Transcorridos
muitos séculos desde que Deus criou o mundo e fez o homem à sua imagem, Jesus
Cristo, Deus Eterno e Filho do Eterno Pai, querendo santificar o mundo com a
sua vinda, foi concebido por obra do Espírito Santo e se fez homem.
Transcorridos nove meses nasceu da Virgem Maria em Belém de Judá. Eis o Natal
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
EVANGELHO – Lc 2,1-14
Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada
toda a terra. Este primeiro recenseamento efetuou-se quando Quirino era
governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade.
José subiu também da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe.
Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogênito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogênito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.
Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: “Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor.
Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Imediatamente, juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: “Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”.
Homilia de Padre
Marcos Belizário Ferreira
O Natal encerra um segredo que, infelizmente, escapa a muitos dos que
nessas datas celebram “algo” sem saber exatamente o quê. Não
conseguem suspeitar que o Natal fornece a chave para decifrar o mistério último
de nossa existência.
Geração após geração, os seres humanos, angustiados, têm gritado suas
perguntas: Por que temos que sofrer, se do mais íntimo de nosso ser tudo nos chama
à felicidade? Por
que tanta frustração? Por que a morte, se nascemos para vida? Os homens
perguntavam. E perguntavam a Deus, pois de alguma maneira, quando procuramos o
sentindo último de nosso ser, estamos apontando para Ele. Mas Deus guardava um
silêncio impenetrável.No Natal, Deus falou. Já temos sua resposta. Ele não nos falou para dizer-nos belas palavras sobre o sofrimento. Deus não oferece palavras. “A Palavra de Deus se fez carne”. Ou seja , mais que dar-nos explicações. Deus quis sofrer em nossa própria carne nossas perguntas, sofrimentos e impotência. Deus não dá explicações sobre o sofrimento, mas sofre conosco. Não responde ao porquê de tanta dor e humilhação, mas Ele próprio se humilha.
Já não estamos perdidos em nossa imensa solidão.
Não estamos
submergidos em puras trevas, Ele está conosco. Há uma luz. “Não somos mais
solitários, mas solidários” (Boff). Deus compartilha nossa existência. Isto muda tudo, O próprio Deus entrou em nossa vida. É
possível viver com esperança. Deus compartilha nossa vida e com Ele podemos
caminhar para a salvação.
Por isso o Natal é sempre, para os crentes, um chamado a renascer. Um convite a reavivar a alegria, a esperança, a solidariedade, a fraternidade e a confiança total no Pai.
“Ainda que
Cristo nasça mil vez em Belém, enquanto não nascer em teu coração estarás
perdido para o além: terás nascido em vão”.
O Natal nos obriga a revisar ideais e imagens que temos habitualmente de
Deus, mas que nos impedem de aproximar-nos de seu verdadeiro rosto. Deus
não se deixa aprisionar em nossos esquemas e moldes de pensamento.
Não segue os
caminhos que nós lhe traçamos. Deus é imprevisível.
Nós o imaginamos forte e poderoso, majestoso e onipotente, mas Ele se nos apresenta a fragilidade de um menino, nascido na mais absoluta simplicidade e pobreza. Nós o colocamos quase no extraordinário, no prodigioso e no surpreendente, mas Ele se nos apresenta no cotidiano, no normal e no ordinário. Nós o imaginamos grande e longínquo, e Ele se nos torna pequemo e próximo.
Este Deus encarnado no menino de Belém não é o que nós teríamos
esperado. Não
está à altura do que nós teríamos imaginado. Este Deus nos pode decepcionar. No entanto, não é precisamente deste Deus próximo que precisamos junto de nós? Não é esta proximidade ao humano o que melhor revela o verdadeiro mistério de Deus ? Não se manifesta na debilidade deste menino sua verdadeira grandeza?
O Natal nos lembra que a presença de Deus nem sempre corresponde as nossas expectativas, porque Ele se nos apresenta onde nós menos o esperamos. Certamente devemos procurá-lo na oração e no silêncio, na superação do egoísmo, na vida fiel e obediente à sua vontade, mas Deus pode apresentar-se a nós quando quer e como quer, inclusive no mais ordinário e comum da vida.