A paz é universal porque é participação do amor de Deus. E, sobretudo,
é-nos dito que a paz é dádiva da vinda de Jesus.
Não é simplesmente a conquista dos homens, embora de boa vontade, mas uma dádiva que deriva do amor de Deus.
Comandante Coronel Frederico Caldas |
A paz é a sombra visível, terrena, da glória invisível de Deus. A glória
é o rosto de Deus, o seu amor universal. Ouve-se dizer,
por vezes, que a guerra é justa e necessária. Talvez, mas o cristão não poderá
jamais falar de guerra de Deus. A glória de Deus, seja como for, não resplandece na vitória sobre os inimigos, mas na paz com eles.
Amor
é oferta de possibilidade. Jesus é oferta, aquele que
não veio para ser servido, mas para servir, ensina-nos a servir num amor
imensurável.
Hoje, a liturgia celebra a solenidade de são João, apóstolo e evangelista.
Ao dia seguinte de Natal, a Igreja celebra a festa do primeiro
mártir da fé cristã: são Estevão.
E ao dia seguinte, a festa de são João, aquele que melhor e mais
profundamente penetra no mistério do Verbo encarnado, o primeiro
"teólogo" e modelo de tudo verdadeiro "teólogo". A passagem do seu
Evangelho que hoje se propõe ajuda-nos a contemplar o Natal desde a perspectiva
da Ressurreição do Senhor.
Por isso, João, ao chegar até o túmulo vazio, "viu e
creu" (Jo 20,8). Confiados na testemunha dos Apóstolos, nos vemos movidos em
cada Natal a "ver" e "crer".
Cada um pode reviver esses "ver" e "crer" a
propósito do nascimento de Jesus, o Verbo encarnado. João movido pela intuição
do seu coração —e, deveríamos acrescentar pela "graça"— "vê mais
além do que seus olhos naquele momento podem contemplar.
Pedro e João "correm" juntos até o túmulo, mais o texto nos diz que João "o outro discípulo correu mais depressa, chegando primeiro ao túmulo" (Jo 20,4).
Parece como se João desejasse mais estar ao lado de Aquele que amava —Cristo— do que estar fisicamente ao lado de Pedro, ante o qual, porém —com um gesto de esperá-lo e que seja ele quem entre primeiro ao túmulo— demonstra que é Pedro quem tem a primazia no Colégio Apostólico.
Com tudo, o
coração ardente, cheio de zelo, fervoroso de amor por João, é o que o leva a
"correr" e "avançar", convidando-nos a viver igualmente a
nossa fé com este desejo ardente de encontrar ao Ressuscitado
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