Pois
bem, com as palmas nas mãos, as pessoas elevam este clamor diante de Jesus, e o
identificam como aquele que vem em nome de Deus. Esta expressão tornou-se, há
muito tempo, a designação da chegada do Messias. Com esta aclamação, o povo reconhece
que Jesus verdadeiramente vem em nome do Senhor e traz a presença de Deus para
junto do homem. Este brado de esperança de Israel, esta aclamação a Jesus
durante o seu ingresso em Jerusalém, tornou-se na Igreja exaltação de todos os
fiéis para aclamar o Cristo presente na Eucaristia, para uma vez mais, estar
conosco. Neste domingo de Ramos, devemos
também reviver, de maneira litúrgica, aquele acontecimento profético. Repetimos
as mesmas palavras pronunciadas pela multidão quando Jesus entrou em Jerusalém.
Seguramos nas mãos os nossos ramos e aclamamos o Cristo que vem.
E
no decorrer da liturgia da Santa Missa, temos ainda o relato da paixão de
Jesus, onde são descritos os sofrimentos que culminaram com a sua morte. O
Domingo de Ramos é a única ocasião, além da Sexta-Feira Santa, em que se lê o
Evangelho da Paixão de Cristo no curso de todo o ano litúrgico. Neste relato, o
evangelista São Mateus, em conformidade com a sua narração, vê na paixão de
Jesus o caminho do justo sofredor e, ao mesmo tempo, o começo de um novo mundo.
Também
o evangelista São Mateus ressalta com insistência em seu evangelho que tudo o
que está acontecendo com Jesus foi previsto pelos profetas. No decorrer da última Ceia, Jesus já havia
dito: “O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele”
(Mt 26,24). O mesmo ocorre quando, no
Jardim das Oliveiras, no momento em que os guardas se aproximam para prender o
Cristo como se fosse um bandido. Neste momento ele diz: “…tudo isto aconteceu
para se cumprir o que os profetas escreveram” (Mt 26,56).
Um
outro ensinamento apresentado pelo evangelista São Mateus está na não
violência, ao narrar a frase de Jesus dirigida a Pedro, que tinha empunhado a
espada para defender o seu Mestre: “Guarda a espada na bainha! Pois todos os
que usam a espada pela espada morrerão” (v. 52). Este acontecimento deixa para
nós mais uma lição do Cristo, pois a sua missão é dar a vida pelo irmão e
jamais agredi-lo.
Em
um mundo que associa às vezes a vingança ou mesmo o ódio e a violência ao nome
de Deus, esta é uma mensagem de grande atualidade e de significado muito
concreto. Na hora da paixão de Jesus, este amor manifesta-se em toda a sua
força. Nos últimos momentos da sua vida terrena, na ceia com os seus amigos,
Jesus diz: “Como o Pai me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor…
Digo-vos isto para que a minha alegria esteja em vós” (Jo 15,9.11). Jesus quer
introduzir os seus discípulos e cada um de nós, pela prática do perdão e do
amor, a uma alegria plena.
Neste
tempo em que celebramos a caminhada de Jesus Cristo na dor e no sofrimento,
possamos também nós nos preparar para celebrar a sua Ressurreição, participar
do amor de Deus que redimiu o mundo e iluminou a história. Saibamos viver este
tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no circuito de
amor, extensivo a cada irmão que encontramos na nossa vida.
Neste
domingo de Ramos, vamos nós também ao encontro de Jesus. Deixemos que ele nos
guie, a fim de aprendermos do próprio Deus o modo reto de ser. É Jesus quem abre o seu coração e nos revela
o fulcro de toda a sua mensagem redentora: “Ninguém tem maior amor do que
aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Ele mesmo amou até entregar
sua vida por nós sobre a cruz. Também
nós devemos seguir esta mesma inspiração. O Senhor conta com cada um de nós e
nos chama de amigos. Só aos que se ama desta maneira é capaz de dar a vida
proporcionada com sua graça. Tenhamos sempre a alegria de caminhar com Jesus,
de estar com Ele e, como Simão de Cirene, o auxiliando a levar a cruz.
Possamos
nestes dias participar das celebrações em espírito e devoção. É um momento propício para avivarmos a fé que
dá sentido a nossa vida e assimilarmos os sentimentos próprios de uma união com
Jesus Cristo. Que a Virgem Maria interceda
sempre por nós e nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que o
devemos contemplar ao pé da cruz, para sermos sempre mensageiros da sua Palavra
e da sua paz. Assim seja.