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Santa
Maria Goretti
UM TESTAMENTO DOLOROSO
7/7/2020
Paróquia
São Conrado
“Eu
sou um velho de quase 80 anos, já próximo de terminar a minha jornada. Olhando
para o passado, reconheço que em minha juventude trilhei um caminho falso, o do
mal, que me conduziu à perdição”.
“Pela
imprensa, pelos espetáculos e pelos maus exemplos, vi que a maior parte dos
jovens seguiam esse caminho sem pensar. Nem eu me preocupava com isso. Pessoas
crentes e praticantes, eu as tinha perto de mim; obcecado, porém, por uma força
bruta que me empurrava para o mal caminho, não lhes dava importância”.
“Aos
20 anos cometi um crime passional, de que agora tenho horror só ao recordá-lo.
Maria Goretti, agora santa, foi o anjo bom que a Providência colocou no meu
caminho para me salvar. Ainda tenho impressas em meu coração suas palavras de reprovação
e perdão. Rogou por mim, intercedeu por seu assassino”.
“Seguiram
30 anos de prisão. Se não fosse menor de idade teriam me condenado à prisão
perpétua. Aceitei a sentença merecida e expiei resignado minha culpa. A pequena
Maria foi minha luz, minha protetora. Com sua ajuda, comportei-me bem na prisão
e tratei de viver honestamente, quando a sociedade me acolheu de novo”.
“Os
filhos de São Francisco, os Frades Menores Capuchinhos delle Marche, me
receberam com caridade seráfica, não como um criado, senão como um irmão, e com
eles estou há 24 anos. Agora espero sereno o momento de ser admitido à visão de
Deus, de abraçar de novo meus entes queridos, de estar perto de meu anjo
protetor e de sua mãe Assunta”.
“Eu
gostaria que os que lessem esta carta aprendessem a fugir do mal e a fazer
sempre o bem. Pensassem desde crianças que a religião, com seus preceitos, não
é algo de que se possa prescindir, senão o verdadeiro alento, o único caminho
seguro em todas as circunstâncias da vida, até as mais dolorosas. Paz e bem”.
Esse
foi o testamento espiritual de Alessandro Serenelli, o assassino de Santa Maria
Goretti, a santa Inês do século XX, morta barbaramente aos 11 anos de idade,
porque preferiu morrer do que ofender a Deus, no dia 6 de julho de 1902, dia em
que celebramos a sua memória.
E
ele acrescentou: “Peço perdão ao mundo pelo ultraje feito à Mártir Maria
Goretti e à pureza. Exorto a todos a se manterem afastados dos espetáculos
imorais, dos perigos, das ocasiões que podem conduzir ao pecado” (extraído do
livro “O punhal de tantos remorsos”, vida de Alessandro Serenelli).
“Santa
Maria Goretti pertence para sempre ao exército das virgens e não quis perder,
por nenhum preço, a dignidade e a inviolabilidade do seu corpo, templo do
Espírito Santo... Ela é um fruto maduro do lar cristão, onde se reza, onde se
educam os filhos no temor de Deus e na obediência aos pais. Que o nosso
debilitado mundo aprenda a honrar e a imitar a invencível fortaleza desta jovem
virgem” (Papa Pio XII).
Fonte:
Dom Fernando Arêas Rifan
*Bispo da Administração Apostólica
Pessoal
São João Maria Vianney