Hoje
a Igreja se reveste de luz, porque celebra a Solenidade de Todos os Santos. É o
dia em que lembramos não somente os santos canonizados, cujos nomes estão nos
altares e livros, mas também aquela multidão anônima, silenciosa, escondida,
que viveu com fidelidade o Evangelho no cotidiano. São os santos do dia a dia,
os que amaram em silêncio, os que sofreram com paciência, os que perdoaram
quando era mais fácil odiar.
Jesus,
no Evangelho das Bem-aventuranças, nos revela o retrato desses santos. Não são
os poderosos nem os vencedores aos olhos do mundo, mas os pobres de espírito,
os mansos, os puros de coração, os que choram, os que têm fome e sede de
justiça, os misericordiosos, os que constroem a paz. É como se o Senhor
dissesse: “A santidade não é privilégio de poucos, é vocação de todos.”
No
entanto, para entender a santidade, é preciso mudar o olhar. O mundo chama de
felizes os que têm sucesso, os que acumulam, os que se impõem, mas Jesus chama
de bem-aventurados os que se esvaziam, os que confiam, os que amam. A lógica de
Deus é invertida, e é justamente aí que nasce a verdadeira alegria: a alegria
de quem vive para o céu mesmo caminhando sobre a terra.
Os
santos são pessoas que levaram a sério o amor. Não nasceram prontos, não
viveram sem quedas, mas se deixaram transformar por Deus. Tiveram coragem de
recomeçar mil vezes, porque sabiam que a santidade não está na perfeição, mas
na perseverança. Não é uma medalha, é um caminho. É deixar que a graça vá
moldando, pouco a pouco, a alma ao estilo de Cristo.
Mas
hoje também é dia de esperança. Celebrar todos os santos é lembrar que o céu
está cheio de gente comum. Talvez uma avó que rezava em silêncio, um pai que
nunca deixou faltar pão, uma mãe que educou na fé, um jovem que escolheu a
pureza, um doente que ofereceu sua dor. O céu é mais próximo do que imaginamos,
e os santos são nossos irmãos mais velhos na fé, torcendo por nós, intercedendo
para que não percamos o rumo.
Jesus,
ao proclamar as bem-aventuranças, nos mostra que a felicidade eterna começa
aqui, portanto, cada ato de amor, de perdão, cada escolha por Deus é um degrau
rumo à eternidade. Ser santo não é viver fora do mundo, é viver o mundo com o
coração voltado para o alto.
Hoje,
o Senhor nos convida a olhar para o céu e reconhecer o destino para o qual
fomos criados. A santidade é o sonho de Deus para cada um de nós. E, se parece
distante, lembremos: o mesmo Espírito que santificou os apóstolos e os mártires
habita também em nós.
Que
esta festa desperte em nosso coração o desejo de ser santos de verdade, santos
de carne e osso, santos do cotidiano. Que aprendamos com eles que a alegria do
Evangelho é o único tesouro que o tempo não apaga.
E
que um dia, quando a caminhada terminar, possamos também nos juntar àquela
multidão luminosa, cantando diante do trono de Deus: “Salvação, glória e poder
pertencem ao nosso Deus.”












