WhatsApp da Paróquia
21 99736 - 7013
O
tempo da quaresma como renovação da vida cristã, nos convida a reencontrar o
nosso verdadeiro rosto cristão através da oração e da caridade, a fim de
modelarmos nossa imagem àquela de Cristo. Deste modo, poderemos viver uma
comunhão mais profunda no mistério da Morte e Ressurreição de Cristo. É tempo
de percorrermos o itinerário batismal de penitência e conversão. Tempo
liturgicamente forte de mudança de vida, que nos insere ainda mais neste
Mistério. Os quarenta dias de “deserto” é tempo de graça e de benção, marcado
pela escuta da Palavra de Deus e da reconciliação com Deus e com os irmãos. É
um tempo em que a Igreja, com amorosa insistência, nos chama à mudança de vida.
Tempo de oração, jejum, de partilha e de gestos solidários em que direcionamos
a misericórdia de Deus aos mais necessitados.
Para
nós cristãos, todos os dias deste tempo rico nos anima e faz com que olhemos
mais de perto a nossa vida e a nossa condição. A conversão é um processo
permanente, tanto em nível pessoal quanto social. Por isso, conversão significa
uma mudança de sentido ou de rumo. Acreditamos que nunca é tarde para optar
pelo bem e abandonar o mal, pois Deus, no seu amor infinito e misericordioso,
está sempre pronto a nos acolher e abraçar. Nosso itinerário é sempre o de
retorno ao primeiro amor e à fonte de todo bem e de toda graça. Esta é a razão
pela qual repetiremos, incansavelmente, neste recolhimento espiritual, a
célebre passagem bíblica: “É agora o momento favorável, é agora o dia da
salvação” (2Cor 6, 2).
A
mensagem do Papa Francisco para a quaresma deste ano será de grande contribuição
para percorrermos este itinerário: “O Senhor concede-nos também neste ano, um
tempo propício para nos prepararmos para celebrar, de coração renovado, o
grande mistério da morte e ressurreição de Jesus, cerne da vida cristã pessoal
e comunitária. Com a mente e o coração, devemos voltar continuamente a este
Mistério. Com efeito, o mesmo não cessa de crescer em nós na medida em que nos
deixarmos envolver pelo seu dinamismo espiritual e aderirmos a ele com uma
resposta livre e generosa. Por isso, neste tempo favorável, deixemo-nos
conduzir como Israel ao deserto, para podermos finalmente ouvir a voz do nosso
Esposo, deixando-a ressoar em nós com maior profundidade e disponibilidade.
Portanto, não deixemos passar em vão este tempo de graça, na presunçosa ilusão
de sermos nós o dono dos tempos e modos da nossa conversão”.
E
para isso, a Igreja do Brasil, iluminada pelo Espírito Santo e atenta à realidade
em que vivemos, nos propõe neste ano um tema desafiador para nossa caminhada de
conversão: Fraternidade e vida: Dom e compromisso; e como lema: “Viu, sentiu
compaixão e cuidou dele” (Jo 10, 33-34). Ela recorda que não devemos separar o
caminho da conversão do serviço aos irmãos e irmãs. A vida é dom e compromisso.
Não se pode viver a vida com indiferentismo no tocante às dores de tantos
irmãos e irmãs. Neste sentido, a Santa Dulce dos pobres, foi um exemplo para
todos nós, pois soube viver e testemunhar o amor de Deus pelos pobres e
sofredores; lutando pela vida e dignidade de cada pessoa (CF, texto-base, p.
9). “A misericórdia, diante de uma vida humana em situação de necessidade, é a
verdadeira face do amor” (Papa Francisco, Angelus. 08/08/2019). Jesus será
sempre a referência do bom samaritano que se aproxima dos homens e mulheres que
sofrem, a fim de restituir-lhes a dignidade perdida e, assim, vencermos o
crescimento da indiferença no mundo.
A
Campanha da Fraternidade nos apresenta também quatro propostas de programa quaresmal,
a saber: 1) escuta da Palavra que converte o coração; 2) verdadeira atenção
pelos outros; 3) romper com a indiferença frente ao sofrimento; 4) disponibilidade
para o serviço. Estas quatro propostas nos responsabilizam ainda mais sobre o
direito e a defesa da vida em todas as suas fases, do nascimento até a sua
morte natural. Cristo é sempre o melhor caminho de uma vida nova. Ele mesmo se
revela para nós como caminho, verdade e vida! (Jo 14, 6).
Por
fim, o objetivo da Igreja com o referido tema da Campanha da Fraternidade, é o
de chamar a atenção para os desafios e problemas referentes à vida e à
violência; suas causas e possíveis caminhos de superação, sempre à luz da Fé.
Sejamos arautos da paz e construtores da civilização do amor e de um mundo
novo, sendo a voz da verdade e da liberdade. A vida deve ser dom de Deus e
compromisso na sua preservação. Digamos “não” à cultura da violência e da
morte. Que o Deus da paz e da vida abençoe a todos. Uma frutuosa Quaresma a
toda nossa comunidade diocesana.
Com
benção paternal,
D.
Pedro Cunha Cruz
Bispo
diocesano da Campanha-MG