segunda-feira, fevereiro 15, 2016

I DOMINGO DA QUARESMA


Na vida nem tudo é crescer , progredir ou ganhar . Há muitos momentos em que a pessoa pode conhecer a crise , a doença ou o fracasso. Algo se rompe então em nós. Começamos a experimentar a vida como perda, limite ou diminuição. Já não estamos tão seguros de nada . Já não há alegria em nosso coração . Não somos mais  os mesmos . 



Se soubermos agir de maneira humilde e confiante, “perder” pode levar-nos a “ganhar”. Precisamos começar aceitando nossa situação. Não é bom negar o que está acontecendo conosco. É melhor reconhecer nossa limitação e fragilidade. Esse ser frágil e inseguro , pouco acostumado a sofrer, também sou eu. 





A crise nos obriga a perguntar por nossas raízes: qual é a verdade última que nos motiva e inspira? Sobre o que apoiamos realmente nossa vida? Há uma verdade rotineira que nos mantém no dia a dia , mas há uma verdade mais profunda que às vezes só emerge em momentos de crise e debilidade. 





Nós crentes vivemos este processo como uma experiência de salvação. Ali está Deus curando nosso ser. E o melhor sinal de sua presença salvadora é esta alegria humilde que pouco a pouco pode ir despertando em nós. Uma alegria que nasce do núcleo central da pessoa quando ela se abre para Deus. 


Talvez estas experiências possam ajudar-nos a entender essa linguagem difícil de Jesus que, contra toda a lógica de apropriação e segurança , propõe a desapropriação e a perda como caminho para uma vida mais plena: “Se alguém quer salvar sua vida, há de perdê-la ; mas aquele que a perder por mim , há de encontrá-la”(Mt 16,25) . O relato evangélico nos apresenta Jesus como o homem que , no momento da tentação ou da crise, sabe “perder” para “ganhar” a vida. 





Como dito, a Quaresma deste ano de 2016 será marcada pela luz do Ano Santo da Misericórdia. De modo muito particular, a Quaresma é um momento forte e especial na Igreja, no qual somos chamados a refletir sobre a misericórdia divina em nossas vidas. Um momento especial, no qual nós, como cristãos e, principalmente como discípulos e discípulas de Jesus Cristo, somos colocados diante de nossas responsabilidades. A Quaresma é este tempo propício, este tempo de conversão para que nossas responsabilidades sejam assumidas com sempre maior empenho.