quarta-feira, setembro 24, 2014

SÃO PIO DE PIETRELCINA, PRESBÍTERO

Tal como o apóstolo Paulo, o Padre Pio de Pietrelcina colocou, no vértice da sua vida e do seu apostolado, a Cruz do seu Senhor como sua força, sabedoria e glória. Abrasado de amor por Jesus Cristo, com Ele se configurou imolando-se pela salvação do mundo. 
Foi tão generoso e perfeito no seguimento e imitação de Cristo Crucificado, que poderia ter dito: "Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim" (Gál 2, 19).
E os tesouros de graça que Deus lhe concedera com singular abundância, dispensou-os ele incessantemente com o seu ministério, servindo os homens e mulheres que a ele acorriam em número sempre maior e gerando uma multidão de filhos e filhas espirituais. 
Este digníssimo seguidor de S. Francisco de Assis nasceu no dia 25 de Maio de 1887 em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e de Maria Giuseppa de Nunzio. Foi batizado no dia seguinte, recebendo o nome de Francisco. Recebeu o sacramento do Crisma e a Primeira Comunhão, quando tinha 12 anos. Aos 16 anos, no dia 6 de Janeiro de 1903, entrou no noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, tendo aí vestido o hábito franciscano no dia 22 do mesmo mês, e ficou a chamar-se Frei Pio.
Terminado o ano de noviciado, fez a profissão dos votos simples e, no dia 27 de Janeiro de 1907, a dos votos solenes. Depois da Ordenação Sacerdotal, recebida no dia 10 de Agosto de 1910 em Benevento, precisou ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde. Em Setembro desse ano de 1916, foi mandado para o convento de São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte. 
Abrasado pelo amor de Deus e do próximo, o Padre Pio viveu em plenitude a vocação de contribuir para a redenção do homem, segundo a missão especial que caracterizou toda a sua vida e que ele cumpriu através da direção espiritual dos fiéis, da reconciliação sacramental dos penitentes e da celebração da Eucaristia.
No campo da caridade social, esforçou-se por aliviar os sofrimentos e misérias de tantas famílias, principalmente com a fundação da "Casa Sollievo della Sofferenza" (Casa Alívio do Sofrimento), que foi inaugurada no dia 5 de Maio de 1956. O momento mais alto da sua atividade apostólica era aquele em que celebrava a Santa Missa. Os fiéis, que nela participavam, pressentiam o ponto  mais alto e a plenitude  da sua espiritualidade.

50 ANOS DOS ESTIGMAS
Durante anos, de todas as partes do mundo, os fiéis foram a este sacerdote estigmatizado, para conseguir a sua potente intercessão junto a Deus. Cinqüenta anos passados na oração, na humildade, no sofrimento e no sacrifício. 

OS ESTIGMAS DE CRISTO
O padre Pio teve as cinco chagas de Cristo crucificado que levou em seu corpo visivelmente durante 50 anos. Um pouco mais de um mês depois de haver tido o coração transpassado, o padre Pio recebe os sinais, agora visíveis, da Paixão de Cristo.
O provincial dos Capuchinos de Foggia convidou ao Professor Ramaneli, médico e diretor de um prestigioso hospital, para que estudasse o casoe desse seu parecer.  O Doutor Ramaneli não teve a menor duvida do caráter sobrenatural do fenômeno. Pouco depois a Cúria Geral dos Capuchinos em Roma enviou a São Gionanni Rotondo outro especialista, o professor Jorge Festa. Suas conclusões foram que "os estigmas do padre Pio tinham uma origem que os conhecimentos científicos estavam muito longes de explicar. A razão de sua existência estão além da ciência humana". 

A noticia de que o padre Pio tinha os estigmas se estendeu rapidamente. Muito rápido milhões de pessoas acudiam a São Giovanni Rotondo para vê-lo, beijar suas mãos, confessar-se com ele e assistir a suas Missas.
Uma grande celebridade em matéria de psicologia experimental, o padre Agustim Gimeli, franciscano, doutor em medicina, fundador da Universidade Católica de Milão e grande amigo do Papa Pio XI,
foi visitar ao padre Pio, mas como não levava permissão por escrito para examinar suas chagas, este recusou a mostrá-las. O padre Gimeli saiu de São Giovanni com a idéia de que os estigmas eram falsos, de natureza neurótica e publicou seu pensamento em um artigo publicado em uma revista muito popular.
O Santo Oficio se valeu da opinião deste grande psicólogo e fez publico um decreto no qual declarava a pouca constância na sobrenaturalidade dos fatos.

DEZ ANOS DE ISOLAMENTO
Nos anos seguintes teve outros três decretos e o ultimo 
foi condenatório, proibindo as visitas ao padre Pio ou manter alguma relação com ele, inclusive epistolar.
Como conseqüência, o padre Pio passou 10 anos -de 1923 a 1933- asilado completamente do mundo exterior, entre a paredes de sua cela. Durante estes anos não apenas sofria as dores da Paixão do Senhor em seu corpo, também sentia em sua alma a dor do isolamento e o peso da suspeita.
SUA HUMILDADE, OBEDIENCIA E CARIDADE NÃO DIMINUIRAM NUNCA.

