A
PANDEMIA NOS QUESTIONA
20
de agosto de 2020
Paróquia São Conrado
Átila,
rei nos Hunos, pioneiro das incursões bárbaras que assolaram o Império Romano,
invadiu a Europa com tanta mortandade que não era possível contar o número dos
mortos, pilhando e devastando cidades, igrejas e mosteiros, e foi intitulado “o
flagelo de Deus”, ou seja, o instrumento de Deus para punir os pecados dos
homens. Só parou às portas de Roma,
quando foi ao seu encontro o Papa São Leão I, que o persuadiu a desistir de sua
invasão da Itália.
Na
Ladainha de Todos os Santos, pedimos a Deus que nos livre dos flagelos, da
peste (pandemias), da fome e da guerra. Pode ser que, permitindo o flagelo,
Deus espere a nossa conversão e reflexão sobre os desregramentos da humanidade.
Deus
às vezes pode usar das doenças e calamidades, mesmo sem as querer, mas só
permitir, para que delas possamos tirar algum bem. Não foi a doença que fez o
centurião romano, pagão, se aproximar de Jesus para pedir a cura para alguém da
sua casa? Na parábola do filho pródigo, não foi a desgraça que o fez voltar
para o seu pai? Não foi o assalto e o roubo do judeu na parábola que suscitaram
a caridade e a boa ação do samaritano?
Assim
também, nessa pandemia atual, permitida por Deus, procuremos tirar todo o bem
possível, pois é isso que Deus quer de nós. Ocasião para rezarmos mais, para
amarmos mais nossa família e os irmãos, para exercermos a paciência
especialmente em nossa vida familiar, praticando a caridade com o próximo.
Muitas pessoas, com essa quarentena, aprenderam a rezar mais e melhor,
especialmente com a família! Apreciamos todo o esforço dos poderes públicos
mesmo insuficiente, a abnegação e o trabalho dedicado dos médicos, e
profissionais da saúde em geral, dos policiais, bombeiros e sacerdotes. Que Deus os abençoe e conforte a eles e suas
famílias!
As
causas dessa pandemia são ainda obscuras. Mas a falta de cuidado, os desvios de
verbas públicas e os pecados acontecidos nesse tempo nos questionam. Mas não é
hora de atribuirmos culpa a esse ou àquele. Devemos sim rezar por nós e por
todos, como nos ensina a Igreja: “O Apóstolo exorta-nos a fazer súplicas e
ações de graças pelos reis e por todos aqueles que exercem a autoridade, ‘a fim
de que possamos ter uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e dignidade’
(1Tm 2,2)” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2240).
“Peçamos a graça de saber rezar uns pelos
outros. São Paulo exortava os cristãos a rezar por todos, mas em primeiro lugar
por quem governa (cf. 1Tm 2,1-3). ‘Mas este governante é…’, e os adjetivos são
muitos. Não os digo, porque este não é o momento nem o lugar para repetir os
adjetivos que se ouvem contra os governantes. Deixemos que Deus os julgue! Nós
rezemos pelos governantes. Rezemos… Precisam da nossa oração. É uma tarefa que
o Senhor nos confia. Temo-la cumprido? Ou limitamo-nos a falar, a insultar?
Quando rezamos, Deus espera que nos lembremos também de quem não pensa como
nós...” (Papa Francisco, homilia da Solenidade de São Pedro e São Paulo, 29 de
junho de 2020).
Fonte:
Dom Fernando Arêas Rifan