Sugere que eles não podem ser os deuses que dirigem a
nossa vida; e convida-nos a descobrir e a amar esses outros bens que dão
verdadeiro sentido à nossa existência e que nos garantem a vida em plenitude.
Homilia
de Pe Marcos Belizário Ferreira - 18º Domingo do Tempo Comum – Ano C
RICOS PARA DEUS
O autor
do Eclesiastes, um sábio de Israel, coloca a descoberto o fato de que nenhuma
coisa, vista em si mesma, está em condições de dar um sentido à vida, mesmo as
coisas mais sagradas, como o trabalho feito conscienciosamente , a cultura
mais profunda ou o sucesso merecido.
O ser humano está como que “nu” perante a vida que o
persegue de todos os lados com suas lógicas férreas, com a fragilidade, a
velhice e a morte. E o grotesco é que, quando uma pessoa constrói alguma coisa
com esforço e consciência, esta pode ser usufruída por um preguiçoso que o
herda.
Em
hebraico a palavra “vaidade” diz “abél” ( “vazio”, “sopro”), termo que faz
recordar o nome do primeiro filho de Adão e Eva, Abel.
Mesmo a sua curta vida, roubada de modo violento pelas
mãos de Caim, poderia parecer sem sentido... mas Deus tinha apreciado a sua
oferenda!
O que dá
sentido a vida? Responde São Paulo Apóstolo na Segunda Leitura: “Se
ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde
está Cristo, sentado à direita de Deus: aspirai às coisas celestes e não às
coisas terrestres”(Cl 3,1-2).
Façam morrer tudo que há de terreno dentro de vocês:
a imoralidade, a impureza, a paixão, os maus desejos e a cobiça que é uma
idolatria...vocês foram despojados do homem que eram antes e suas obras, e se
revestiram de uma nova natureza. Necessitamos nos ater aos valores evangélicos, para que , avaliando os bens terrenos (“de baixo”), não percamos os eternos
( “do alto”), para entender que as pessoas e a vida são muito mais importantes
que o ter, e que as coisas valem enquanto meios para viverem melhor todos os
filhos de Deus.
A questão que Jesus nos apresenta hoje é ser rico ou
pobre diante de Deus, isto é, a atitude evangélica diante dos bens materiais,
poucos ou muitos, que possuímos. Não coincide o conceito de pobreza/riqueza que
Deus tem e o que nós fazemos comumente.
É pobre diante de Deus aquele que acumula riquezas
para si, fechado aos valores do Reino e à compartilha com os demais; é rico,
ao contrário, aquele que mantém seu coração e sua vida abertos a Deus e sabe
pôr a serviço dos irmãos o pouco ou o muito que tem , sua abundância ou sua
escassez.
Enfim , somos “insensatos' conforme o cálculo de
qualificação de Jesus, cada vez que esquecemos de Deus e de compartilhar com
os demais; cada vez que pensamos em ajuntar para nós mesmos e não ser ricos
diante de Deus que quer a fraternidade,
a justiça e a solidariedade entre os seres humanos. O que podemos levar
para nós senão o que tenhamos investido no amor a Deus e ao próximo?
cf.
Leccionário Comentado Tempo Comum , Giuseppe Casarin, Paulus & Nas Fontes
da Palavra , Leitura e Meditação e Anúncio Ano C , Basílio Caballero , Ed
Santuário .
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