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Um
dado cronológico e a atitude de duas mulheres dão início à narrativa da
Ressurreição do Senhor. O sábado lembra o descanso de Deus após a obra da
criação e, agora, indica o dia que antecede e prepara a recriação de todas as
coisas: o amanhecer do primeiro dia da semana. Por isso, o domingo é celebrado,
por nós cristãos, como o dia do Senhor. O dia que o Senhor fez para nós como
momento de alegria e de exultação, pois a morte foi vencida.
Ao
lado desses dois elementos, a natureza se manifesta, exatamente para sinalizar
que a nova criação teve início: houve um grande tremor de terra. Não é uma
catástrofe, mas é a forma de indicar que a natureza teve o seu papel na
ressurreição, pois o tremor abriu o sepulcro. Ao lado da natureza visível,
encontra-se a manifestação do invisível através do anjo do Senhor. Esta figura,
no Antigo Testamento, ora é um enviado de Deus, ora é o próprio Deus. Antes que
detalhes fossem dados sobre ele, quatro ações foram realizadas por ele: desceu
do céu, pois a boa nova da ressurreição está em paralelo com a boa nova da
anunciação; aproximou- se, pois a distância entre o céu e a terra já não
existem mais; retirou a pedra, pois as cadeias da morte foram removidas; e sentou-se
nela, pois a vida está acima da morte.
Os detalhes sobre a aparência do anjo lembram
a descrição de Jesus transfigurado e a atitude dos soldados lembra a atitude
dos discípulos diante da teofania na transfiguração. A missão do anjo é
comunicar uma mensagem da parte de Deus. As mulheres, após serem acalmadas: não
tenhais medo, são as primeiras a ouvir a grande notícia que é dada no contexto
da ação delas. Elas vieram procurar o crucificado, mas o anjo lhes anunciou o
ressuscitado. Para que cressem, sinais foram lembrados. O primeiro é a promessa
do próprio Jesus: como havia dito. O segundo é o sepulcro vazio. De
destinatárias da mensagem passam a anunciadoras da boa nova: Ide depressa
contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente
para a Galileia. Lá vós o vereis. Esta é a missão do anjo: É o que tenho a
dizer-vos. Assim, o que veio do céu, pela voz do anjo, deve-se espalhar na
terra pela voz das discípulas.
Como
narrar a euforia dessas mulheres? Nada mais justo do que uma mistura de
sentimentos:
As
mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com
grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. Constata-se a obediência. O
sepulcro, ponto de chegada delas, em sua tristeza, tornou-se o ponto de partida
da feliz mensagem.
O
melhor, porém, ainda estava por vir, pois o próprio Jesus Ressuscitado veio ao
encontro delas. É o Senhor que recompensa os seus servos e não se deixa vencer
em generosidade. Ele muda a tristeza em alegria e o medo em confiança. Por
isso, as mulheres se aproximaram e prostraram-se diante de Jesus, abraçando
seus pés. É o gesto do discípulo que se torna missionário e arauto da boa nova.
Jesus Ressuscitado apareceu para elas a fim de que tivessem a coragem de
enfrentar os discípulos com a força da própria experiência de fé. Confirma-se a
mensagem do anjo: ele vai à vossa frente para a Galileia.
Assim,
as mulheres foram alcançadas por Jesus no meio do caminho. Além disso, há um
detalhe: a mudança de discípulos para irmãos. Volta-se para a Galileia, para o
lugar onde tudo começou e para que tudo possa recomeçar a partir do local que
se tornou experiência de fé: Lá eles me verão.