PAPA FRANCISCO REZA
PELAS VÍTIMAS DO FEROZ ATENTADO EM PARIS - ''VIOLÊNCIA ABOMINÁVEL''
No dia em que a França está de luto nacional, permanece o grosso
mistério sobre os reais responsáveis do atentado à redação da revista satírica
Charlie Hebdo, onde doze pessoas foram mortas.
Na noite de
ontem se entregou o terceiro dos suspeitos do massacre, o jovem de 18 anos
Hamyd Hourad, que teria agido como motorista dos assassinos. O jovem, no
entanto, se diz inocente e, de acordo com algumas testemunhas, na manhã de
ontem, ele estava na escola. Enquanto isso estão na busca dos dois principais suspeitos, os irmãos Cherif e Said Kouachi (o primeiro cunhado de Hourad), que teriam se refugiado em uma casa em Crépy-en-Valois, a 70 km ao nordeste de Paris, onde há uma operação da polícia especial.
Torre Eiffel apaga luz em sinal de luto |
Os dois irmãos Kouachi - veteranos da Síria e um deles, Cherif, já conhecido da justiça francesa por atividades terroristas – teriam abandonado os seus carros durante a fuga, não antes de ter assaltado e roubado um posto de gasolina: a vítima do roubo disse ter visto dentro do carro algumas armas, incluindo metralhadoras e lançadores de foguetes. Após o abandono, no veículo foram encontrados coquetéis molotov e uma bandeira jihadista.
Primeiro-ministro da França, Manuel Valls (à dir.) conversa com membros da Cruz Vermelha em frente ao local do atentado |
Enquanto isso, o Conseil
français du culte musulman chamou “os imãs de todas as mesquitas" do
País para "condenar com a máxima firmeza a violência e o terrorismo”,
durante a oração da sexta-feira, para guardar um minuto de silêncio pelas
vítimas e participar no próximo domingo da grande manifestação nacional contra
o terrorismo.
Numerosas condenações dos líderes muçulmanos a nível internacional. Al Azhar, a mais alta instituição religiosa no Egito, falou de "criminoso ataque armado”, recordando que o Islã “denuncia qualquer violência".
O filósofo Tariq Ramadan, neto do fundador da Irmandade Muçulmana, Hassan al-Banna, disse: "A minha condenação é absoluta e a minha raiva é profunda com relação a este horror”, acrescentando que o massacre na redação de Charlie Hebdo, de fato, não “vingou” o profeta Maomé, mas foram os “princípios e valores islâmicos” que foram “traídos e desonrados”.
Por sua parte, o secretário da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, “condenou veementemente o ataque terrorista".
Presidente da França, Francois Hollande, chega ao local do atentado sob forte esquema de segurança |
Em uma
declaração conjunta, co-assinada pelo cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do
Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, quatro imanes franceses,
presentes ontem na audiência geral do Papa, pediram para que se promova por
todos os meios “uma cultura de paz e esperança", capaz de superar o medo e
de construir pontes entre as pessoas.
Os Imanes e
prelado, pedindo para os meios de comunicação difundirem uma informação
respeitosa das religiões, relançaram o diálogo inter-religioso como o único
caminho para superar os preconceitos.
À margem da sua reunião no Vaticano com o Papa Francisco, o reitor da Mesquita de Villerubanne, disse à edição francesa de ZENIT para continuar, apesar de tudo, a proteger o "sonho" de que "o sacerdote na sua igreja, o rabino na sua sinagoga e o imã em sua mesquita” sejam “capazes de ensinar aos nossos compatriotas e fieis” a “respeitar o amor, os sentimentos, a complexidade daqueles que não são como nós, que não compartilham a mesma fé, a mesma espiritualidade, mas com quem temos que construir o nosso futuro, porque moramos na mesma França e na mesma Europa”.
Na Itália se
destaca a condenação da União das Comunidades Islâmicas Italianas (UCOII), que
definiu os terroristas como “demônios criminosos perfeitamente treinados e
cruéis".
"Nós não
temos necessidade de nos dissociar - o UCOII declaração - nada como esta
prática criminosa é alheio a nossa religião e nossa ética e pratica civis e
ainda queremos expressar, além da consternação, pêsames e proximidade às
famílias das vítimas, até mesmo a nossa raiva contra qualquer pessoa que tenha
planejado e realizado este ato criminoso sangrento".
O UCOII espera,
finalmente, que "os muitos milhões de muçulmanos da França e da Europa não
sofram mais uma criminalização injusta e que quanto antes se esclareça esta
dramática história".
ZENIT/NEWS.VA
--