quinta-feira, junho 25, 2020

ADORAÇÃO AO SANTÍSSIMO DIA DE NOSSA SENHORA RAINHA DA PAZ

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Orar é realmente necessário? E se eu não orar, vai acontecer algo ruim ou não mudará nada?

Primeiramente, é preciso esclarecer o significado da pergunta. O "para quê" pode significar várias coisas e não é o mesmo que queira dizer "que sentido tem" ou que se pergunte pela sua utilidade imediata. Se buscássemos apenas este último aspecto, de maneira consciente ou inconsciente estaríamos tentando usar Deus para nossos fins, e não deveria surpreender que Deus não se prestasse a este jogo. Deus não é o gênio da lâmpada.

Ao ler o Evangelho, encontramos muitos convites à oração. Um bom exemplo é a primeira metade do capítulo 11 de São Lucas, mas poderíamos mencionar muitos outros textos. É interessante notar que Jesus Cristo não insiste tanto na obrigação da oração, mas sim em sua necessidade.

Uma primeira aproximação da resposta – necessariamente esquematizada, pois o tema é vasto – poderia ser feita levando em consideração os quatro tipos de oração. Assim, veremos que a oração serve para 4 propósitos:

Adoração: reconhecer Deus e sua soberania é algo presente, desde sempre, em todas as religiões.

Agradecimento: está intimamente unido ao anterior. Em justiça, não podemos devolver a Deus o que Ele nos deu (o que, no fundo, engloba tudo, começando pela própria vida), mas sim podemos e devemos agradecer-lhe, especialmente quando, pela fé e pela esperança, sabemos que nos prepara uma vida eterna gloriosa.

Contrição: o filho pródigo da parábola voltou para casa dizendo que havia pecado "contra o céu e contra ti". O "céu" era um dos muitos termos com os quais os judeus se referiam a Deus. Coloca-se em primeiro lugar porque o pecado é sempre uma ofensa a Deus. O arrependimento do pecado – do qual, de uma forma ou de outra, mais ou menos grave, ninguém se livra –, quando é sincero, nos conduz a Deus e se traduz em uma oração de contrição.

Petição: é a mais frequentemente mencionada no Evangelho e, ao mesmo tempo, a mais difícil de explicar, pois é evidente que nem sempre conseguimos o que pedimos. Aqui, é preciso levar em consideração que a hierarquia de valores de Deus nem sempre coincide com a nossa. Muitas vezes queremos (e pedimos) uma vida tranquila e próspera; mas o que Deus quer, em primeiro lugar, e a nossa salvação.

E no que diz respeito à salvação, é onde se pode ver mais claramente a eficácia da oração, bem como as consequências do seu descuido. Um excelente exemplo são as palavras de Cristo em Getsêmani: "Orem para que não caiam em tentação". A história das negações de Pedro provavelmente teria sido diferente se ele tivesse atendido ao pedido do Senhor, ao invés de dormir. De qualquer maneira, outro requisito da boa oração é que seja perseverante, e por isso Deus quer ver a nossa insistência na oração antes de cumprir o que lhe pedimos. Mas, até lá, Ele não fará nada? Claro que fará: dará a ajuda necessária para esta perseverança, que não é pouca coisa.

O Evangelho nos traz o modelo de oração: o Pai-Nosso, pronunciado por Jesus em pessoa, quando lhe pedem que os ensine a orar. As duas primeiras palavras já trazem um diferencial. Em Jesus Cristo, Deus nos faz filhos seus, de maneira que, a partir desse momento, a oração que pede e ensina não é a que se dirige a Deus como criador, como onipotente e como juiz (ainda que tudo isso esteja presente), mas a que se dirige a Deus como Pai.

No Horto das Oliveiras, conhecemos um pouco mais da oração de Jesus. Ele se dirige a Deus Pai como "Abbá". Esta palavra equivale ao nosso "papai", "papaizinho", e não é fácil para um cristão entender até que ponto esse tratamento parecia escandaloso para os judeus – sobretudo para os fariseus.

Assim, a oração se tornou uma conversa filial de quem foi adotado na família divina. Como acontece neste mundo, onde conversar é o prelúdio e a consequência da amizade, a oração está chamada a ser um diálogo com Deus, no qual se forja a principal das virtudes: a caridade, verdadeira amizade com Deus, quem se torna, assim, o ser amado sobre todas as coisas.

A oração é um diálogo no qual tratamos das coisas de Deus e das nossas. À primeira vista, isso poderia parecer impossível. E seria mesmo, se não fosse pela ajuda divina; mas a graça de Deus não nos falta para tornar isso possível. A vida dos santos está repleta desta intimidade com Deus, ainda que não tenham faltado períodos de escuridão e prova.

Além disso, assim como o amor de Deus conduz ao amor ao próximo, também a oração se estende a pedir pelos outros, vivos ou defuntos.

A partir destas reflexões, podemos pensar na pergunta: a oração é realmente necessária para a vida? Depende de que vida estamos falando. Em primeiro lugar, para a vida eterna, para alcançá-la, certamente é. E quanto à vida neste mundo, a necessidade da oração vai depender do tipo que vida que queremos ter.

Se buscamos uma vida digna e virtuosa, podemos concluir que precisamos da oração, pois o ser humano, pelas suas próprias forças, não consegue viver assim. Mas se optamos por outra maneira de viver… talvez não.

E então, acontecerá algo ruim se eu não orar? Depois de mencionar tudo o que podemos obter com a oração, podemos deduzir tudo o que nos faltará se não orarmos!