domingo, abril 20, 2014

SÁBADO SANTO – VIGÍLIA PASCAL NA NOITE SANTA


Alegre-se também a terra amiga, que em meio a tantas luzes resplandece; e, vendo dissipar-se a treva antiga, ao sol do eterno Rei brilha e se aquece. 
Que a Mãe Igreja
alegre-se igualmente, erguendo as velas deste fogo novo, e escute, reboando de repente, o Aleluia cantado pelo povo. 
E vós, que estais aqui, irmãos queridos, em torno desta chama reluzente, erguei os corações, e
assim unidos invoquemos a Deus onipotente. Ele, que por seus dons nada reclama, quis que entre os seus levitas me encontrasse: para cantar a glória desta chama, de sua luz um raio me traspasse! 
Sim, verdadeiramente é bom e justo cantar ao Pai de todo o coração, e celebrar seu Filho, Jesus Cristo, tornado para nós um novo Adão. Foi Ele quem pagou do outro a culpa, quando por nós à morte se entregou: para apagar o antigo documento, na cruz todo o seu Sangue derramou.
 Pois eis agora a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou: marcando nossas portas, nossas almas, com seu divino Sangue nos salvou. 
Esta é, Senhor, a noite em que do Egito retirastes os filhos de Israel, transpondo o Mar Vermelho a pé enxuto, rumo à terra onde correm leite e mel. 
Ó Noite em que a coluna luminosa as trevas do pecado dissipou, e aos que creem no Cristo em toda a terra em novo povo eleito congregou! 
Ó noite em que Jesus rompeu o inferno, ao ressurgir da morte vencedor: de que nos valeria ter nascido, se não nos resgatasse em seu amor? 
Ó Deus, quão estupenda caridade vemos no vosso gesto fulgurar: não hesitais em dar o próprio Filho, para a culpa dos servos resgatar.  Ó pecado de Adão indispensável, pois o Cristo o dissolve em seu amor: ó culpa tão feliz que há merecido a graça de um tão grande Redentor! Só tu, noite feliz, soubeste a hora em que Cristo da morte ressurgia; e é por isso que de Ti foi escrito: 
a noite será luz para o meu dia! Pois esta noite lava todo crime, liberta o pecador dos seus grilhões; dissipa o ódio e dobra os poderosos, enche de luz e paz os corações. 
Ó noite de alegria verdadeira, que prostra o Faraó e ergue os hebreus, que une de novo ao céu a terra inteira, pondo na treva humana a luz de Deus. 
Na graça desta noite o vosso povo acende um sacrifício de louvor; acolhei, ó Pai santo, o fogo novo: não perde, ao dividir-se, o seu fulgor. 
Cera virgem da abelha generosa ao Cristo ressurgido trouxe a luz: eis de novo a coluna luminosa, que o vosso povo para o céu conduz. 
O círio que acendeu as nossas velas possa esta noite fulgurar; misture sua luz à das estrelas, cintile quando o dia despontar. 
Que ele possa agradar-vos como o Filho, que triunfou da morte e vence o mal: Deus, que a todos acende no seu brilho, e um dia voltará, sol triunfal.
"A luz do Cristo que ressuscita resplandecente dissipe as trevas de nosso coração e nossa mente".

1. “... E Deus viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom. 
Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia.  E assim foram concluídos o céu e a terra tudo o que eles contêm. 
No séti­mo dia, Deus considerou acabada toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia descansou de toda obra que fizera”. (v. 31 – 2.1, 2)

2. “...Agora sei que temes a Deus, pois não me recusaste teu filho único”. 
Abraão, erguendo os olhos, viu um carneiro preso num espinhei­ro pelos chifres; foi buscá-lo e ofereceu-o em holocausto no 
lu­gar do seu filho. Abraão passou a chamar aquele lugar: “O Senhor providenciará”. eu te abençoarei e tornarei tão numerosa tua descendência como as estrelas do céu e como as areias da praia do mar. Teus descenden­tes conquistarão as cidades dos inimigos. Por tua descendência serão abençoadas todas as nações da terra, porque me obedeceste”. (v. 13, 14, 17, 18)

3. “...Quanto a ti, ergue a vara, esten­de o braço sobre o mar e divide-o, para que os filhos de Israel 
 cami­nhem em seco pelo meio do mar”. “Naquele dia, o Senhor livrou Israel da mão dos egípcios, e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar, e a mão podero­sa do Senhor agir contra eles. O povo temeu o Senhor, e teve fé no Senhor e em Moisés, seu servo”. (v. 15, 16, 30, 31 – 1)

4. “...Num momento de indignação, por um pouco ocultei de ti minha face, mas com miseri­córdia eterna compadeci-me de ti, diz teu salvador, o Senhor.
 Como fiz nos dias de Noé, a quem jurei nunca mais inundar a terra, assim juro que não me irritarei contra ti nem te farei ameaças. Podem os montes recuar e as colinas abalar­-se, mas minha misericórdia não se apartará de ti, nada fará mudar a aliança de minha paz, diz o teu misericordioso Senhor”. (v. 8 – 10) 

5. “...Estão meus caminhos tão acima dos vossos caminhos e meus pen­samentos acima dos vossos pensa­mentos, quanto está o céu acima da terra. 
Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fe­cundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não volta­rá para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la”. (v. 9 – 11)

