sábado, julho 25, 2020

TERÇO E MISSA DA MISERICÓRDIA

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Considerar que, nas relações do homem com Deus, é o homem que tem a iniciativa. Pelo contrário, a vida religiosa está, por assim dizer, acima do "eu": "Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim." (v. 20). Não se trata de nenhuma substituição. Paulo não está fazendo antropologia, mas expondo  a sua experiência religiosa. Se a presença de Deus no homem fosse o resultado de um esforço puramente humano, "a graça de Deus" seria como que "inútil". A fé é sempre um dom gratuito. Não há mecanismo catequético ou evangelizador que, por si só, produza a graça nos crentes. A "graça" é mesmo gratuidade de Deus. Compete-nos "apenas" acolhê-la e corresponder-lhe.

A alegoria da videira e dos ramos garante-nos que a promessa da presença de Jesus no meio de nós está cumprida. Há que "permanecer" n´Ele para produzir os frutos que Deus espera de nós, ou melhor, permitir ao Espírito, a "seiva" divina, que produza em nós os seus frutos. Por nós mesmos, não podemos produzi-los. A obra de Jesus, que culminou na sua morte, "limpou-nos". No nosso texto é a Palavra que aparece como meio de purificação. Esta Palavra é a comunicação de Jesus aos seus discípulos através da sua vida, da sua morte, da sua pessoa. Há que permanecer n´Ele. 

Permaneçamos unidos à videira. O agricultor corta da videira os ramos mortos e aqueles que não dão frutos. Limpa os sarmentos que dão frutos, para que produzam ainda mais. «É assim que fará o Pai celeste, diz-nos Nosso Senhor: todo o ramo que não der fruto em mim, cortá-lo-á; atirá-lo-á para longe de mim, será privado da seiva que é a graça e cairá na morte espiritual. Mas os que prometem fruto, podá-los-á, purificá-los-á através de alguma prova e curá-los-á das suas inclinações depravadas, para que deem ainda mais frutos». «Quanto a vós, dizia ainda Nosso Senhor, estais todos podados e purificados pelas instruções que vos dei; mas para que esta purificação se conserve e complete, para que a vossa fecundidade em obras de salvação se desenvolva, uni-vos sempre mais intimamente a mim, permanecei em mim e eu, por minha parte, permanecerei em vós. Como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na vinha, se não está aderente à cepa donde tira a seiva vivificante, assim não podeis produzir nada, se não permanecerdes em mim». Sim, Senhor, quero permanecer em vós. Sinto que é a condição da vida, da fecundidade e da felicidade. Quero permanecer em vós pela fidelidade da minha recordação, da minha ternura e da minha dedicação, pela conformidade dos meus pensamentos aos vossos pensamentos, dos meus sentimentos aos vossos sentimentos, das minhas alegrias às vossas alegrias, das minhas tristezas às vossas tristezas, do meu querer à vossa vontade. Só quero ter convosco uma existência, um fim, uma felicidade: a glória de Deus, o reino do Sagrado Coração e a salvação das almas.