segunda-feira, fevereiro 08, 2016

V DOMINGO DO TEMPO COMUM





A culpa como tal não é algo inventado pelas religiões . Constitui uma das experiências humanas mais antigas e universais . Antes de aflorar o sentimento religioso pode-se verificar no ser humano essa sensação de “ter falhado” em alguma coisa . O problema não consiste na experiência da culpa, mas na maneira de enfrentá-la .


Existe uma maneira sadia de viver a culpa . A pessoa assume a responsabilidade por seus atos , lamenta o dano que pode ter causado e esforça-se para melhorar no futuro sua conduta . Vivida assim, a experiência da culpa faz parte dos crescimento da pessoa para sua maturidade.





Mas existem também maneiras pouco sadias de viver a culpa . A pessoa se fecha em sua indignidade , fomenta sentimentos infantis de mancha e sujeira, destrói sua autoestima e se anula . O indivíduo se atormenta e se humilha luta consigo mesmo, mas no final de todos os seus esforços não se liberta nem cresce como pessoa.




O próprio do cristão é viver sua experiência de culpa perante um Deus que é amor e somente amor. O crente reconhece que foi infiel a esse amor . Isto dá à sua culpa um peso e uma serenidade absoluta . Mas ao mesmo tempo o liberta do naufrágio , pois sabe que , mesmo sendo pecador , é aceito por Deus: nele pode encontrar sempre a misericórdia que salva de toda indignidade e fracasso.


De acordo com o relato , Pedro, acabrunhado por sua indignidade , se lança aos pés de Jesus , dizendo : “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador.” A resposta de Jesus não podia ser outra : “Não temas”, não tenhas medo de ser pecador e de estar perto de mim. Esta é a sorte do crente: sabe-se pecador, mas sabe-se aos mesmo tempo aceito , compreendido e amado incondicionalmente por esse Deus revelado em Jesus.

Cf: Pagola, José Antonio , O Caminho aberto por Jesus - Lucas, páginas 98-99 , Editora Vozes.