A
ressurreição é, no entanto, a esperança que dá sentido a toda a caminhada do
cristão. A fé cristã torna a esperança da ressurreição uma certeza absoluta,
pois Cristo ressuscitou e quem se identifica com Cristo nascerá com Ele para a
vida nova e definitiva. A nossa vida presente deve ser, pois, uma caminhada
tranquila, confiante, alegre - ainda quando feita no sofrimento e na dor - em
direção a essa nova realidade.
A
ressurreição não é a revivificação dos nossos corpos e a continuação da vida
que vivemos neste mundo; mas é a passagem para uma vida nova onde, sem
deixarmos de ser nós próprios, seremos totalmente outros... É a plenitude de
todas as nossas capacidades, a meta final do nosso crescimento, a realização da
utopia da vida plena. Sendo assim, há alguma razão para temermos a morte ou para
vermos nela algo que nos priva de alguma coisa importante (nomeadamente a
relação com aqueles que amamos)?
A
certeza da ressurreição não deve ser, apenas, uma realidade que esperamos; mas
deve ser uma realidade que influencia, desde já, a nossa existência terrena. É
o horizonte da ressurreição que deve influenciar as nossas opções, os nossos
valores, as nossas atitudes; é a certeza da ressurreição que nos dá a coragem
de enfrentar as forças da morte que dominam o mundo, de forma a que o novo céu
e a nova terra que nos esperam comecem a desenhar-se desde já.
Temos
de ter muito cuidado com a forma como falamos da ressurreição aos homens do
nosso tempo, pois podemos pensá-la, explicá-la e projetá-la à luz da nossa vida
atual e corremos sérios riscos de nos tornarmos ridículos. O que podemos fazer
é afirmar a nossa certeza na ressurreição; depois, temos de confessar a nossa
incapacidade de conceber e de explicar esse mundo novo que nos espera (como a
criança no seio da mãe não compreende nem sabe explicar a vida que a espera no
mundo exterior).