“Homem, quem
quer que sejas, já sabes que nesta vida vais flutuando mais entre perigos e
tempestades, do que caminhando sobre a terra. Se não queres ser submergido, não
aparte os olhos dos resplendores desta estrela. Olha para a estrela, chama por
Maria. Nos perigos de pecar, nas moléstias das tentações, nas dúvidas do que
deves resolver, considera que Maria pode te ajudar, chama logo por ela para que
te socorra. O seu poderoso nome nunca se aparte do teu coração pela confiança,
nem de tua boca para o entoares. Seguindo a Maria, não errarás o caminho da
salvação. Quando te encomendares a ela, não desconfie; sustendo-te ela, não
cairás. Protegendo-te ela, não temas perder-te; sendo tua guia, sem fadiga te
salvarás. Em suma, pretendendo Maria defender-te, certamente chegarás ao reino
dos bem-aventurados.”
– São
Bernardo de Claraval –
citação extraída do livro “Glórias de Maria”
citação extraída do livro “Glórias de Maria”
Hoje, a Igreja celebra a
memória litúrgica de São Bernardo Claraval. Foi pregador, místico, escritor,
fundador de mosteiros, abade, conselheiro de papas, reis, bispos e também
polemista político e tenaz pacificador. Era especialmente devoto da Virgem Maria, a quem
direcionou a exclamação “Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria”, que hoje
é recitada na oração Salve Rainha.
Ao referir-se a
este santo em 2009, o Papa Bento XVI ressaltou
que os ensinamentos deste Doutor da Igreja do século XII ”se revelam úteis para
nosso tempo”. De acordo com ele, sua “dedicação ao silêncio e à contemplação
não impediram de realizar uma intensa atividade apostólica”.
Nascido no
Castelo de Fontaine em 1094, perto de Dijon (França), pertencia a uma família
nobre, a qual se assustou com sua decisão radical de seguir Jesus como monge
cisterciense, depois da morte de sua mãe. Mas, com sua determinação, não só foi
para o mosteiro, como também levou consigo o pai, os irmãos, primos e vários
amigos.
A contribuição
de Bernardo para Ordem de Cister foi tão grande magnitude que ele passou a ser
considerado o seu segundo fundador. Quando ingressou, em 1113, havia somente 20
membros e um mosteiro. Dois anos mais tarde, foi enviado para fundar outro na
cidade de Claraval, do qual foi eleito abade, ficando na direção por 38 anos.
Com o tempo, a
ordem passou a contar com 165 mosteiros, tendo Bernardo, sozinho, fundado 78.
Mais de 700 religiosos professaram votos, em suas mãos.
«AMO PORQUE AMO, AMO PARA AMAR»
Dos Sermões de São Bernardo, abade, sobre o Cântico dos Cânticos (Sermão 83, 4-6: Opera Omnia, ed. Cist. 2 [l958], 300-302) (Sec. XII)
- "O amor subsiste por si mesmo, agrada por si mesmo e por causa de si mesmo. Ele próprio é para si mesmo o mérito e o prêmio. O amor não busca outro motivo nem outro fruto fora de si; o seu fruto consiste na sua prática. Amo porque amo; amo para amar. Grande coisa é o amor, desde que remonte ao seu princípio, que volte à sua origem, que torne para a sua fonte, que se alimente sempre da nascente donde possa brotar incessantemente.
Entre todas as moções, sentimentos e afetos da alma, o amor é o único em que a criatura pode corresponder ao Criador, se não em igual medida, ao menos de modo semelhante. Com efeito, Deus, quando ama, não quer outra coisa senão ser amado: isto é, não ama por outro motivo senão para ser amado, sabendo que o próprio amor torna felizes os que se amam entre si.
O amor do Esposo, ou antes o Amor Esposo, não pede senão correspondência e fidelidade. A amada deve, portanto, retribuir com amor. Como pode a esposa não amar, sobretudo se é a esposa do Amor? ... Na verdade, mesmo quando toda ela se transforma em amor, que é isso em comparação com a torrente perene que brota daquela fonte? Evidentemente, não corre com igual abundância o caudal do amante e do Amor, da alma e do Verbo, da esposa e do Esposo, da criatura e do Criador; há entre eles a mesma diferença que entre a fonte e quem dela bebe. [...]
Embora a criatura ame menos, porque é menor, se todavia ela ama com todo o seu ser, nada fica por acrescentar. Nada falta onde está tudo. Por isso, este amor total equivale ao desposório, porque é impossível amar assim sem ser amado, e neste mútuo consentimento de amor consiste o autêntico e perfeito matrimônio. Quem pode duvidar de que a alma é amada pelo Verbo, antes dela e mais intensamente?" -
Dos Sermões de São Bernardo, abade, sobre o Cântico dos Cânticos (Sermão 83, 4-6: Opera Omnia, ed. Cist. 2 [l958], 300-302) (Sec. XII)
- "O amor subsiste por si mesmo, agrada por si mesmo e por causa de si mesmo. Ele próprio é para si mesmo o mérito e o prêmio. O amor não busca outro motivo nem outro fruto fora de si; o seu fruto consiste na sua prática. Amo porque amo; amo para amar. Grande coisa é o amor, desde que remonte ao seu princípio, que volte à sua origem, que torne para a sua fonte, que se alimente sempre da nascente donde possa brotar incessantemente.
