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O joio e o trigo
Ontem
como hoje, continua-se a questionar a origem do mal no mundo. Jesus é muito
claro na sua parábola: Deus semeia o bem e o inimigo semeia o mal no meio da
plantação do bem. Por que Deus permite o mal? Seria Deus fraco, a ponto de não
conseguir impedir que o mal fosse semeado no mundo? Haveria uma força negativa
no mundo para semear o mal e destruir a semente semeada por Deus? São
interrogações como estas que promoveram o surgimento de teorias sobre a origem
do mal no mundo.
Na
parábola do joio e do trigo (E), Jesus não explica a origem do mal, mas como se
relacionar com o mal; qual deve ser a atitude diante do mal. Basicamente,
propõe duas atitudes: conviver com o mal e entender que o mal não tem poder
para impedir que a boa semente do bem cresça e produza frutos.
Como
na parábola do Domingo passado, do semeador (15DTC-A), o terreno onde é semeada
a boa semente é a vida humana, mas também a vida da comunidade, a vida da
Igreja, a vida social como um todo. É o modo para entender que o bem e o mal
crescem dentro de nós, dentro de nossa comunidade, dentro da Igreja, dentro das
famílias... Muitos se arvoram com a mesma proposta dos ceifeiros: arrancar o
mal pela raiz. Jesus não concorda porque a colheita não é tarefa nossa, mas de
Deus, que recolherá o joio para ser queimado e os frutos do bem para ser
guardado no celeiro celeste. O tempo de Jesus foi um tempo de semeadura; semear
o Reino evangelizando. O mesmo acontece com o tempo da Igreja: é tempo de
semeadura. A colheita pertence ao Pai, que julga com justiça e ensina que o
justo deve ser humano (1L), alguém que seja a boa semente do Reino de Deus (E).
O Reino e sua pequenez
O
evangelista Mateus tematizou os ensinamentos do Reino de Deus num único
capítulo relatando outras duas parábolas, além daquela do joio e do trigo (E).
Cada parábola tem um ponto de vista sobre o Reino de Deus com a finalidade de
mudar a mentalidade dos ouvintes sobre o Reino de Deus.
Contrariando
aqueles que pensavam o Reino de Deus com uma apresentação grandiosa, Jesus diz
que o Reino de Deus se encontra na terra de modo pequeno: "como uma
semente de mostarda" (E). Assim falava para aqueles que se escandalizavam
pela pregação de Jesus não ter provocado mudanças no meio da comunidade. Até
mesmo João Batista ficou confuso diante do projeto do Reino pregado por Jesus
(Lc 7,19). Jesus ensina que mesmo pequeno, como um grão de mostarda, o Reino
cresce com o potencial de uma grande e acolhedora árvore (E).
A
segunda comparação de Jesus faz referência ao fermento. Ninguém vê a atividade
e a dinâmica do fermento que levada a massa (E). O Reino de Deus não se
apresenta com manifestações estupendas; sua dinâmica é escondida, sem
visibilidade, mas sempre ativo. O Reino de Deus é fermento com um potencial
transformador.
Tais
exemplos e comparações não remetem à fraqueza ou debilidade divina, mas
evidenciam a paciência de Deus. Como semeador que pacientemente espera os
frutos da semente semeada, como quem faz o pão e espera a levedação da massa,
assim o Reino de Deus não tem nada de visivelmente poderoso, pois seu poder
transformador acontece no coração. Acontece também pela ação do “Espírito que
vem em socorro da nossa fraqueza” (2L).