A
antífona de entrada dá o sentido desta importante festa litúrgica: “Quanto a mim,
Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo...”
A
origem desta celebração começou com a inauguração por parte do Imperador
Constantino, no ano 325, de duas basílicas – uma sobre o Gólgota e outra sobre
o sepulcro de Cristo. Outro acontecimento importante foi no séc. VII, com a
vitória sobre os persas que recuperou as relíquias da cruz e retorno triunfal a
Jerusalém. Passou-se
a celebrar a cruz que de instrumento de suplício se transformou em instrumento
de salvação. Um antigo poeta cristão neste dia cantava “refulge o mistério da
cruz”...
Como a tradição da Igreja, ao longo da história, viu a Cruz? As representações variaram. Temos o Cristo na Cruz, cheio de majestade, que reina com vestes reais e sacerdotais, com olhos abertos, sem sofrimento, radiante majestade e vitória, não coroado de espinhos, mas de preciosa coroa.
É o Cristo que atrai a todos como recorda João no Evangelho: “E eu, uma vez elevado na terra, atrairei todos a Mim” (cf. Jo 12,32). Depois aparece a imagem do Cristo com mãos e pés cravejados, agonizante. Como permanecer indiferentes? Nossa tradição religiosa privilegiou o Cristo assim, solidário com o sofrimento.
Muitos Santos contemplaram esse Cristo que carregou a dor da humanidade. Tanto uma forma como outra enfocam um aspecto do verdadeiro mistério: Cristo sofredor, mas que é Vitorioso, que Reina e destrói o pecado e a morte.
Contemplar a cruz é pensar em nossas pequenas cruzes, nossos calvários pessoais pequenos e grandes. É importante unir o modo moderno e antigo de considerar a cruz gloriosa, mas que carrega o Filho de Deus que está próximo, solidário na dor. Porém, não é para nos deter somente na dor, no sofrimento. Jesus não quer que nos destruamos com inúteis sentimentos de culpa, pois ele perdoa.
Pensemos, por exemplo, naqueles que carregam a dor da saudade depois da morte de um ente querido.
Ele terminou sua caminhada terrena, agora é momento de pensar que esta amada pessoa, ao trilhar a via dolorosa, agora é exaltado em Cristo por sua fé perseverante e confiante em Deus.
Muitos outros exemplos de superação, poderíamos citar aqui: dolorosas
enfermidades, problemas materiais, fragilidades psíquicas etc... mas, em tudo
isso, como recorda São Paulo somos mais que vencedores, graças Àquele que nos
amou e deu a vida por nós. Contemplar
o Cristo na Cruz é refletir seu sofrimento e vitória. Não é à toa que a Igreja
exorta ter em seus Templos o Cristo crucificado para que, sentindo-nos atraídos
pelo seu amor ao ponto de dar a vida e sofrer tanto na cruz, possamos, com Ele
ser digno da vitória e salvação, onde todas as lágrimas serão enxugadas.
Evangelho
(Mt 18,21-35): Pedro dirigiu-se a Jesus perguntando: "Senhor, quantas
vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?" Jesus
respondeu: "Digo-te, não até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes. O Reino dos Céus é, portanto, como um rei que resolveu ajustar contas com seus servos. Quando começou o ajuste, trouxeram-lhe um que lhe devia uma fortuna inimaginável".
Como o servo não tivesse com que pagar, o senhor mandou que fosse
vendido como escravo, junto com a mulher, os filhos e tudo o que possuía, para
pagar a dívida.
O servo, porém, prostrou-se diante dele pedindo: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida.
O servo, porém, prostrou-se diante dele pedindo: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei tudo’. Diante disso, o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair dali, aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma quantia irrisória. Ele o agarrou e começou a sufocá-lo, dizendo: ‘Paga o que me deves’. O companheiro, caindo aos pés dele, suplicava: ‘Tem paciência comigo, e eu te pagarei’. Mas o servo não quis saber. Saiu e mandou jogá-lo na prisão, até que pagasse o que estava devendo.
Quando viram o que havia acontecido, os outros servos ficaram muito sentidos, procuraram o senhor e lhe contaram tudo. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo malvado, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?
O senhor se irritou e mandou entregar aquele servo aos
carrascos, até que pagasse toda a sua dívida. É assim que o meu Pai que está
nos céus fará convosco, se cada um não perdoar de coração ao seu irmão.
ORAÇÃO DIANTE DO
CRUCIFIXO
Jesus amado, Jesus Crucificado, Jesus Salvador! Eu me coloco diante da
vossa Cruz. Eu vos contemplo entregue por nós, para a nossa salvação. Eu vos
contemplo de braços abertos, não somente por estarem pregados na cruz, mas
porque vosso Sagrado Coração, aberto pela lança, é um coração repleto de amor
por toda a humanidade. Por isso, eu vos peço: Ajudai-nos, Jesus Bendito, a
compreender o mistério da cruz e ensinai-nos a aceitar e enfrentar nossas
cruzes de cada dia. Neste Ano da Caridade, quero pedir uma graça especial:
ensinai-nos a vos contemplar nos irmãos e irmãs que sofrem, alargai nossas
ações e obras à dimensão das necessidades dos que nada têm e impulsionai-nos ao
compromisso com a transformação deste mundo rumo à justiça, ao bem comum, à solidariedade
e à defesa da vida, do amor e da fé. Amém.
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