Entre todas as moções, sentimentos e afetos da alma, o amor é o único em que a criatura pode corresponder ao Criador, se não em igual medida, ao menos de modo semelhante. Com efeito, Deus, quando ama, não quer outra coisa senão ser amado: isto é, não ama por outro motivo senão para ser amado, sabendo que o próprio amor torna felizes os que se amam entre si.
O amor do Esposo, ou antes o Amor Esposo, não pede senão correspondência e fidelidade. A amada deve, portanto, retribuir com amor. Como pode a esposa não amar, sobretudo se é a esposa do Amor? ... Na verdade, mesmo quando toda ela se transforma em amor, que é isso em comparação com a torrente perene que brota daquela fonte? Evidentemente, não corre com igual abundância o caudal do amante e do Amor, da alma e do Verbo, da esposa e do Esposo, da criatura e do Criador; há entre eles a mesma diferença que entre a fonte e quem dela bebe. [...]
Embora a criatura ame menos, porque é menor, se todavia ela ama com todo o seu ser, nada fica por acrescentar. Nada falta onde está tudo. Por isso, este amor total equivale ao desposório, porque é impossível amar assim sem ser amado, e neste mútuo consentimento de amor consiste o autêntico e perfeito matrimônio. Quem pode duvidar de que a alma é amada pelo Verbo, antes dela e mais intensamente?" -
Em um período
de abundante florescimento da Ordem, que passou a contar com 165 mosteiros.
Bernardo, sozinho, fundou 78 e, em suas mãos, mais de 700 religiosos
professaram os votos. Quando Bernardo faleceu, havia 700 monges em Claraval.
Em princípios do
ano 1142, fundou-se na Irlanda o primeiro convento cisterciense. Os monges
procediam de Claraval, para onde São Malaquias os tinha enviado a fim de se
formarem sob a direção de São Bernardo. Dezoito meses depois, subiu ao trono
pontifício o abade do mosteiro cisterciense do Tre Fontane, Eugênio III, que
não era outro senão Bernardo de Pisa, a quem São Bernardo tinha conduzido ao
noviciado.
A fama das
qualidades e poderes do santo eram tão grandes que os príncipes iam a seu juízo
e os bispos lhe consultavam os assuntos mais importantes da Igreja e se atinham
com respeito a suas opiniões e decisões. Seu conselho era para os Papas um dos
principais apoios da Igreja. Chegou a chamar-se o “oráculo da cristandade”,
porque Bernardo não era unicamente um fundador de mosteiros, um teólogo e um
pregador, mas também um reformador e um "cruzado".
No Natal de
1144, os turcos selyukidas se apoderaram de Edesa, um dos quatro principados do
reino latino de Jerusalém. Os cristãos pediram auxílio a Europa. Eugênio III
encarregou então a São Bernardo pregar uma Cruzada. O fracasso desta levantou
uma tempestade contra São Bernardo, que tinha se mostrado seguro do triunfo.
São Bernardo
também é conhecido por sua grande devoção à Virgem Maria. Foi um dos primeiros
a chama-la de “Nossa Senhora”. Segundo a tradição, certa vez, ao escutar seus
irmãos cantarem a Salve Regina, seu coração irrompeu em êxtase, ao que surgiu a
tríplice exclamação que hoje coroa esta oração: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce
sempre Virgem Maria!”.
O santo foi
ainda um dos primeiros apóstolos da mediação universal de Maria Santíssima.
“Porque éramos indignos de receber qualquer coisa, foi-nos dada Maria para, por
meio dela, obtermos tudo quanto necessitamos. Quis Deus que nós nada recebamos
sem haver passado antes pelas mãos de Maria”.
Bernardo morreu
em 21 de agosto de 1153, tinha então 73 anos. Foi canonizado em 1174 e
proclamado Doutor da Igreja, o “Doutor Melífluo”, em 1830, porque a unção de
suas exortações levava todos a afirmar que seus lábios destilavam puríssimo
mel.
São Bernardo
“levou sobre os ombros o século XII e não pôde menos que sofrer sob esse peso
enorme”. Em vida foi
o “oráculo"” da Igreja, reformador da disciplina e depois de sua morte
deixou um vasto legado de escritos que serviu para vigorar a Igreja.
---
Padre Marcos Belizário em Fontaine-lès-Dijon -
Saint Bernard de Clarivaux
acesse esse link para ler ou clique na imagem
http://paroquiasaoconradorj.blogspot.com.br/2015/01/mensagem-de-padre-marcos-de-fontaine.html
Padre Marcos Belizário em Fontaine-lès-Dijon -
Saint Bernard de Clarivaux
acesse esse link para ler ou clique na imagem
http://paroquiasaoconradorj.blogspot.com.br/2015/01/mensagem-de-padre-marcos-de-fontaine.html
---