quinta-feira, maio 28, 2015

EDIFÍCIO CANOAS - TESTEMUNHO DE MARCOS RAUL SANT’ ANNA


Aconteceu no dia 18 de maio e causou a explosão e destruição de apartamentos do Edifício Canoas, na rua General Olímpio Mourão Filho, em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro. Vários apartamentos foram danificados e quatro pessoas ficaram feridas, e o morador Marcos Muller do apartamento que explodiu e estava internado no Centro de Tratamento de Queimados Pedro II não resistiu e veio a falecer hoje, dia 28 de maio.
O edifício com 19 andares e 72 apartamentos, teve pedaços de concreto, de janelas e madeiras  espalhados até por edifícios vizinhos. Segundo a Defesa Civil, a explosão ocorreu no 10º andar, no apartamento onde morava Markos Muller.
Nesta quarta-feira, o diretor do Instituto de Criminalística Carlos Éboli Sérgio William, disse que a explosão no apartamento 1001, do prédio de 72 apartamentos, foi provocado pela má instalação do gás na cozinha. A conclusão da perícia é de que o ocorrido foi um acidente.
DEPOIMENTO SOBRE O ACIDENTE NO EDIFÍCIO CANOAS POR MARCOS RAUL SANT’ ANNA

Dia 18 de maio de 2015, 04:50h: saio de carro da garagem do edifício Canoas em direção a Bananal uma pequena cidade de São Paulo localizada a cerca de 180 km do Rio, onde participaria de uma reunião marcada para as 09:00h da manhã.

Às 05:50h, ocorreu no apartamento 1001 do edifício uma grande explosão da qual tomei conhecimento somente cerca de 1:40h após.
Por volta das 07:30h, chego ao meu destino e logo após recebo um telefonema de uma amiga perguntando se estava tudo bem. Respondi-lhe perguntando o porquê da pergunta e ela disse-me que havia explodido um prédio em São Conrado e queria saber se era o edifício onde morávamos.
 Desliguei e liguei imediatamente para a Tania que disse que estava tudo bem com ela e com o Felipe e que vários moradores já haviam saído do prédio sem ferimentos. Estava sozinho dentro do carro e ao desligar o telefone chorei de emoção e por não ter estado presente na hora do perigo e por não poder prestar nenhuma assistência.

Em outro telefonema perguntei a Tania porque não havia me informado sobre a explosão assim que ela e Felipe saíram do prédio. Ela me respondeu dizendo que sabia da importância da reunião da qual eu participaria e que não queria tirar minha tranquilidade. Decisão difícil, mas sábia, a qual muito agradeço.
Ao término da reunião e antes de chegar ao hotel vi na televisão de um posto de gasolina, ligada no programa da Fátima Bernardes, as imagens – as primeiras vistas por mim – do resultado da explosão. Num primeiro instante, não acreditei no que estava vendo. Penso que – não tenho certeza – a partir deste momento passei a agradecer a Deus a grande graça pelas vidas que foram preservadas e dos ferimentos graves que não ocorreram, com a exceção do morador do apartamento onde ocorrera a explosão.
Vários depoimentos confirmam a graça de Deus agindo de forma – posso afirmar – miraculosa, mas darei dois exemplos referentes a moradores de apartamentos vizinhos ao 1001:
- o primeiro é sobre o casal que morava no apartamento 1101, acima do apartamento que explodiu: eles haviam se mudado uma semana antes do acidente, para o apartamento deles, localizado no prédio e que estava em reforma;

- o segundo é do casal João e Nilde Smarcaro que moravam no apartamento 1003, vizinho ao apartamento 1001: poucos minutos antes da explosão, a Nilde e o João estavam na cozinha. Nilde voltou para o quarto e o João foi para o hall de serviço para pegar o elevador, pois desceria para passear com os cachorros. João pegou o elevador no 10º andar, e quando chegou no 3º andar ocorreu a explosão. Se ele tivesse permanecido mais 1 minuto no hall, o que o teria separado do núcleo da explosão seria a porta de serviço do apartamento 1001. Certamente não teria sobrevivido, pois estaria a pouco mais de 3 metros do núcleo da mesma.
Ao retornar ao Rio, solicitei ao Pe. Marcos  - que apesar da distância escutou a explosão - se seria possível que na Missa das 10:00h que seria celebrada no domingo dia 24, dia de Pentecostes, fosse colocada como intenção a ação de graças pela sobrevivência dos moradores e pela recuperação do Markus Muller, o morador do apartamento onde ocorreu a explosão e que se encontra com queimaduras em 50% do corpo. 

Apesar de nenhuma solicitação anterior, Pe. Marcos disse que já havia celebrado em ação de graças pelos moradores, mas que seria possível que a Missa do domingo celebrasse novamente estas intenções.
No início da celebração, com muitos moradores do edifício Canoas presentes, Pe. Marcos lembrou que antes de ler a Oração que precede a Liturgia da Palavra, ele sempre pedia pelos presentes, pelos paroquianos, e por todos os habitantes de São Conrado e que estas orações eram como “moedas depositadas no cofre, para serem utilizadas quando necessário”. Não sei afirmar ha quanto tempo Pe. Marcos repete essas intenções, mas provavelmente desde quando começou a celebrar na Matriz de São Conrado. Se ele não tivesse mencionado esse fato, antes da bênção final eu lhe pediria autorização para dar esse testemunho.
Por ocasião da homilia, Pe. Marcos fez reflexões entre as Leituras – incluído o Evangelho - associando-as ao ocorrido, dizendo que após a descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os apóstolos reunidos no cenáculo, as falas dos apóstolos, todos Galileus, que era entendida por todos os presentes apesar das distintas procedências era a língua do Amor, a mesma língua que os moradores do edifício Canoas estavam falando entre si. 

Essa verdade posso confirmar, tem predominado no relacionamento entre os condôminos, apesar das divergências naturais de todo grupo social, especialmente em momentos de crise. Na única votação havida, com 62 representantes dos apartamentos, 60 votaram a favor da proposta do síndico, isto é, 97%. É a primeira vez que ocorre essa proporção.

Marcos Raul Sant’ Anna
Paroquiano

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