segunda-feira, fevereiro 04, 2013

“HINO AO AMOR” - SÃO PAULO APÓSTOLO

NO HINO DE SÃO PAULO QUE LEMOS NESTE DOMINGO E QUE É UMA DAS SUAS PÁGINAS MAIS CÉLEBRES, O APÓSTOLO INDICA-NOS “UM CAMINHO SUPERIOR A TODOS OS OUTROS”: NÃO O CAMINHO DO AMOR-PAIXÃO, NÃO O CAMINHO DO AMOR-AMIZADE, MAS O CAMINHO DO AMOR-CARIDADE: O CAMINHO DA ÁGAPE. E PARA FALAR DESTE AMOR, EM VEZ DE DAR DEFINIÇÕES, ELE MOSTRA-O EM AÇÃO E UTILIZA 15 VERBOS: TER PACIÊNCIA, SERVIR, NÃO INVEJAR, NÃO SE VANGLORIAR, NÃO SE ORGULHAR, ETC. ESTE HINO ELEVA-NOS, INFLAMA-NOS

LEITURA II – 1 Cor 12,31-13,13
Leitura da Primeira Epístola de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: 
Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados.
Vou mostrar-vos um caminho de perfeição que ultrapassa tudo: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,
se não tiver caridade, sou como bronze que ressoa ou como címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas,
se não tiver amor, nada sou.
Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos
e entregue o meu corpo para ser queimado,
se não tiver amor, de nada me aproveita.
A amor é paciente, o amor é benigno; não é invejoso, não é altivo nem orgulhoso;
não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O dom da profecia acabará,
o dom das línguas há-de cessar, a ciência desaparecerá; mas o amor não acaba nunca.
De maneira imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito,
o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança.
Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil.
Agora vemos como num espelho e de maneira confusa,
depois, veremos face a face.
Agora, conheço de maneira imperfeita, depois, conhecerei como sou conhecido.
Agora permanecem estas três coisas: a Fé, a Esperança e o Amor; mas a maior de todas é o Amor .
CARITAS – A PRÁTICA DO AMOR
Reconhecendo o desígnio do Pai que, movido pelo amor (o 3, 16) enviou o Filho unigênito ao mundo para redimir o homem. Quando morreu na cruz, Jesus — como indica o evangelista — “entregou o Espírito”  (Jo 19, 30) Desde modo, se atuaria a promessa dos “rios de água viva” que, graças à efusão do Espírito, haviam de emanar do coração dos fiéis. De fato, o Espírito é aquela força interior que harmoniza seus corações com o coração de Cristo e leva-os a amar os irmãos como Ele os amou, quando Se inclinou para lavar os pés dos discípulos e sobretudo quando deu a sua vida por todos.
PAPA BENTO XVI CARTA ENCÍCLICA
DEUS CARITAS EST

O AMOR DE QUE SÃO PAULO FALA É O AMOR (EM GREGO, “ÁGAPE”) TAL COMO ELE É ENTENDIDO PELOS CRISTÃOS: NÃO É O AMOR EGOÍSTA, QUE PROCURA O PRÓPRIO BEM, MAS O AMOR GRATUITO, DESINTERESSADO, SINCERO, FRATERNO, QUE SE PREOCUPA COM O OUTRO, QUE SOFRE PELO OUTRO, QUE PROCURA O BEM DO OUTRO SEM ESPERAR NADA EM TROCA. DESSE TIPO DE RELACIONAMENTO, NASCE A IGREJA – A COMUNIDADE DOS QUE VIVEM O “ÁGAPE”.

EROS, ÁGAPE E PHILIA
Na mística ocidental, tal como na psicologia e em outras ciências laicas, Eros 
(Divindade grega que carrega o nome de uma função psicológica, Eros significa o desejo amoroso.)
foi entendido ora como o desejo amoroso, força organizadora da vida coletiva, ora como figura central da sociedade, intimamente ligada à educação aristocrática, ao ginásio e à palestra, ora uma potência inquietante, que quebra os membros, perturba a razão, paralisa a vontade, ora um deus malicioso que se compraz no jogo do amor, imiscuindo-se na vida das mulheres no gineceu, enredando as intrigas amorosas ou desenredando-as. No campo da teologia, pelo menos na corrente que predominou no universo cultural do Ocidente, a concepção de Eros como força perturbadora, ligada apenas ao sexo entendido genitalmente predominou.

