segunda-feira, novembro 07, 2016

SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS E SANTAS



Ano Santo da Misericórdia

Estamos vivendo as últimas semanas do Ano Santo da Misericórdia, que se encerrará daqui a dois Domingos, na celebração de Cristo Rei. Neste tempo do Ano Santo da Misericórdia, tivemos a graça de meditar, refletir e aprender o que significa misericórdia. Compreendemos que a misericórdia não é um sentimento de pena para com quem sofre, como diz o vocabulário do povo, mas é uma atitude. A misericórdia nasce, sim, de um sentimento de compaixão, da capacidade de sentir aquilo que o outro sente, de ver com os olhos e de sentir no próprio coração aquilo que o outro está sofrendo. Mas, a pessoa misericordiosa não pára no sentimento que desperta emoção. Assume uma atitude diante do sofrimento do outro. Como fez o Bom Samaritano, aproxima-se do sofredor, seja que sofra no corpo ou no espírito; aproxima-se e toma atitude. Procura fazer alguma coisa para aliviar sua dor e tirar dele o sofrimento. A misericórdia nunca pára no sentimento, mas sempre se concretiza em atitudes a favor do miserável que, repito, pode ser no corpo como no espírito. 


Bem-aventurados os misericordiosos

No Evangelho das bem-aventuranças, que acabamos de ouvir, Jesus declara que os misericordiosos são bem-aventurados. É uma bem-aventurança que, de algum modo atrai algo para si próprio. Quer dizer, os misericordiosos atraem a misericórdia divina para suas vidas. Assim, o misericordioso nunca está sozinho, porque agindo de modo misericordioso, sente a misericórdia divina em sua vida. Outra passagem que ficou muito marcada neste Ano Santo da Misericórdia foi o lema escolhido por Papa Francisco: “sede misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc 6,36). É uma proposta divina que nos conduz à divinização ou, como chamamos em nossos dias, nos conduz à santificação. De fato, este convite para se tornar misericordioso como Pai é misericordioso, desdobra-se também no convite de Jesus: “sede santos porque o vosso Pai é santo”(Mt 5,48). Em outras palavras a santidade é o acolhimento da misericórdia divina na vida humana e a partilha desta mesma misericórdia através de uma vida fraterna; de uma vida vivenciada na fraternidade. Nós nos tornamos santos e santas na medida que praticarmos concretamente obras de misericórdia. 


A santidade alimenta-se da misericórdia

A santidade daqueles que já vivem na glória de Deus, os santos e santas, alimentou-se da misericórdia divina. Da mesma forma, nós nos santificamos alimentando-nos com a misericórdia divina em nossas vidas, para que possamos ter relacionamentos misericordiosos para com todos. A misericórdia sempre atrai misericórdia, diz a bem-aventurança sobre a misericórdia. É a única bem-aventurança que se faz reflexo de si mesma, atraindo o amor misericordioso de Deus para alimentar seus filhos e filhas, como dizia Paulo, na 2ª leitura, a serem também eles misericordiosos. É deste modo e desta forma que os santos e as santas se santificaram em todos os tempos da história da Igreja. Exemplo recente disto foi a canonização de Madre Teresa de Calcutá. Uma santa que viajou em nossas estradas, em nossos aviões, pisou em nosso Brasil... ela se santificou sendo uma mulher misericordiosa; foi santificada, quer dizer, participava da santidade divina entre nós, sendo misericordiosa com todos, especialmente com os últimos entre os últimos, com os descartados sociais, no dizer de Papa Francisco. 


Somos chamados a ser santos

Por fim, a santidade como vocação. É um tema que todos conhecemos, mas que precisa ser recordado de tempos em tempos. Cada um de nós que se encontra aqui, celebrando a solenidade de todos os Santos e Santas, somos vocacionados, chamados a ser santos e santas. Não aquele santo e santa que se distingue por coisas extraordinárias, mas aquele que vive da misericórdia divina, fazendo-se misericordioso com todos, tornando-se misericordiosa com todos com os quais se relaciona, praticando obras de misericórdia. Todos somos chamados a ter o mesmo destino daqueles assinalados que estão de pé diante do Cordeiro vitorioso, como ouvíamos na 1ª leitura. A santidade não é para alguns, é para cada um de nós. É para mim, é para você. Nosso destino é o céu, nossa estrada é a terra, nosso modo de viver a santidade que recebemos no Batismo é pela misericórdia; nossa realização pessoal é tornar-se santo e santa. Amém!


Ao celebrar todos os Santos e Santas de Deus, a Igreja nos convida à santidade. Isto significa acolher a Misericórdia do Pai, superar o pecado e se tornar anunciador do Reino de Deus. Esta vida nova começa no Batismo e é amadurecida a cada dia.