sábado, dezembro 05, 2015

ANO DA MISERICÓRDIA, II DOMINGO DO ADVENTO



Profecia de tempos novos e acolhimento

A Palavra deste Domingo coloca em destaque a Salvação que Deus nos oferece em Jesus Cristo. Isso aparece, inicialmente, na promessa da libertação do povo, como ouvimos na profecia de Baruc, na 1ª leitura, e como cantamos em forma de ação de graças, no salmo responsorial. A promessa está presente, ainda mais, na proposta de Paulo, convidando-nos a um estilo de vida iluminado pelo Evangelho. Considerando estes elementos de libertação, de ação de graças e de estilo de vida, podemos compreender que a realização da vida humana e a mudança da vida social acontecem à medida que se aceita os valores do Evangelho, na vida pessoal e nas relações sociais. Mas, de outro lado, isso nos ajuda a entender que a Salvação não é conquista nossa. É graça. Quer dizer: quem nos salva é Deus, porque ele é bom, porque ele é misericordioso. Daqui a dois dias, iniciaremos o Ano Santo da Misericórdia e nossa preparação imediata, que fazemos nesta celebração, contempla a bondade divina oferecendo-nos a sua Salvação, ofertando-nos a possibilidade de vivermos em comunhão com ele, porque é eterna é a sua misericórdia. 


O caminho da misericórdia

O Ano Santo da Misericórdia, que iniciaremos na próxima terça-feira, além de ser uma celebração de ação de graças pela bondade misericordiosa de Deus, é também uma proposta de vida nova. Proposta para se viver de modo diferente, com relacionamentos mais fraternos, marcados pela misericórdia divina. Para isso, existe a necessidade de se entrar num processo de conversão, que a pregação de João Batista identifica com a construção de novas estradas. Se em nossa sociedade, como rezávamos no ato penitencial, reconhecemos que existem estradas que favorecem a violência, a ganância, a corrupção (que tanto machuca o povo brasileiro, neste momento), podemos reconhecer também a necessidade de estradas novas e diferentes. Estradas marcadas por relacionamentos misericordiosos; estradas que conduzem ao encontro de quem vive miseravelmente a sua vida. Estradas, como bem ilustra o ícone do Ano Santo da Misericórdia, que nos ajude a erguer quem sofre e vive marginalizado na vida.



Misericórdia e relacionamento cristão 

Mas, o que significa ter um coração misericordioso? O que significa, além disso, ser misericordioso como Deus é misericordioso? Vamos responder considerando, inicialmente, a palavra misericórdia. É uma palavra formada por duas outras palavras latinas: “miseri” e “cor”. “Miseri”, em latim, significa miserável, aquela pessoa que está padecendo em algum sofrimento, seja físico, moral, psicológico, econômico... Já a palavra “cor” significa “coração”. Unindo as duas palavras latinas, entendemos que a misericórdia é ir ao encontro de quem sofre com um coração compassivo e compreensivo. Quando a Bíblia pede que sejamos misericordiosos como Deus é misericordioso, está dizendo que o modo de ir ao encontro do miserável é com o mesmo coração misericordioso de Deus. Um coração capaz de se relacionar com quem sofre para levantá-lo, para animá-lo a viver, para suportar com o outro as fraquezas da vida. Esta é a proposta do Ano Santo da Misericórdia que iremos iniciar na próxima terça-feira. Uma proposta que nos provocará a considerar se nossos relacionamentos com os outros são misericordiosos, como são os relacionamentos divinos para conosco.



Relacionamentos fraternos

A Palavra que acabamos de ouvir, hoje, pede a conversão, a mudança de estradas, a mudança de estilo de vida. No contexto do Ano da Misericórdia, esta conversão se apresenta a nós em forma de relacionamentos mais fraternos, mais misericordiosos. Isto significa que a conversão a Deus passa pela fraternidade. A conversão que nos pede João Batista não é feita somente para Deus. Ela considera também o irmão. É desta forma, como diz Paulo, na 2ª leitura, que crescemos na fé, que somos capazes de viver tendo como centro da vida o próprio Jesus Cristo que nos inspira o serviço fraterno com a qualidade de um serviço misericordioso. Um serviço feito com os mesmos sentimentos do Coração de Deus. A conversão não é egoísta, como se fosse a busca ou a conquista da salvação própria. A conversão é sempre fraterna porque leva, ou procura levar, o irmão consigo para Deus, para caminhar nos caminhos de Deus. Deus, que coloca no nosso coração a graça da conversão e do crescimento no amor, pede que sejamos misericordiosos, como ele é misericordioso. Este é um objetivo concreto da conversão, o meio mais eficaz de nos preparar para irmos ao encontro do Senhor. Amém!

Fonte: Serginho Valle liturgia.pro