Todos
os Papas severamente condenaram o comunismo, por ser uma ideologia materialista
e ateia, destruidora da pessoa humana.
Foi
um fato impressionante a queda retumbante do comunismo no Leste Europeu em
1989, sem derramamento de sangue. De fato isso não pode ser explicado sem
considerarmos a ação de Deus e de Nossa Senhora através do Papa João Paulo II.
O
mundo vivia a “guerra fria” entre a União Soviética e os países ocidentais. O
medo imperava com a possibilidade real de uma guerra nuclear que pulverizaria o
planeta. De repente, o bloco comunista se dissolve como um castelo de areia, da
noite para o dia. Como explicar isso?
João
Paulo II viveu e sofreu sob este terrível regime na Polônia; cabendo a ele, por
vontade de Deus, ser o principal artífice de sua queda depois de ter por mais
de 70 anos escravizado muitas nações da Europa e as ter confinado sob o chamado
Muro de Berlim ou “Muro da Vergonha”. Milhões de pessoas foram vítimas deste
terrível flagelo. “O livro negro do comunismo” (Stephan Courtois, Ed. Bertrand
Roussel, 2005) fala em cem milhões de mortos na Rússia, China, Hungria,
Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia, Bulgária, Polônia, Cuba, Vietnam, Laos,
Cambodja, etc. Milhões viveram sob este pesadelo.
Lamentavelmente
ainda vivem sob este cativeiro a ilha de Cuba, a Coreia do Norte e a China. O
jornalista Bernard Lecomte, especializado em assuntos da União Soviética e dos
países do Leste Europeu, depois de investigar os arquivos do Leste europeu e de
Paris, escreveu, em 1991, um livro sobre a história da queda do comunismo,
mostrando ao mundo que foi fundamental a ação do Papa João Paulo II para que
isto acontecesse.
Lecomte
fez pesquisas em Paris, Moscou, Cracóvia, Praga e Gdansk (Danzig). Ele é
repórter do “L’Express” e co-autor com Jacques Lesourne, de “O pós-comunismo
desde o Atlântico até os montes Urais”. O livro foi publicado em francês no ano
de 1991, com o título “La Veritè I’emportera sur le Mensonge” (A Verdade
prevalecerá sobre a Mentira) e editado em português, em 1993, com o titulo “O
Papa que venceu o Comunismo” (Editora ASA, 358 pp).
O
jornalista americano Carl Bernstein e o italiano Marco Politi escreveram também
uma obra semelhante, muito bem documentada, chamada “Sua Santidade: o Papa João
Paulo II e a história oculta de nosso tempo” (Editora Objetiva Ltda, Rio de
Janeiro). Bernstein ficou famoso com a investigação do escândalo “Watergate”
que derrubou o presidente Richard Nixon em 1974.
O
início do fim
A
queda do comunismo começou, entre outros fatos, com a eleição surpreendente do
então cardeal polonês Karol Wojtyka, em 1978, que obteve 97 dos 111 votos do
Colégio de cardeais. Sem dúvida esta eleição foi surpreendente para o mundo,
não só por escolher um Papa não italiano – o que não acontecia desde Adriano VI
(1522-1523) – mas principalmente por ser um Papa que vinha de um país
comunista, detrás da “Cortina de Ferro”. Jerzy Turowicz disse na época que
“Moscou viu de imediato um inimigo em João Paulo II”. “Os russos teriam
preferido ver Soljenitsin tornar-se Secretário Geral da ONU a ver um polaco
tornar-se Papa”, disse o jornalista Alberto Roncai em “La Stampa” de 17/10/78.
“Trata-se de um terremoto psicológico para todo o Leste”, disse o Cardeal Franz
konig, Arcebispo de Viena ( cf. p.9).
Desde
o início do seu pontificado, João Paulo II tinha como objetivo conquistar a
liberdade civil e religiosa para as nações dominadas pelo comunismo ateu, sob o
qual ele tanto sofreu. Mas o Papa desejava uma mudança sem violência e sem
sangue, levando os regimes totalitários a se abrirem lentamente à verdade e à
liberdade. E, graças a Deus, foi o que aconteceu.
A
Europa dividida criminosamente pelo Muro de Berlim, sempre foi para João Paulo
II uma ferida insuportável, um rasgão que precisava ser costurado. Assim, em
Gniezno (1979), em Paris (1980), em Compostela (1982), em Viena (1983), o Papa
denunciou a divisão da Europa e condenou o muro de Berlim (p.197).
As
visitas de João Paulo II à Polônia
Em
sua primeira visita à Polônia, em 1979, ele percebeu claramente que tinha o
apoio do povo polonês. Em 13 de junho de 1987, o então líder polonês, general
Wojciech Jaruzelski, foi recebido pelo Papa no Vaticano, e nesse mesmo ano João
Paulo II voltou, pela terceira vez, à sua terra.
Em
Gdansk, 750.000 pessoas lhe aclamaram. Ali lhes confiou que todos os dias
rezava por sua pátria e por seus compatriotas e cumprimentou o Solidariedade,
no meio da alegria e euforia coletiva.
Segundo
os observadores políticos, a visita de Jaruzelski ao Vaticano e o ato de Gdansk
marcaram o começo da derrota do comunismo, primeiro na Polônia e depois em
outros países.
O
golpe definitivo viria em janeiro de 1989, quando Solidariedade foi legalizado
definitivamente e, em agosto desse mesmo ano, quando o católico Tadeusz
Mazowiecki, que foi assessor do sindicato, chegou ao poder, derrotando os
comunistas. A Polônia foi a primeira ficha do “efeito dominó”. Sua queda
arrastou a Hungria, que abriu suas fronteiras e seus cidadãos fugiram para a
Áustria; depois a Alemanha Oriental, cujos cidadãos também fugiram propiciando
em 9 de novembro de 1989 a queda do Muro de Berlim.