“É para a liberdade que Cristo nos libertou” é o lema
da Campanha da Fraternidade deste ano, frase tirada da Epístola de São Paulo
aos Gálatas (5,1). Mas o Apóstolo continua: “Sim,
irmãos, fostes chamados à liberdade, mas não abuseis da liberdade...” (Gl 5,
13).
“Liberdade” é realmente uma palavra sedutora e pode se tornar perigosa.
Por isso há que compreendê-la no correto sentido, como nos explica a Instrução
da Congregação para a Doutrina da Fé sobre alguns aspectos da “Teologia da
Libertação”:
A LIBERTAÇÃO É ANTES DE TUDO E PRINCIPALMENTE
LIBERTAÇÃO DA ESCRAVIDÃO RADICAL DO PECADO.
A liberdade dos filhos de Deus – dom da graça – é sua
principal meta. Logicamente, demanda a libertação
de múltiplas escravidões de ordem cultural, econômica, social e política, que,
positivamente, derivam do pecado e causam muitos obstáculos que impedem as
pessoas de viver segundo a sua dignidade. Fazer
o discernimento com clareza do que é fundamental e o que faz parte das
consequências é requisito indispensável para a reflexão teológica sobre a
libertação”.
“Diante da urgência dos problemas existentes, algumas
pessoas se veem tentadas a priorizar a libertação das servidões de ordem
terrena e temporal de tal maneira, que parecem relegar a um segundo plano a
libertação do pecado, não lhe atribuindo a devida importância primordial. A apresentação
dos problemas por elas propostos se torna, assim, confusa e ambígua. Servem-se de instrumentos de pensamento que é difícil,
e até mesmo impossível, purificar de uma inspiração ideológica incompatível com
a fé cristã”.
Queremos despertar a atenção “para os desvios e riscos
de desvio prejudiciais à Fé e vida cristã, inerentes a certas formas de
teologia da libertação as quais, de modo insuficientemente criterioso, recorrem
a conceitos tomados em diferentes correntes do pensamento marxista” (1984,
Edições CNBB).
A propósito, recordemos a Profissão de Fé do Povo de
Deus, do Papa Paulo VI: “CONFESSAMOS QUE O REINO DE DEUS, COMEÇADO AQUI NA
TERRA NA IGREJA DE CRISTO, ‘NÃO É DESTE MUNDO’ (CF. JO 18,36), ‘CUJA FIGURA
PASSA’ (CF. 1COR 7,31), e também que o seu crescimento próprio não pode ser
confundido com o progresso da cultura humana ou das ciências e artes técnicas;
mas consiste em conhecer, cada vez mais profundamente, as riquezas insondáveis
de Cristo, em esperar sempre com maior firmeza os bens eternos, em responder
mais ardentemente ao amor de Deus, enfim em difundir-se cada vez mais
largamente a graça e a santidade entre os homens. Mas,
com o mesmo amor, a Igreja é impelida a interessar-se continuamente pelo
verdadeiro bem temporal dos homens.
POIS, NÃO CESSANDO DE ADVERTIR A TODOS OS SEUS FILHOS
QUE ELES ‘NÃO POSSUEM AQUI NA TERRA UMA MORADA PERMANENTE’ (CF. HB 13,14), estimula-os
também a que contribuam, segundo as condições e os recursos de cada um, para o
desenvolvimento da própria sociedade humana; promovam a justiça, a paz e a
união fraterna entre os homens; e prestem ajuda a seus irmãos, sobretudo aos
mais pobres e mais infelizes...”.
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