A RAINHA DO CÉU, MÃE DA CABEÇA E DOS MEMBROS DO CORPO MÍSTICO, AUGUSTA SOBERANA E RAINHA DA IGREJA, QUE A TORNA PARTICIPANTE NÃO SÓ DA DIGNIDADE REAL
DE JESUS, MAS TAMBÉM DO SEU INFLUXO VITAL E SANTIFICADOR SOBRE OS MEMBROS DO
CORPO MÍSTICO.
Essa festividade, paralela a de Cristo Rei, foi
instituída por Pio XII em 1955. Era celebrada, até a recente reforma do
calendário litúrgico, a 31 de maio, como coroação da singular devoção mariana
do mês a ela dedicado. Para o dia 22 de agosto estava reservada a comemoração
do Imaculado Coração de Maria, em cujo lugar entrou a festa de Maria Rainha do
Universo para aproximar a realeza da Virgem á sua gloriosa Assunção ao céu.
Este lugar de
singularidade e de proeminência, ao lado de Cristo Rei, deriva-lhe dos vários
títulos, ilustrados por Pio XII na carta encíclica A Rainha do Céu (11 de outubro
de 1954): Mãe da Cabeça e dos membros do Corpo místico, Augusta soberana e
Rainha da Igreja, que a torna participante não só da dignidade real de Jesus,
mas também do seu influxo vital e santificador sobre os membros do Corpo
místico.
Evangelho:
Lucas 1, 26-38
Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a
uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem
chamado José, da casa de David; e o nome da virgem era Maria. Ao entrar em
casa dela, o anjo disse-lhe: “Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ao
ouvir estas palavras, ela perturbou-se e inquiria de si própria o que
significava tal saudação. Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois achaste
graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual
porás o nome de Jesus. Será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor
Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David, reinará eternamente sobre a
casa de Jacob e o seu reinado não terá fim”. Maria disse ao anjo: “Como
será isso, se eu não conheço homem algum?” O anjo respondeu-lhe: “O
Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua
sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também
a tua parente Isabel concebeu um filho na sua velhice e já está no sexto mês,
ela, a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus.” Maria
disse, então: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. E
o anjo retirou-se.
Em toda esta bela cena, Deus é o principal ator: fala
pelo seu anjo, age de modo criador por meio do Espírito, atualiza-se no
“Filho”, que nasce de Maria. Maria é expressão da humildade que se mantém
aberta ao mistério de Deus, é enriquecida pelo mesmo Deus, e concretiza a
esperança de Israel. Isabel terá toda a razão quando proclamar, dirigindo-se a
Maria: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E
donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor?” (Lc 1, 43). O
apelativo “bendita” oferece-nos uma pequena janela que nos permite entrever a
senhoria ou realeza de Maria. De fato, é “Bendito seja o Rei que vem em nome do
Senhor!” (Lc 19, 37) e “Bendito seja o que vem em nome do Senhor! Bendito o
Reino do nosso pai David que está a chegar.” (Mc 11, 9s.). Jesus é o fruto
“bendito” do ventre de Maria. O clarão que ilumina a consciência de Maria
remete para a senhoria do filho concebido por obra do Espírito Santo, e não
tanto para qualquer sua soberania pessoal. Por isso, exulta em Deus, seu salvador
(cf. Lc 1, 46ss.).
Somos chamados a contemplar Aquela que, sentada à
direita do rei dos séculos, resplandece como rainha e intercede por nós como
mãe. A figura da rainha-mãe permanece em muitas culturas populares como
protótipo de solenidade, de senhoria, de cordialidade, de benevolência. O culto
e a própria iconografia representam espontaneamente Maria na postura de uma
rainha, revestida de beleza e de glória, muitas vezes sentada e coroada de
estrelas, feita, ela mesma, trono do filho que tem nos braços, o Menino Jesus.
A liturgia contempla esse ícone de Maria, mãe e rainha. Contempla a ligação de
Maria serva a Senhor Deus como participação na realeza de Cristo. Trata-se de
uma realeza que é serviço, colaboração com Cristo na salvação da humanidade. A
obra de Cristo exigiu a sua morte no Calvário. Junto dele estava a sua mãe. A
realeza de Cristo custou-lhe a Paixão e a Morte. A de Maria custou-lhe as dores
que a Paixão e a Morte de Jesus lhe causaram.
O povo cristão costuma invocar Maria como Rainha da
Paz. Trata-se de uma conotação com o oráculo de Isaías que fala do “príncipe da
paz”. Jesus Cristo é a nossa paz, afirma Paulo (cf. Ef 2, 14). Maria é mãe do
príncipe da paz. O Menino que nasceu para nós é o fruto bendito do ventre de
Maria, é o Senhor, fonte da paz. A paz é sonho e utopia, que convidam ao
acolhimento do Senhor da Paz, Jesus Cristo, filho de Maria. Ela é a Virgem
pacificada e operadora de paz. O sonho e a utopia convidam-nos a acreditar em
Jesus e a realizar obras de paz, que são testamento seu e dom do Espírito.
O privilégio da maternidade divina de Maria, fonte e a
causa das suas grandezas, das suas graças, do seu poder e da sua glória, faz
dela a Rainha de todas as criaturas. Veneremo-la, tenhamos confiança nela,
amemo-la.
No alto cume dos seres,
Rainha e Virgem estás.
Com tal beleza adornada,
imperas sobre as demais.
Na criação resplandeces
como obra-prima criada,
para gerares o Filho
que te criou, destinada.
Rei purpurado no sangue,
no lenho morre Jesus;
com ele a cruz partilhando,
és Mãe dos vivos, na luz.
De tanta graça repleta,
vela por nós, pecadores;
escuta a voz dos teus filhos,
que hoje te cantam louvores.
Louvor ao Pai e ao Paráclito
e glória ao Filho também,
que te vestiram de graça
no Reino eterno. Amém.
Liturgia
das Horas
Sacerdotes
do Coração de Jesus - Dehonianos
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