6. “...A sabedoria é o livro dos manda­mentos de Deus, é a lei, que per­manece para sempre. 
Todos os que a seguem, têm a vida, e os que a abandonam, têm a morte. Volta­-te, Jacó, e abraça-a; marcha para o esplendor, à sua luz. Não dês a outro a tua glória nem cedas a uma nação estranha teus privilégios. Ó Israel, felizes somos nós, porque nos é dado conhecer o que agrada a Deus”. (v4,1-2-4)

7. “...Derramarei sobre vós uma água pura, e sereis purificados. Eu vos purificarei de todas as impurezas e de todos os ídolos. 
Eu vos darei um coração novo e porei um espí­rito novo dentro de vós. Arrancarei do vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne; porei o meu espírito dentro de vós e farei com que sigais a minha lei e cuideis de observar os meus mandamentos. Habitareis no país que dei a vossos pais. Sereis o meu povo e eu serei o vosso Deus”. (v. 25 – 28)

“...Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras, e que sabedoria em todas elas! Encheu-se a terra com as vossas criaturas! Bendize, ó minha alma, ao Senhor!”

8. “Pelo batismo na sua morte, fomos sepultados com ele, para que, como Cristo ressusci­tou 
dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova. Sabemos que Cristo ressusci­tado dos mortos não morre mais; a morte já não tem poder sobre ele. Pois aquele que morreu, morreu para o pecado uma vez por todas; mas aquele que vive, é para Deus que vive. Assim, vós também considerai-vos mortos para o pe­cado e vivos para Deus, em Jesus Cristo”. (v. 4, 9-11)
"SÓ VÓS O ALTÍSSIMO, JESUS CRISTO, COM O ESPÍRITO SANTO  NA GLÓRIA DE DEUS PAI".
Mt 28, 1-10 -  “Depois do sábado, ao amanhe­cer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. De repen­te, houve um grande tremor de terra: o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, retirou a pedra e sentou-se nela. 
 Sua apa­rência era como de um relâmpa­go, e suas vestes eram brancas como a neve. Os guardas fica­ram com tanto medo do anjo, que tremeram, e ficaram como mor­tos, Então os anjo disse às mu­lheres: “Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi cru­cificado. Ele não está aqui!
 Res­suscitou como havia dito. Vinde ver o lugar em que ele estava. Ide depressa contar aos discípu­los que ele ressuscitou dos mor­tos, e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá vós o vereis. É o que tenho a dizer-vos”.
As mu­lheres partiram depressa do se­pulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus foi ao encon­tro delas, e disse: 
 “Alegrai-vos!” As mulheres aproximaram-se e prostraram-se diante de Jesus, abraçando os seus pés. Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus ir­mãos que se dirijam para a Gali­leia. Lá eles me verão”

 Homilia de Padre Marcos Belizário Ferreira na
Vigília Pascal 2014
Nós cristãos não devemos esquecer que a fé em Jesus Cristo ressuscitado é muito mais do que o assentimento a uma fórmula do credo.
 Muito mais inclusive do que a afirmação de algo extraordinário que aconteceu ao Jesus morto há aproximadamente dois mil anos.
 Crer no Ressuscitado é crer que agora Cristo está vivo, cheio de força e criatividade, impulsionando a vida para seu último destino e libertando a humanidade de cair na destruição da morte.
 Crer no Ressuscitado é crer que Jesus se faz presente no meio dos que creem. 
 É tomar parte ativa nos encontros e nas tarefas da comunidade cristã, sabendo com alegria que quando dois ou três  reunimos em seu nome, ali está Ele pondo esperança em nossa vida.
 Crer no Ressuscitado é descobrir que nossa oração a Cristo não é um monólogo vazio, sem interlocutor que escute nossa invocação, mas diálogo com alguém vivo que está junto de nós na própria raiz da vida.
Crer no Ressuscitado é deixar-nos interpelar por sua palavra viva recolhida nos evangelhos, e ir descobrindo praticamente que suas palavras são “espírito e vida” para quem sabe alimentar-se delas.
Crer no Ressuscitado é viver a experiência pessoal de que Jesus tem força para mudar nossa vida, ressuscitar o bom que há em nós e ir nos libertando do que mata nossa liberdade.

Crer no Ressuscitado é saber descobri-lo vivo no último e mais pequeno dos irmãos, convidando-nos à compaixão e à solidariedade.
Crer no Ressuscitado é crer que Ele é “o primogênito dos mortos”, é nele que já se inicia nossa ressurreição e é nele que já se abre para nós a possibilidade de viver eternamente.
Crer no Ressuscitado é crer que nem o sofrimento , nem a injustiça, nem o câncer, nem o infarto, nem a metralhadora, nem o pecado, nem a morte têm a última palavra.

SÓ O RESSUSCITADO É SENHOR DA VIDA E DA MORTE.


Cf. Pagola , O Caminho aberto por Jesus , Editora Vozes


PARÓQUIA SÃO CONRADO
Estrada da Gávea 904 – São Conrado
Telefone: (21) 3322-0560
Pároco: Pe Marcos Belizário Ferreira
Imagens: Márcio Nogueira