O SACRIFÍCIO DA MISSA
O padre Pio se levantava todas a manhãs as três e meia e rezava o oficio das leituras. Foi um sacerdote orante e amante da oração. Apenas repetia: "A oração é o pão e a vida da  alma; é o ar do coração, não quero ser mais
que isto, um frade que ama".
Celebrava a Santa Missa nas manhãs acompanhado de dois religiosos. Todos queriam vê-lo e até tocá-lo, mas sua presença inspirava tanto respeito que ninguém se atrevia a mover-se no mais minimo.
A missa durava quase duas horas e todos os presentes se submergiam de forma particular no mistério do sacrifício de Cristo, multidões se colocavam apertadas ao redor do altar  detendo a respiração.

O padre Pio vivia a Santa Missa, sofrendo as dores do Crucificado e dando profundo sentido as orações litúrgicas da Igreja. Quando dizia: "Este é meu corpo. Este é meu sangue", seu rosto se transfigurava.
Ondas de emoção o sacudiam, todo seu corpo se projetava em uma muda imploração.

"A missa", disse uma vez a um filho espiritual, "é Cristo na Cruz, com Maria e João aos pés da mesma e os Anjos em adoração.
Choremos de amor e adoração nesta contemplação".
O padre amava a Jesus com tanta força, que experimentava em seu próprio corpo uma verdadeira fome e sede d´Ele. "Tenho tal fome e sede antes de receber a Jesus, que falta pouco para que morra de angustia. "O mundo, dizia o padre Pio, pode existir sem o sol, mas nunca sem a Missa".
Em uma ocasião lhe perguntaram se a Santíssima Virgem Maria estava presente durante a Santa missa, ao qual ele respondeu: "Sim, ela se coloca ao lado, mas eu a posso ver, que alegria. Ela está sempre presente.
Como poderia ser que a Mãe de Jesus, presente no Calvário ao pé da cruz, que ofereceu a seu filho como vítima pela salvação de nossas almas, não  esteja presente no calvário místico do altar?".

MÁRTIR DO SACRAMENTO DA MISERICÓRDIA
Quem participava na celebração Eucarística do padre Pio não podia ficar tranqüilo em seu pecado.
Depois da Santa missa, o padre Pio se sentava no confessionário por longas horas, dando-lhe preferência aos homens, pois ele dizia que eram os que mais necessitavam da confissão.
Era severo com os curiosos, hipócritas e mentirosos, e amoroso e compassivo com os verdadeiramente arrependidos. Um dos dons que mais impressionava as pessoas era que podia ler os corações. Um exemplo disso sucedeu um dia em que o padre se encontrou com um jovem que chorava sem importar-se com as pessoas que o rodeava. O padre se aproximou e lhe perguntou o porque de seu pranto. O jovem respondeu que "chorava, porque não lhe havia dado a absolução". Padre Pio o consolou com ternura dizendo: "Filho, vês, a absolução não é que te tive negado para mandar-te ao inferno mas sim ao Paraíso".

O APOSTOLADO DA ALEGRIA
O padre Pio era um homem muito duro contra todo tipo de pecado, mas terno, jovial e amante da vida.
Era um conversador brilhante, com a astúcia para manter suspenso a seus ouvintes.

CURA MILAGROSA
Um das curas mais conhecidas do padre Pio foi a
de uma menina chamada Gema, que havia nascido sem as pupilas nos olhos. A avó desta a levou a São Giovanni Rotondo com a esperança de que o Senhor fizesse um milagre através da intercessão do padre.
O padre a abençoou e fez o sinal da cruz sobre seus olhos. A menina recuperou a vista, ainda que o milagre não terminou ali. Gema viu desde esse momento, sem  nunca ter pupilas. Quando adulta, Gema  entrou na Vida Religiosa.

CHAMADO A CO-REDENÇÃO
A vida do padre Pio está tão cheia de acontecimentos extraordinários que é necessário buscar as causas deles em sua vida intima.
Quem é chamado a servir na missão redentora de Jesus Cristo tem que sofrer muito moral e fisicamente. Estes Sofrimentos o purificam e elevam cada vez mais no amor de Deus.
Em uma carta escrita pelo padre em 1913 dizia: "O Senhor me faz ver como em um espelho, que toda minha vida será um martírio". Desde que ingressou a vida religiosa até que recebeu os estigmas, a vida do padre Pio foi um via crucis. Em 1912 escreve: "Sofro, sofro muito mas não desejo nada para que minha cruz seja aliviada, porque sofrer com Jesus é muito agradável".
A uma filha espiritual lhe disse um dia: "O Sofrimento é meu pão de cada dia. Sofro quando não sofro.
As cruzes são as jóias do Esposo, e delas sou zeloso".

UMA PROMESSA DE AMOR
Um dia perguntaram ao padre: "Jesus lhe mostrou
os lugares de seus filhos espirituais no paraíso?".
"Claro, um lugar para todos os filhos que Deus me confiará até o fim do mundo, se são constantes no caminho que leva ao céu.
A promessa que Deus fez a este miserável". "E no paraiso, estaremos perto de vós?". "Ah! filha, e que paraiso seria para mim se não tivesse perto de mim a todos meus filhos?". "Mas eu tenho medo da morte". "O amor exclui o temor.
O que chamamos morte, na realidade é o inicio da verdadeira vida".

