O arcebispo marianense, Dom Luciano Pedro Mendes de
Almeida, é lembrado pela sua grandeza espiritual. Não foi apenas bispo, mas
também companheiro, pastor, irmão de todos, doce e amável no trato. Quem o
conheceu teve dele uma acolhida marcante e ímpar. Dia 27 de agosto
remonta àquele de 6 anos atrás, quando este grande homem despedia-se deste
mundo e adentrava aos céus com as palavras “Deus é bom!”
O “bispo dos pobres” como era comumente chamado viveu
sua fé na radicalidade e por isso se tornou um eco profundo de que se deve
acreditar em Deus e colocar em prática os valores evangélicos. Ele sabia
como ninguém amalgamar a vida e a oração, não apenas em sua expressão verbal ou
declarativa; mas plena na ação real e concreta. Ele soube, em meio às dores
físicas e espirituais, aceitar a cruz por si mesma, pelos outros, pelos
sofredores anônimos que padecem e por isso tocaram com profundidade a alma de
Dom Luciano.
As palavras, os gestos, a vida de Dom Luciano colocam
em xeque as nossas palavras, gestos e a nossa vida. O bispo marianense sofria
de alto senso de dignidade humana, que, muitas vezes, era incompreendido. Ele
sofria com o outro, comportava-se com os outros tratando todos como iguais,
dignos de confiança. Ele via em cada pessoa uma criatura amável e
admirável. Por tudo isso, ele foi deixando um rastro de luz por onde passou.
Em São Paulo teve uma atuação muito importante, especialmente junto às crianças e menores. Ele é um dos iniciadores da Pastoral do Menor no Brasil e marcou muito a arquidiocese de Mariana. O clero e o povo de Mariana têm uma profunda veneração por dom Luciano. Um sinal disso é a visitação de seu tumulo, na cripta da Catedral de Mariana, onde há sempre pessoas em oração.
"Quando encaminhamos o pedido a Santa Sé para a autorização ao início do processo de beatificação, pudemos contar com o apoio de mais de 300 bispos que subscreveram este pedido enviado à Congregação para as causas dos Santos. Estamos aguardando a resposta, sabemos que estes processos caminham muito lentamente". Dom Geraldo Lyrio Rocha
É também neste dia, que nossas memórias se misturam pela lembrança de outra figura singular, Dom Helder Câmara, que foi arcebispo de Olinda e Recife.
É também neste dia, que nossas memórias se misturam pela lembrança de outra figura singular, Dom Helder Câmara, que foi arcebispo de Olinda e Recife.
Ambos, dom Luciano e dom Helder, souberam viver
neste mundo a diaconia cristã, do serviço fraterno, alegre e impetuoso, pois
eram tomados pela fé em Cristo e em seu projeto de salvação.
Na expressão completa de fidelidade ao Evangelho, sabiam que o mundo, sofrido, complexo, pluricultural, midiático e ideário, é espaço absoluto e completo da ação do evangelizador.
Souberam anunciar as verdades da fé cristã no amor ao pobre, ao sofredor, à criança órfã, ao doente abandonado, ao faminto que clamava um pedaço de pão...
Caracterizam estes santos homens a expressão de que
souberam revestir-se de cotidiano as verdades eternas do Reino prometido. Esta
atitude exige ser tomado pela pura humildade na mais completa atitude de ser
servidor, tornando presente o amor de Jesus aos simples e pequenos.
Dom Hélder e Dom Luciano também ensinaram o verdadeiro
significado do amor. Eles não aprenderam a amar nas universidades (Dom Luciano
era jesuíta e Doutor em Filosofia, e Dom Hélder foi formado no rigor
disciplinar da formação lazarista e tinha uma inteligência extraordinária).
Eles aprenderam a amar quando se dispuseram a amar mais as pessoas do que os ofícios que exerciam: despojaram de todo espírito de superioridade e prepotência e revestiram-se do espírito de Cristo. Servindo aos pobres aprenderam a levar uma vida humilde e simples.
Eles aprenderam a amar quando se dispuseram a amar mais as pessoas do que os ofícios que exerciam: despojaram de todo espírito de superioridade e prepotência e revestiram-se do espírito de Cristo. Servindo aos pobres aprenderam a levar uma vida humilde e simples.
Eram profeticamente comprometidos com as causas
dos pobres e com a promoção da justiça e da paz.
No dia 27 de agosto de 1999, aos 90 anos de idade, Dom
Helder entregou-se definitivamente nos braços do Pai. Na mesma data do ano de
2006, aos 75 anos, Dom Luciano viveu a mesma experiência pascal.
O testemunho destes santos Bispos chama a atenção para
a necessidade de a Igreja escutar os profetas, pois sem eles não há profecia e
sem esta não há Reino de Deus. Escutemos, pois, os profetas e convertamo-nos.
CNBB
/ NEWS.VA
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