O Tempo do Advento tem esta característica própria de preparação e aguardo da vinda do Messias – Deus connosco presente na história de cada um de nós.
O Senhor está para chegar, e este é o momento de nos fazermos atentos e vigilantes na fé para que este tempo litúrgico tão sublime não passe despercebido em nossa vida.
“O Senhor vem! A noite vai adiantada e o dia está
próximo”. Deus não nos abandona; Ele continua a vir ao nosso encontro e a
construir connosco esse mundo novo de justiça e de paz… Por muito que nos
assustem as trevas que envolvem o mundo, a presença de Deus garante-nos que a
injustiça, a exploração, a morte não são o final inevitável: a última palavra
que a história vai ouvir é a Palavra libertadora e salvadora de Deus.
Não basta instalar-nos “corretamente” na tradição. Devemos enraizar a nossa fé na pessoa de Jesus, voltar a nascer do seu espírito. Nada mais importante do que isto na Igreja. Só Jesus nos pode conduzir de novo ao essencial.
Jesus não só amava os excluídos e sofredores, mas amava-os acima de tudo. Não estamos seguindo bem o passos de Jesus se vivemos mais preocupados pela religião do que pelo sofrimento das pessoas.
Nada despertará a Igreja da sua rotina, imobilismo ou mediocridade se a fome, a humilhação e o sofrimento das pessoas não nos comove. O importante para Jesus é a vida digna e ditosa das pessoas.
Por isso, se o nosso “cristianismo” não serve para fazer viver e crescer, não serve para o essencial, por mais nomes piedosos e veneráveis com que queiramos designar.
Não temos que olhar para ver o que os outros fazem. Cada um deve sacudir de cima de si a indiferença, a rotina e a passividade que nos faz viver adormecidos.
Homilia
de Padre Marcos Belizário Ferreira
no
I Domingo do Advento 2013 – Ano A
Jesus repetiu uma e outra vez “Estai sempre despertos”.
Jesus repetiu uma e outra vez “Estai sempre despertos”.
Preocupava-o que o fogo inicial se apagasse e os seus seguidores adormecessem.
É o grande risco dos cristãos: instalar-nos cuidadosamente nas nossas crenças, “acostumar-nos” ao evangelho e viver adormecidos na observância tranquila duma religião apagada. Como despertar?
Primeiro é regressar a Jesus e sintonizar com a
experiência primeira que tudo desencadeou. Não basta instalar-nos “corretamente” na tradição. Devemos enraizar a nossa fé na pessoa de Jesus, voltar a nascer do seu espírito. Nada mais importante do que isto na Igreja. Só Jesus nos pode conduzir de novo ao essencial.
Necessitamos, ainda, de reavivar, a experiência de Deus.
O essencial do evangelho não se aprende de fora. Descobre-o cada um no seu
interior como Boa Notícia de Deus. De pouco serve desenvolver temas didáticos
de religião, ou continuar a discutir questões de “moral sexual”, por exemplo,
se não despertamos em ninguém o gosto por um Deus amigo, fonte de vida digna e
ditosa.
Há algo mais. A chave desde a qual Jesus vivia Deus e
olhava a vida inteira não era o pecado, a moral ou a lei, mas
o sofrimento das pessoas. Jesus não só amava os excluídos e sofredores, mas amava-os acima de tudo. Não estamos seguindo bem o passos de Jesus se vivemos mais preocupados pela religião do que pelo sofrimento das pessoas.
Nada despertará a Igreja da sua rotina, imobilismo ou mediocridade se a fome, a humilhação e o sofrimento das pessoas não nos comove. O importante para Jesus é a vida digna e ditosa das pessoas.
Por isso, se o nosso “cristianismo” não serve para fazer viver e crescer, não serve para o essencial, por mais nomes piedosos e veneráveis com que queiramos designar.
Não temos que olhar para ver o que os outros fazem. Cada um deve sacudir de cima de si a indiferença, a rotina e a passividade que nos faz viver adormecidos.
Por vezes vivemos imunizados aos chamamentos do
evangelho. Temos coração, mas endureceu-se; temos ouvidos, mas não escutamos
o que Jesus escutava; temos olhos, mas não vemos a vida como ele a via, nem
olhamos as pessoas como ele olhava.
Pode, então, acontecer o que Jesus queria evitar entre
os seus seguidores: vê-los “como cegos conduzindo outros cegos”.
Cf
O Caminho aberto por Jesus , José Antonio Pagola.
Gráfica
de Coimbra 2 ,página 232.