingiu a nossa existência e
transformou-a, capacitando-nos para caminharmos ao encontro da vida eterna.
Ora, antes de mais, é esta descoberta que Paulo nos convida a fazer... Nos
momentos de crise, de desilusão, de perseguição, de orfandade, quando parece
que o mundo está todo contra nós e que não entende a nossa luta e o nosso
compromisso, a Palavra de Deus grita: "não tenhais medo; Deus
ama-vos".
Descobrir
esse amor dá-nos a coragem necessária para enfrentar a vida com serenidade, com
tranquilidade e com o coração cheio de paz. O crente é aquele homem ou mulher
que não tem medo de nada porque está consciente de que Deus o ama e que lhe
oferece, aconteça o que acontecer, a vida em plenitude. Pode, portanto, entregar
a sua vida como dom, correr riscos na luta pela paz e pela justiça, enfrentar
os poderes da opressão e da morte, porque confia no Deus que o ama e que o
salva.