A Ascensão do Senhor nos faz compreender com o coração que o Cristo que
por nós se fez homem, como um de nós viveu e por nós morreu, ele mesmo, agora,
com a sua humanidade glorificada, está à Direita do Pai.
A Festa de hoje – que, de certo modo já nos prepara para o encerramento
do Tempo da Páscoa, com o Santo Pentecostes, no próximo Domingo, nos convida a
colocar os pés nas estradas do mundo – na nossa família, no nosso trabalho,
entre os nossos amigos, na vida social… pés nas estradas do mundo para
proclamar o Senhorio de Cristo. Lembrai-vos hoje da sua promessa,
lembrai-vos da sua missão: “Recebereis o poder do Espírito Santo que descerá
sobre vós, para serdes minhas testemunhas até os confins da terra!”
Homilia de Padre
Marcos Belizário Ferreira
A solenidade da
Ascensão, celebrada quarenta dias depois da Páscoa, conclui a série de
aparições de Jesus ressuscitado. Na oração da coleta desse dia, rezamos: “Ó
Deus, a ascensão do vosso Filho já é nossa vitória”.
CELEBRAMOS
A VITÓRIA DE JESUS CRISTO SOBRE O MAL E TODAS AS SUAS MANIFESTAÇÕES E SOBRE A
MORTE. DESSA
VITÓRIA TODOS SOMOS HERDEIROS, PELOS MÉRITOS DE CRISTO.
Essa vitória de Cristo
nos faz compreender que o mal e a morte não têm mais poder, eles foram vencidos
pelo Senhor ressuscitado dentre os mortos.
O trecho dos Atos dos Apóstolos, de
hoje, é de capital importância para compreender a mensagem da ascensão do
Senhor. Ao longo de quarenta dias, depois da ressurreição, o Senhor apareceu
aos discípulos e os instruiu pelo Espírito Santo.
O Senhor continua presente e
a falar com os seus, mas agora não de viva voz e em carne e osso, podemos
dizer, mas pelo Espírito Santo (cf. At 1,2). O Espírito Santo torna o Cristo
presente aos seus discípulos e atual as suas palavras.
Agora, é através do
Espírito Santo que o Senhor continua a revelar o desígnio salvífico de Deus. O
relato da ascensão não se oferece ao nosso olhar; trata-se de uma profissão de
fé: ressuscitado dos mortos, Jesus Cristo foi elevado ao céu onde está sentado
à direita do Pai.
O relato tem por finalidade ser um apoio para a intelecção da fé e o
aprofundamento do mistério da ressurreição. O passivo divino usado para dizer
da elevação de Jesus indica que é o Pai quem o elevou.
A
NUVEM QUE ENVOLVE O RESSUSCITADO É, PARA A TRADIÇÃO BÍBLICA, SÍMBOLO DA
PRESENÇA DE DEUS QUE ACOMPANHA O SEU POVO
(Ex 13,22).
A nuvem que envolve o Senhor é um modo de
dizer que Jesus ressuscitado entra no mistério de Deus, no que é seu, antes da
criação do mundo.
Os dois mensageiros celestes são um apoio para compreender
que, agora, com seu corpo glorioso, o Senhor não é encontrado no alto, mas na
nossa própria humanidade, em todos os lugares e situações, no cotidiano da
existência humana.
É pela fé que vemos e encontramos o Senhor, em meio às
vicissitudes da história. Pela fé a elevação de Jesus Cristo não é sentida como
ausência, mas como uma forma de presença. A ascensão é, para nós cristãos, o
momento a partir do qual, ao invés de ficar olhando o céu, devemos cumprir a
missão que o Senhor ressuscitado nos confiou, a saber, a de sermos testemunhas do seu amor (cf. At 1,8).
Na conclusão do evangelho de Marcos, depois de
confiar aos discípulos a missão de expandir o evangelho por toda a terra, Jesus
foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus. Mas essa missão tão grande
não pode ser realizada a não ser com a força que Deus mesmo concede (cf. Mc
16,20).