domingo, abril 06, 2014

"JESUS ESTÁ DIANTE DE NÓS E NOS CHAMA COMO A LÁZARO: VEM PARA FORA!" - V DOMINGO DA QUARESMA - ANO A


Eis o grande mistério que hoje somos convidados a celebrar em nossa assembléia. Antes de entrar na escuridão de sua paixão e morte, Jesus quis, por assim dizer, revelar antecipadamente o significado com este milagre. 

Da mesma forma, a Igreja, hoje, antes de entrarmos no mistério litúrgico da Páscoa, quer que consideremos, como num esboço, a ideia a seguir: o que aconteceu para Lázaro em particular, isto é, sua passagem da morte para a vida, a Páscoa de Cristo o realiza em prol de toda a humanidade; sua morte vence a morte do homem; sua ressurreição é penhor da ressurreição do homem.
Lázaro morto é, portanto, o símbolo de toda a humanidade morta espiritualmente pelo pecado: por isso, “como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a morte passou a todo o gênero humano, porque todos pecaram” (Rm 5,12). Passou para todos os homens!
 Como um gadanho sobre a erva do campo, assim sobre o ombro de cada pessoa Jesus diz: Vem!
Quando Lázaro estava para morrer, as irmãs mandaram avisar a Jesus: “Aquele que tu amas está doente”, Jesus naquele momento se encontrava com seus discípulos num lugar tranquilo, longe do ódio dos judeus que tinham decidido matá-lo. 
Por isso, seus discípulos ficaram surpresos com a decisão de Jesus de querer voltar para a Judeia para ver seu amigo Lázaro morto. “Mestre – lhe disseram  – há pouco os judeus te queriam apedrejar, e voltas para lá? Jesus sabia bem o que o esperava em Jerusalém. Ele mesmo o tinha predito: “eis, nós agora vamos a Jerusalém e lá o filho do homem será entregue a seus inimigos e será morto.”

 Por que então foi para Jerusalém?
Foi seu amor ao amigo. Eis a razão de tudo. Deus continuou a amar o homem , embora rebelde, embora espiritualmente morto. Este grande amor de Jesus encontra no evangelho de hoje uma das manifestações mais tocantes: diante do amigo morto – refere o evangelista João – Jesus ficou interiormente comovido e chorou.

 Jesus amou também como homem, porque é próprio do homem comover-se e chorar. Experimentou ele também aquele sofrimento interior, um doloroso aperto de coração e aquele vazio angustiante da mente que invadem o homem diante da morte de uma pessoa realmente querida.
 Quem sabe quanta e que profunda dor se estampara em seu rosto a ponto de arrancar dos presentes a exclamação: “Olhai como o amava!”
O que aconteceu no túmulo de Lázaro foi um sinal , foi o início de um milagre que Jesus continua realizando ainda hoje na Igreja e no mundo. Ele se enterneceu de compaixão e de amor também por mim, no dia em que, no batismo, me chamou da morte para a vida, das trevas para a luz; comove-se ainda hoje de amor quando me levanta do mal e da queda com seu perdão. Também neste momento ele está diante de nós, como estava diante do túmulo de Lázaro em Betânia. Nós ainda não fomos ressuscitados completamente; não o seremos nunca enquanto estivermos nesta terra. Toda nossa vida cristã é uma luta contínua contra o mal e contra a morte.
 Esta procura está sempre a nos engolir, como as ondas do mar, que carregaram consigo tudo o que encontram na praia. A morte nos cerca. E não apenas a morte física, que corrói minuto por minuto nossa existência. Também a outra morte, que a Bíblia chama, “a segunda morte”, a morte do espírito. 

Na sociedade perversiva e pagã em que vivemos atualmente, o pecado abunda, por todos os lados, insinua-se em todas as relações humanas... Mas o pecado e a morte também nos tentam no interior de nossa casa; os germes mais perigosos são, aliais, precisamente aqueles que carregamos em nós mesmos, em nossa carne. 

MAS AGORA HÁ UM SALVADOR, HÁ JESUS CRISTO ENTRE NÓS. ELE ESTÁ DIANTE DE NÓS E NOS CHAMA COMO A LÁZARO: VEM PARA FORA! VEM PARA FORA DE TUA INDIFERENÇA, DE TUA PREGUIÇA, DE TEU EGOÍSMO, DA DESORDEM EM QUE VIVEREIS; VEM PARA FORA DE TUA DISSIPAÇÃO, DE TEU DESESPERO.

As palavras proféticas da primeira leitura se tornam com Cristo uma realidade. “Eis que abro os vossos sepulcros, vos ressuscito, ó povo meu ...farei entrar em vós o meu espírito e reaviveis”.

Cf Cantalamessa, R



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