quarta-feira, fevereiro 18, 2015

PAPA FRANCISCO REALIZOU CONSISTÓRIO ORDINÁRIO PÚBLICO PARA A CRIAÇÃO DE 15 NOVOS CARDEAIS ELEITORES E OUTROS CINCO NÃO ELEITORES NA BASÍLICA DE SÃO PEDRO DO VATICANO.


Entre os presentes ao consistório, em um lugar destacado à esquerda do altar se encontrava o papa emérito Bento XVI, a quem Francisco cumprimentou e deu as mãos antes de se dirigir ao lugar onde se veneram os restos mortais de São Pedro, para onde inclinou a cabeça em gesto de oração.
Este é o segundo consistório do pontífice argentino, que nomeou cardeais de países que nunca os tiveram. Só dois são italianos, embora a Itália continue sendo o país mais representado no Colégio cardinalício. Os novos cardeais são de Etiópia, Vietnã, Nova Zelândia, Mianmar, Tonga e Cabo Verde, entre outros.
Papa Francisco cumprimenta Papa Emérito Bento XVI 
 "Que o povo de Deus veja sempre em nós a firme denúncia da injustiça e o serviço alegre da verdade", disse o papa aos novos cardeais, durante a cerimônia solene na basílica de São Pedro no Vaticano.
Aos 20 novos purpurados, entre eles cinco latino-americanos provenientes de Panamá, México, Uruguai, Colômbia e Argentina, além de um espanhol, o papa instou a não aceitar "injustiças".

Os novos "príncipes da Igreja" receberam o barrete vermelho, assim como o título e o anel cardinalício das mãos do papa argentino e na presença do papa emérito Bento XVI, que usava uma batina branca, prerrogativa dos pontífices.
Assim como ocorreu há um ano, durante a cerimônia de investidura dos primeiros purpurados do pontificado de seu sucessor, Bento XVI estava na primeira fila.
Apesar da solenidade do ato e do lugar, Francisco lembrou aos novos cardeais que "o cardinalato não é uma distinção honorífica" "nem um acessório" ou condecoração" mas "um ponto de apoio e um eixo para a vida da comunidade".
Em seu breve discurso, o papa traçou o perfil do purpurado de seu pontificado: um religioso que conhece "a magnanimidade", que "ama o que é grande, sem descuidar do que é pequeno", que conhece "a benevolência", que vive "na caridade" e "descentrado de si mesmo", explicou.
"Quem está centrado em si mesmo busca inevitavelmente seu próprio interesse e acredita que isso é normal, quase um dever", alertou Francisco, que os convidou a deixar de lado, acima de tudo, qualquer injustiça.
"Nem mesmo a que poderia ser benéfica para ele ou para a Igreja", realçou.
"Tampouco as dignidades eclesiásticas estamos imunes à tentação da inveja e o orgulho", agregou.
Pela segunda vez desde que foi eleito pontífice, em março de 2013 Francisco decidiu premiar com o título cardinalício representantes de países pobres e subdesenvolvidos. São 18 nações, seis das quais nunca haviam contado com um cardeal: Cabo Verde, Tonga, Birmânia, Moçambique, Nova Zelândia e Panamá, com José Luis Lacunza, bispo de David, o primeiro da história do país.

- Bispos humildes e simples -
Quase todos os escolhidos são bispos humildes e simples, que dedicaram suas vidas aos imigrantes, aos pobres, ou trabalhando em cidades assoladas pela violência, pobreza e conflitos.

Dos quinze novos cardeais com direito a voto, apenas um trabalha na Cúria Romana (o prefeito da Assinatura Apostólica, tribunal para conflitos jurídicos), enquanto três vêm na Ásia, três da América Latina, dois da Oceania e mais dois da África.
"A caridade e somente ela, nos livra do perigo de reagir impulsivamente (...) do perigo mortal da ira acumulada", garantiu.
DOM ORANI E DOM ODILO 
Os 20 novos membros do Colégio Cardinalício representam também a diversidade da Igreja católica e deverão levar suas experiências ao Vaticano.
Os bispos de Tonga, Birmânia, Cabo Verde, Adis Abeba (Etiópia), Bangcoc (Tailândia), Hanói (Vietnã), da ilha italiana de Lampedusa , de Morélia (México) e David (Panamá), viram eixos da igreja "pobre e para os pobres", como quer o papa.
O papa ignorou os bispos de grandes arquidioceses europeias como Veneza e Turim, que contam com cardeais por tradição, e escolheu prelados de regiões esquecidas, como o italiano Francesco Montenegro, de Agrigento, na Sicília, testemunha da dor dos centenas de imigrantes que arriscam a vida no Mediterrâneo ao tentar entrar na Itália.
Dois dos latino-americanos correspondem ao perfil de purpurado para as periferias: o arcebispo panamenho José Luis Lacunza Maestrojuán, que trabalha com a proteção dos interesses dos povos indígenas, enquanto o mexicano Alberto Suárez Inda vive em um lugar marcado pela violência dos cartéis de droga.
A cerimônia, que durou cerca de duas horas, foi assistida por 160 purpurados e delegações de todo o mundo, entre elas do Panamá, presidida por Juan Carlos Varela, de Tonga, com seu rei, Tupu VI, e Espanha, com vários ministros.

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