segunda-feira, abril 13, 2020

VIGÍLIA DA PÁSCOA

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Um dado cronológico e a atitude de duas mulheres dão início à narrativa da Ressurreição do Senhor. O sábado lembra o descanso de Deus após a obra da criação e, agora, indica o dia que antecede e prepara a recriação de todas as coisas: o amanhecer do primeiro dia da semana. Por isso, o domingo é celebrado, por nós cristãos, como o dia do Senhor. O dia que o Senhor fez para nós como momento de alegria e de exultação, pois a morte foi vencida.

Ao lado desses dois elementos, a natureza se manifesta, exatamente para sinalizar que a nova criação teve início: houve um grande tremor de terra. Não é uma catástrofe, mas é a forma de indicar que a natureza teve o seu papel na ressurreição, pois o tremor abriu o sepulcro. Ao lado da natureza visível, encontra-se a manifestação do invisível através do anjo do Senhor. Esta figura, no Antigo Testamento, ora é um enviado de Deus, ora é o próprio Deus. Antes que detalhes fossem dados sobre ele, quatro ações foram realizadas por ele: desceu do céu, pois a boa nova da ressurreição está em paralelo com a boa nova da anunciação; aproximou- se, pois a distância entre o céu e a terra já não existem mais; retirou a pedra, pois as cadeias da morte foram removidas; e sentou-se nela, pois a vida está acima da morte.
 Os detalhes sobre a aparência do anjo lembram a descrição de Jesus transfigurado e a atitude dos soldados lembra a atitude dos discípulos diante da teofania na transfiguração. A missão do anjo é comunicar uma mensagem da parte de Deus. As mulheres, após serem acalmadas: não tenhais medo, são as primeiras a ouvir a grande notícia que é dada no contexto da ação delas. Elas vieram procurar o crucificado, mas o anjo lhes anunciou o ressuscitado. Para que cressem, sinais foram lembrados. O primeiro é a promessa do próprio Jesus: como havia dito. O segundo é o sepulcro vazio. De destinatárias da mensagem passam a anunciadoras da boa nova: Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá vós o vereis. Esta é a missão do anjo: É o que tenho a dizer-vos. Assim, o que veio do céu, pela voz do anjo, deve-se espalhar na terra pela voz das discípulas.

Como narrar a euforia dessas mulheres? Nada mais justo do que uma mistura de sentimentos:
As mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. Constata-se a obediência. O sepulcro, ponto de chegada delas, em sua tristeza, tornou-se o ponto de partida da feliz mensagem.

O melhor, porém, ainda estava por vir, pois o próprio Jesus Ressuscitado veio ao encontro delas. É o Senhor que recompensa os seus servos e não se deixa vencer em generosidade. Ele muda a tristeza em alegria e o medo em confiança. Por isso, as mulheres se aproximaram e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. É o gesto do discípulo que se torna missionário e arauto da boa nova. Jesus Ressuscitado apareceu para elas a fim de que tivessem a coragem de enfrentar os discípulos com a força da própria experiência de fé. Confirma-se a mensagem do anjo: ele vai à vossa frente para a Galileia.

Assim, as mulheres foram alcançadas por Jesus no meio do caminho. Além disso, há um detalhe: a mudança de discípulos para irmãos. Volta-se para a Galileia, para o lugar onde tudo começou e para que tudo possa recomeçar a partir do local que se tornou experiência de fé: Lá eles me verão.