Contribui para isso, certamente, o outro nome dado ao mesmo amor que o cristianismo, notadamente o Novo Testamento, cunhou como a nomeação de Deus por excelência: ágape. O vocábulo grego ágape significa afeição, amor, ternura, dedicação. Seu equivalente latino é caritas, traduzido nas línguas latinas por caridade (charité, caridad, carità) e mesmo nas anglo-saxônicas (charity). Isso tanto em textos estoicos como cristãos. A força de ágape no texto cristão reside sobretudo no fato de ao longo de todo o NT não aparecer a palavra Eros. Aparece philia para designar o amor sobretudo feito de amizade. Mas, ao se tratar do Deus, de Jesus e do amor que devem viver seus discípulos, é ágape que predomina soberanamente. O mesmo ocorre para descrever e exortar os discípulos a imitar e seguir Jesus, e serem imitadores de Deus, que é misericordioso e não faz acepção de pessoas.

Filhos do mesmo Pai, são todos irmãos e portanto o próximo não é somente o que está perto de mim mas o forasteiro, o desconhecido, o estrangeiro, o escravo, o inimigo. Os textos maiores que celebram a ágape cristã são o ‘hino ao amor’ da primeira carta de Paulo aos Coríntios, capítulo 13, e toda a primeira Epístola de João. Portanto, se quisermos aqui definir como se situam Eros e ágape dentro do marco do cristianismo – e, portanto, da teologia cristã – poderíamos encontrar alguns pontos que aparecem nos textos paulino e joanino.

Neles, o específico do amor agápico é seu caráter não provocado ou estimulado. Trata-se de um amor gratuito, independente do valor de seu objeto, desinteressado. Ágape é, pois, o primeiro exemplo de um amor sem apropriação nem cupidez, um amor que nada tem de egocêntrico. A fim de amar alguém agapicamente, não se espera que ele se torne amável ou que nos compraza. Deve-se amá-lo sem condição prévia. E porque se ama assim, cria-se uma abertura em direção a ele ou ela, abertura de certa maneira “pascal”. Abre-se uma “passagem” em direção ao outro ou outra, dá-se um esquecimento de si no outro.

ESSAS SÃO AS VERDADEIRAS NUANCES DO AMOR CRISTÃO, CONSIDERADO O “PURO AMOR”.

DOIS NOMES PARA O AMOR
MARIA CLARA LUCCHETTI BINGEMER –
TEOLOGIA - PUC-RIO
O AMOR – RESPONDE SÃO PAULO – NÃO DESAPARECERÁ NUNCA, NÃO MUDARÁ JAMAIS. ELE É A ÚNICA COISA PERFEITA; POR ISSO PERMANECERÁ SEMPRE.

OS CARISMAS
Como dons do Espírito de Amor, os carismas também são reconhecidos pelo Amor Divino do qual se originam e pelo amor com que são exercidos. O Espírito Santo, “como Amor, é o eterno Dom incriado. Nele está a fonte e o início de toda a boa dádiva para as criaturas”.
Os carismas, são por assim dizer, o Sopro de Deus: “tu ouves a sua voz, mas não sabes nem de onde vem, nem para onde vai” (Jo 3, 8). Pelo serviço dedicado que o carisma realiza para a edificação do povo de Deus, discernimos que o autêntico Sopro de Deus está em ação.
Como é comunhão com a própria vida de Deus, a caridade não é carisma, mas a fonte dos carismas. O amor é “um caminho infinitamente superior” (1Cor 12, 31).
A Igreja sempre ensinou esta diferença: a graça santificadora (gratium faciens) e os carismas (gratiae grátis datae) são vistos em diferenciação, o que São Paulo mostra na Primeira Epístola aos Coríntios na qual coloca a análise do amor, o Hino ao Amor (1Cor 12 e 14). O amor e os carismas não se opõem mutuamente. Assim ele descreve esse relacionamento.
“Procurai o amor, aspirai às manifestações espirituais” (1Cor 14,1)
Em sua rica variedade, os carismas são concedidos “para renovação e maior incremento da Igreja”. Por meio deles, Cristo adorna sua Igreja fazendo-a bela, apresentando-a “a si mesmo e esplêndido, sem mancha nem ruga, nem defeito algum” (Ef 5, 27), preparando-a para as núpcias do Cordeiro. (Ap 19, 7-9).

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA