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A
maior parte de nós não tem experiência da neve. Sim, quase todos já vimos fotos
e vídeos com paisagens de neve ou assistimos uma nevasca em algum filme. Todos
temos experiência com a chuva que cai e penetra na terra. Poetas dizem que a
chuva lava o chão e penetra no coração da terra. Esta é a finalidade da
profecia do Isaias para explicar o efeito da Palavra de Deus na vida humana. No
Evangelho, Jesus diz que nem todos os terrenos são penetráveis; alguns são
pedregosos, impermeáveis ao projeto proposto na Palavra. É uma Palavra que cai
na terra como chuva e volta para Deus contaminada pela vida humana. Contaminada
com nossas angustias, com nossos sofrimentos, com nossas alegrias, com nossas
esperanças... Acolhemos a Palavra e a devolvemos em forma de orações
contaminadas com nossas vidas. A Palavra vem e volta; é a dinâmica do diálogo
que existe em toda a Palavra.
O
semeador da parábola de Jesus é um tanto quanto descuidado. Normalmente, os
semeadores preparam o terreno antes de lançar a semente. Este semeador de
Jesus, sai e vai jogando a semente em toda parte, sem se preocupar com o
terreno. É a imagem do testemunho cristão. Um testemunho que interroga a vida
de alguns, provoca admiração em outros, desinteresse ou indiferença em
muitos... Mesmo assim, não deixa de semear; não deixa de viver o Evangelho
porque alguns o criticam. A semente sempre é portadora de vida, por isso não se
discute a qualidade da semente. A questão está no terreno, como bem sabemos.
Hoje, em nossos dias, a parábola volta a interrogar nosso coração, nossa
qualidade de vida e, principalmente, o modo como entramos em contato com a
Palavra de Deus, particularmente com o Evangelho.
Na segunda parte do Evangelho, Jesus explica a
parábola. Se na narrativa da parábola o foco está na atitude do semeador e o
terreno, na segunda parte o foco vai para o ouvido. É o órgão humano do
acolhimento da Palavra: ouvir; escutar a Palavra. Na linguagem Bíblica ouvir e
obedecer tem o mesmo significado. Ouvir provoca uma atitude de obediência ou de
desobediência. São os dois polos da escuta: acolhe-se a Palavra para obedecê-la
ou simplesmente, não se ouve a Palavra e esta não penetra e não pode produzir
algum resultado. Colocando o foco no ouvido, Jesus coloca um questionamento
oculto: como ouvimos a Palavra? Sim, porque podemos estar aqui, sentados e
ouvindo, mas sem nenhum compromisso de obedecer, sem nenhum compromisso de
viver a Palavra ouvida. Diante de tal questionamento, coloquemo-nos diante da
Palavra de Deus para perceber a sua dinâmica em nossas vidas. Se é ouvida e não
produz frutos ou, se nosso coração é um terreno fecundado pela chuva que produz
muitos frutos. Amém!