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Semana
próxima é a Semana Santa, na qual contemplaremos os sofrimentos de Jesus Cristo
e o mistério da sua Cruz, dando-nos o sentido do sofrimento em nossa vida.
Parece um paradoxo, uma contradição: somos feitos para a felicidade e nos
defrontamos com a cruz. Mas o paradoxo assim se soluciona: na cruz de Jesus
Cristo, mistério de amor pela humanidade.
Em
contraposição a certas teologias da prosperidade e da saúde, onde a religião
fica sendo unicamente um meio de fugir da cruz, a Igreja nos propõe a
verdadeira Teologia da Cruz.
O
Papa São João Paulo II, na sua Carta Apostólica Salvifici doloris, explica-nos
que o sofrimento pertence à vicissitude histórica do homem, que deve aprender a
aceita-lo e supera-lo, e explica: “Mas como pode ele aceitar isto, senão graças
à cruz de Cristo? Na morte e ressurreição do Redentor o sofrimento humano encontra
o seu significado mais profundo e o seu valor salvífico. Todo o peso de
tribulações e sofrimentos da humanidade está condensado no mistério de um Deus
que, assumindo a nossa natureza humana, se anulou até se fazer ‘pecado em nosso
favor’ (2 Cor 5, 21). No Gólgota Ele carregou as culpas de todas as criaturas
humanas e, na solidão do abandono, gritou ao Pai: ‘Por que Me abandonaste?’ (Mt
27, 46)”.
“Do paradoxo da Cruz surge a resposta às
nossas interrogações mais inquietantes. Cristo sofre por nós: Ele assume sobre
si os sofrimentos de todos e redime-os. Cristo sofre conosco, dando-nos a
possibilidade de partilhar com Ele os nossos sofrimentos. Juntamente com o de
Cristo, o sofrimento humano torna-se meio de salvação. Eis por que o crente
pode dizer com São Paulo: ‘Agora alegro-me nos sofrimentos que suporto por vós
e completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, pelo seu Corpo,
que é a Igreja’ (Cl 1, 24). O sofrimento, aceito com fé, torna-se a porta para
entrar no mistério do sofrimento redentor do Senhor. Um sofrimento que já não
priva da paz e da felicidade, porque é iluminada pelo esplendor da
ressurreição.”
E
temos a exortação do Papa Francisco: “Fixa os braços abertos de Cristo
crucificado, deixa-te salvar sempre de novo. E quando te aproximares para
confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia que te liberta de
toda a culpa. Contempla o seu sangue derramado pelo grande amor que te tem e
deixa-te purificar por ele. Assim, poderás renascer sempre de novo. A Páscoa de
Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do Espírito Santo é sempre
atual e permite-nos contemplar e tocar com fé a carne de Cristo em tantas
pessoas que sofrem”.
“Colocar
o Mistério pascal no centro da vida significa sentir compaixão pelas chagas de
Cristo crucificado presentes nas inúmeras vítimas inocentes das guerras, das
prepotências contra a vida desde a do nascituro até à do idoso, das variadas
formas de violência, dos desastres ambientais, da iníqua distribuição dos bens
da terra, do tráfico de seres humanos em todas as suas formas e da sede
desenfreada de lucro, que é uma forma de idolatria”.