domingo, agosto 11, 2013

DRA. ZILDA ARNS PODERÁ SER BEATIFICADA; PROCESSO INICIARÁ EM 2015


Por isso mesmo nos ateremos a uma análise do último parágrafo do que deveria ter sido o fecho de sua palestra no Haiti. Esse parágrafo é de uma densidade tal que se constitui num roteiro para os que se propõem a colaborar na construção de uma paz verdadeira. Talvez não seja exagero dizer que Deus a inspirou quando escreveu o parágrafo que segue, para que fosse seu testamento, um legado para todos.

"A construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância e se transforma em fraternidade e responsabilidade social. A paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas do bem comum".
A igreja em ruínas Sacré Coeur de Tugeau, em Porto Príncipe, onde estava a doutora Zilda Arns, no meio do terremoto, da poeira, das ruínas, da dor e do sofrimento, a Cruz permaneceu de pé.

Dra. Zilda Arns Neumann, era médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa, 
organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Dra. Zilda Arns foi representante titular da CNBB, do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Na Pastoral da Criança estima que cerca de 2 milhões de crianças e mais de 80 mil gestantes sejam acompanhadas todos os meses pela entidade em ações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania.

Zilda Arns dedicou-se aos menos favorecidos e mostrou, com seu programa contra a mortalidade infantil, que era possível desenvolver projetos sociais eficazes, fazendo muito com tão pouco.

Em 2004, dra Zilda criou a Pastoral da Pessoa Idosa, hoje integrada por milhares de homens e mulheres com mais de 60 anos de idade, rejuvenescidos por descobrirem que velhice não é doença nem ociosa espera da morte.

Com a mansidão de sua voz e sua clara opção inspirada no Evangelho a Dra. Zilda deixou um legado de extrema atualidade. Ela bem sabia o que acontece com os que constroem sobre a areia. Esse é seu testamento: construir sobre a rocha dos valores que se encontram tão bem expressos no Sermão da Montanha.
O processo de beatificação da médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann será aberto em 2015, anunciou o Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Di Cillo Pagotto, Presidente do Conselho Diretor da Pastoral da Criança, durante o congresso nacional da entidade encerrado no último dia 2, em Aparecida.

Fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, Dra. Zilda morreu em missão, vítima do terremoto que assolou o Haiti, em 2010. O pleito pela beatificação e santificação não pode ser apresentado antes dos primeiros cinco anos de sua morte, esclareceu o bispo que já convidou os participantes do congresso e voluntários de todo o país para a peregrinação a Curitiba, que vai marcar em 2015 a abertura da causa.
A introdução ao processo de beatificação não é tão complicada ou difícil como se pensa, observou Dom Aldo. — Como grupo somos mais de 200 mil voluntários na Pastoral da Criança, além de bispos e padres. Há o desejo de que as virtudes de Dra. Zilda sejam reconhecidas, um pleito que terá fácil aprovação e aplauso, disse ele.

A beatificação é um ato jurídico canônico pelo qual o Papa, pela autoridade que exerce na Igreja, declara beato um servo de Deus que, após sua morte, sempre foi conceituado pela vivência de notáveis virtudes e de uma vida vivida em santidade.
O primeiro passo é postular a Roma para que a Congregação dos Santos receba a petição. Com a autorização da Santa Sé, caberá ao bispo diocesano, no caso Dom Moacyr Vitti, de Curitiba, postular oficialmente o pleito. — Assim, autorizada, começaremos a coletar os testemunhos que são imensos, casos de salvação de vidas e também de todos os ensinamentos, das práticas da Dra. Zilda, explicou Dom Aldo.
Um processo de beatificação ou santificação não tem prazo para conclusão. Para o bispo, o que importa é o gesto de valorização e o reconhecimento de todas as virtudes da médica e o legado deixado para as duas pastorais. Ele lembra que Dra. Zilda, como humanitária – assim como Madre Teresa de Calcutá – concorreu ao Prêmio Nobel da Paz. "O que já é um reconhecimento de dimensão universal"
Nos últimos anos, a Igreja tem declarado muitos santos, personalidades de épocas recentes. A fundadora da Pastoral da Criança poderá ser a santa da modernidade, como o Papa João Paulo II, Giana Beretta Molla, Beato Giorgio Frascatti e outros.

Dra. Zilda enfrentou desafios para combater a desnutrição, salvar vidas e promover a dignidade humana.
— São práticas tão exitosas que hoje consistem em políticas públicas, frisou Dom Aldo, para quem a médica fez extraordinariamente bem o que precisava ser feito.
E acrescentou: — E sua obra tem alcance extraordinário. A metodologia, as práticas simples iniciadas há 30 anos hoje estão em vinte países da América Latina, África e Ásia.
Uma mulher que fazia do seu caminho uma passagem para o caminho dos outros. Uma pessoa com o coração gigante e que deixou não apenas uma história, mas uma série de ensinamentos. (Zilda Arns e o Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales).

Seu objetivo era salvar vidas precocemente ameaçadas pela injustiça da desigualdade social que marca a nossa sociedade. Seu lema, a palavra de Jesus segundo o evangelho de João: “Vim para que todos tenham vida e vida em abundância” (10,10). Soube confiar no saber popular, na eficácia de recursos domésticos e das práticas tradicionais que dispensam compras em farmácias e supermercados. 

Infundiu nos beneficiários e agentes multiplicadores da Pastoral a convicção de que a emancipação da pobreza não reside apenas no poder de consumo, mas sobretudo no dever de solidariedade.

“Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, 
longe dos predadores, das ameaças e dos perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossas crianças como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-las”
Dra Zilda Arns - última palestra que proferiu, junto ao povo sofrido do Haiti.






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