CANONIZAÇÃO
Exercitou o espírito de pobreza, com total desapego de si próprio, dos bens terrenos, das comodidades e das honrarias. No meio de tanta admiração do mundo, ele repetia: "Quero ser apenas um pobre frade que reza. A irmã morte levou-o, preparado e sereno, no dia 23 de Setembro de 1968; tinha ele 81 anos de idade. 
O seu funeral caracterizou-se por uma afluência absolutamente extraordinária de gente.

No dia 20 de Fevereiro de 1971, apenas três anos depois da morte do Padre Pio, Paulo VI, dirigindo-se aos Superiores da Ordem dos Capuchinhos, disse dele: "Olhai a fama que alcançou, quantos devotos do mundo inteiro se reúnem ao seu redor! Mas por quê? Por ser talvez um filósofo? Por ser um sábio? Por ter muitos meios à sua disposição? Não! Porque celebrava a Missa humildemente, confessava de manhã até à noite e era – como dizê-lo?! – a imagem impressa dos estigmas de Nosso Senhor. Era um homem de oração e de sofrimento”. 
Já gozava de larga fama de santidade durante a sua vida, devido às suas virtudes, ao seu espírito de oração, de sacrifício e de dedicação total ao bem das almas. Nos anos que se seguiram à sua morte, a fama de santidade e de milagres foi crescendo cada vez mais, tornando-se um fenômeno eclesial, espalhado por todo o mundo e em todas as categorias de pessoas. 

Assim Deus manifestava à Igreja a vontade de glorificar na terra o seu Servo fiel. Não tinha ainda passado muito tempo quando a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos empreendeu os passos previstos na lei canônica para dar início à Causa de beatificação e canonização. Depois de tudo examinado, como manda o Motu proprio "Sanctitas Clarior", a Santa Sé concedeu o nihil obstat no dia 29 de Novembro de 1982. O Arcebispo de Manfredônia pôde assim proceder à introdução da Causa e à celebração do processo de averiguação (1983-1990). 
No dia 7 de Dezembro de 1990, a Congregação das Causas dos Santos reconheceu a sua validade jurídica. Ultimada a Positio, discutiu-se, como é costume, se o Servo de Deus tinha exercitado as virtudes em grau heróico. No dia 13 de Junho de 1997, realizou-se o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos,  com resultado positivo.
Na Sessão Ordinária de 21 de Outubro seguinte, tendo como Ponente da Causa o Exmo e Revmo. D. Andrea Maria Erba, Bispo de Velletri-Segni, os Cardeais e Bispos reconheceram que o Padre Pio de Pietrelcina exercitou em grau heróico as virtudes teologais, cardeais e anexas. No dia 18 de Dezembro de 1997, na presença do Papa João Paulo II foi promulgado o Decreto sobre a heroicidade das virtudes.
 Para a beatificação do Padre Pio, a Postulação apresentou ao Dicastério competente a cura da senhora Consiglia de Martino, de Salerno. Sobre o caso desenrolou-se o Processo canônico regular no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Salerno-Campanha-Acerno, desde Julho de 1996 até Junho de 1997. Na Congregação das Causas dos Santos, realizou-se, no dia 30 de Abril de 1998, o exame da Consulta Médica e, no dia 22 de Junho do mesmo ano, o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos. 
No dia 20 de Outubro seguinte, reuniu-se no Vaticano a Congregação Ordinária dos Cardeais e Bispos, membros do Dicastério, e, no dia 21 de Dezembro de 1998, foi promulgado, na presença do Papa João Paulo II, o Decreto sobre o milagre. No dia 2 de Maio de 1999, durante uma solene Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, Sua Santidade João Paulo II, com sua autoridade apostólica, declarou Beato o Venerável Servo de Deus Pio de Pietrelcina, estabelecendo no dia 23 de Setembro a data da sua festa litúrgica. 
Para a canonização do Beato Pio de Pietrelcina, a Postulação apresentou ao competente Dicastério o restabelecimento do pequeno Matteo Pio Collela de São Giovanni Rotondo. Sobre este caso foi elaborado um processo canônico no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Manfredonia-Vieste, que decorrem de 11 de Junho a 17 de Outubro de 2000. No dia 23 de Outubro de 2000, a documentação foi entregue à Congregação das Causas dos Santos. 
No dia 22 de Novembro de 2001 é aprovado, na Congregação das Causas dos Santos, o exame da Consulta Médica. No dia 11 de Dezembro de 2001, é julgado pelo Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos e, no dia 18 do mesmo mês, pela Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos. 
No dia 20 de Dezembro, na presença do Papa João Paulo II, foi promulgado o Decreto sobre o milagre; no dia 26 de Fevereiro de 2002, foi publicado o Decreto sobre a sua canonização.

PADRE PIO CELEBRANDO A EUCARISTIA (PELA ÚLTIMA VEZ)

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