A
CÉSAR O QUE É DE CÉSAR
7 de
agosto de 2020
Paróquia
São Conrado
A
frase de Jesus: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22,
21), ensinando que se deveria pagar o imposto à autoridade romana, então
dominadora do país de Israel, aplica-se também à separação de competências e ao
respeito devido às autoridades, independentemente das suas qualidades pessoais.
Independentemente
do meio pelo qual alguém chega ao poder – em nosso regime atual democrático, a
escolha é feita pelo povo – há que se respeitar quem está nele legitimamente
constituído, pois sua autoridade vem de Deus. Deus é o autor da ordem e toda
ordem exige alguém que mande, por isso “todo o poder e autoridade vêm de Deus:
“Cada um se submeta às autoridades constituídas, pois não existe autoridade que
não venha de Deus, e as autoridades que existem foram estabelecidas por Deus...
Dai a cada um o que lhe é devido: a quem o imposto, o imposto, ... a quem a
honra, a honra” (Rm 13, 1 e 7).
Sobre
a separação e competência dos poderes da Igreja e do Estado, respeitando-se a
legítima laicidade ou distinção de alçadas e jurisdições, a Igreja já
esclareceu em muitos documentos: “A Igreja não tem soluções técnicas para
oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas
tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, a favor de uma sociedade à
medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação... num desenvolvimento humano
integral. Aberta à verdade, qualquer que seja o saber donde provenha, a
doutrina social da Igreja acolhe-a, compõe numa unidade os fragmentos em que
frequentemente a encontra,” (Bento XVI, Caritas in Veritate, 9).
“Não compete aos Pastores da Igreja intervir
diretamente na construção política e na organização da vida social. Tal tarefa
faz parte da vocação dos leigos, agindo por sua própria iniciativa, juntamente
com seus concidadãos (CDF Libertatis conscientia, 80).
“...Este
trabalho político não é competência imediata da Igreja. O respeito de uma sã
laicidade – até mesmo com a pluralidade das posições políticas – é essencial na
tradição cristã autêntica. Se a Igreja começasse a se transformar diretamente
em sujeito político, não faria mais pelos pobres e pela justiça, mas faria
menos, porque perderia sua independência e sua autoridade moral,
identificando-se com uma única via política e com posições parciais opináveis.
A Igreja é advogada da justiça e dos pobres, precisamente ao não se identificar
com os políticos nem com os interesses de partido. Só sendo independente pode
ensinar os grandes critérios e os valores irrevogáveis, orientar as
consciências e oferecer uma opção de vida que vai além do âmbito político.
Formar as consciências, ser advogada da justiça e da verdade, educar nas
virtudes individuais e políticas, é a vocação fundamental da Igreja neste
setor. E os leigos católicos devem ser conscientes de sua responsabilidade na
vida pública; devem estar presentes na formação dos consensos necessários e na
oposição contra as injustiças” (Bento XVI, Aparecida, 13/5/2007, Discurso
inaugural do CELAM).
Fonte:
Dom Fernando Arêas Rifan