domingo, setembro 21, 2014

"VIVER PARA MIM É CRISTO" - XXV Domingo do Tempo Comum - A



A dedicação ao trabalho na Vinha do Reino não se mede com os padrões da justiça humana, que considera a recompensa pelos critérios do ganho e do lucro, Mas pela gratuidade divina e, principalmente, pela disponibilidade de se dedicar totalmente ao projeto divino.
Homilia de Padre Marcos Belizário Ferreira
“Vamos partir da definição de Paulo, sobre sua compreensão de vida e a avaliação do seu viver (2ª leitura), quando diz que Cristo é glorificado no seu corpo e que seu viver é Cristo: “para mim, o viver é Cristo”. Aqui está o ideal cristão: viver não somente admirando Jesus, mas deixar Jesus viver em nós, a ponto de transformar nossa existência na própria vida de Jesus. Paulo não tem outro interesse, na vida, senão o Evangelho e Jesus Cristo.
 Por isso, ele não se incluiria entre os operários reclamadores que precisaram trabalhar o dia inteiro (Evangelho). Ele não se importa com o tempo que trabalha e se dedica à vinha do Senhor, porque o importante é trabalhar e, pelo seu trabalho, colaborar com o projeto da vinha do Reino. 
O motivo de se dedicar ao trabalho na vinha do Senhor não está no pagamento, mas na possibilidade de poder ser útil a Deus e ao seu projeto; de se tornar colaborador do projeto divino. 
Se Cristo vive nele, nada mais natural que, a exemplo de Jesus, ofereça sua vida pelo projeto divino. Um caminho para se tornar operário na vinha do Reino consiste em transformar a própria existência na busca de Deus, como aconselha Isaias, no início de sua profecia: “buscai o Senhor” (1ª leitura). 
É um convite a ser considerado se quisermos entrar na lógica divina para acolher a proposta de trabalhar na vinha do Senhor sem reclamar de sua bondade para com os últimos (Evangelho). 
Quem busca seus próprios interesses, inclusive no trabalho da vinha do Reino, sempre terá motivos e encontrará razões para reclamar de Deus, o Senhor da vinha. 
Quem adota o comportamento reclamador perde o objetivo da busca de Deus porque nem sempre se compreende seus caminhos, sua justiça e sua bondade com todos, como como aqueles da última hora (Evangelho). 
Não é possível encontrar-se com Deus com os critérios da justiça humana, de sempre ganhar e lucrar, porque o critério divino fundamenta-se na bondade, que não considera o tempo que se trabalha, mas a disponibilidade gratuita de trabalhar e dedicar-se à vinha do Reino (Evangelho).
A parábola surpreende a quem a julga com os princípios da proporcionalidade: cada qual merece o salário pelo tanto trabalhado. O princípio divino se rege pela gratuidade com a qual alguém se coloca a serviço do projeto divino, seja pela dedicação de toda a vida, seja pela dedicação de alguns anos da vida. 
Deus chama a qualquer hora; o momento do chamado, se cedo ou tarde, não é levado em consideração, como não considera o tempo trabalhado (Evangelho). 
A luz da parábola, no contexto celebrativo deste Domingo, não será acesa do lado do Senhor da vinha, mas do trabalhador, da intenção com a qual ele se dispõe a trabalhar na vinha do Reino, insistindo que nessa vinha não se trabalha pelo salário e nem por recompensas bonificadas, mas porque vale a pena trabalhar no projeto divino. 

Os lamentadores demonstram que não compreenderam a importância do trabalho na vinha do Reino, uma vez que valorizam o lucro do ganho pessoal mais que a disponibilidade de contribuir com o Reino, o projeto divino. Não nos encontramos com Deus através da justiça da proporcionalidade, porque ele se rege pela bondade e não pelos nossos esquemas de recompensas. 

Liturgia.pro

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