O Evangelho deste domingo diz-nos, antes de
mais, o que é ser cristão…
A identidade cristã não está na simples pertença jurídica a uma instituição chamada “Igreja”, nem na recepção de
determinados sacramentos, nem na militância em certos movimentos eclesiais, nem na observância de certas regras de comportamento dito “cristão”… O cristão é, simplesmente, aquele que acolheu o chamamento de Deus para seguir Jesus Cristo.
O que é, em concreto, seguir Jesus? É ver n’Ele o Messias libertador com uma proposta de vida verdadeira e eterna, aceitar tornar-se seu discípulo, segui-l’O no caminho do amor, da entrega, da doação da vida, aceitar o desafio de entrar na sua casa e de viver em comunhão com Ele.
O nosso texto sugere também que essa adesão só pode ser radical e absoluta,
sem meias tintas nem hesitações. Os dois primeiros discípulos não discutiram o
“ordenado” que iam ganhar, se a
aventura tinha futuro ou se estava condenada ao fracasso, se o abandono de um mestre para seguir outro representava uma
promoção ou uma
despromoção, se o que deixavam para trás era importante ou não era importante; simplesmente “seguiram Jesus”, sem garantias, sem condições, sem explicações supérfluas, sem “seguros de vida”, sem se preocuparem em salvaguardar o futuro se a aventura não desse certo. A aventura da vocação é sempre um salto, decidido e sereno, para os braços de Deus.
A história da vocação de André e do outro discípulo (despertos por João Batista para a presença do Messias) mostra, ainda, a importância do papel dos irmãos da nossa comunidade na nossa própria descoberta de Jesus. A comunidade ajuda-nos a tomar consciência desse Jesus que passa e aponta-nos o caminho do seguimento.
Os
desafios de Deus ecoam, tantas vezes, na nossa vida através dos irmãos que nos
rodeiam, das suas indicações, da partilha que eles fazem connosco e que dispõe
o nosso coração para reconhecer Jesus e para O seguir.
É na escuta dos nossos irmãos que encontramos, tantas vezes, as propostas que o próprio Deus nos apresenta.
O encontro com Jesus nunca é um caminho fechado, pessoal e sem consequências comunitárias… Mas é um caminho que tem de me levar ao encontro dos irmãos e que deve tornar-se, em qualquer tempo e em qualquer circunstância, anúncio e testemunho.
Quem experimenta a vida e a liberdade que Cristo oferece, não pode calar essa descoberta; mas deve sentir a necessidade de a partilhar com os outros, a fim de que também eles possam encontrar o verdadeiro sentido para a sua existência.
“Encontramos o Messias”
deve ser o anúncio jubiloso de quem fez uma verdadeira experiência
de vida nova e verdadeira e anseia por levar os irmãos a uma descoberta semelhante.
João Batista nunca procurou apontar os holofotes para a sua própria pessoa e
criar um grupo de adeptos ou seguidores que satisfizessem a sua vaidade ou a
sua ânsia de protagonismo… A sua preocupação foi apenas preparar o coração dos
seus concidadãos para acolher Jesus.
Depois, retirou-se discretamente para a sombra, deixando que os projetos de Deus seguissem o seu curso.
Ele ensina-nos
a nunca nos tornarmos protagonistas ou a atrair sobre nós as atenções; ele
ensina-nos a sermos testemunhas de Jesus, não de nós próprios.
cf. Portal dos
Dehonianos