A força da esperança
A cena da 1ª leitura é muito forte. O profeta Ezequiel tem uma visão, na qual contempla um amontoado de ossos ressequidos dentro de sepulturas. É a imagem de uma realidade sem esperança. As sepulturas não indicam esperança de vida, mas representam a morte. Em cada sepultura existe a realidade de uma vida que já passou; restaram apenas os ossos. A profecia era dirigida ao povo judeu, exilado na Babilônia. Com o correr dos anos, o povo percebia que nada mudava; a situação piorava e por isso, a esperança fugia de suas vidas como água que escorre pela terra. Era um povo desesperançado; desesperado. Por isso, a profecia de Ezequiel, garantindo que Deus abrirá as sepulturas e revigorará a esperança de viver. Nós, brasileiros, passamos pela mesma experiência. Políticos e quadrilhas de empresários roubaram e destruíram a esperança de muita gente. Os milhões de desempregados experimentam a decepção que agride a esperança. Para eles e para quem vive desesperançado, vale seguir a confiança do salmista: “no Senhor ponho a minha esperança”.
Um espírito divino dentro de nós
A coisa mais triste de uma vida humana é a perda da esperança. Quando alguém perde a esperança, ele começa a perder também a vontade de viver e surge a depressão. Em depressão profunda, muitos desejam a morte. A falta de esperança é um modo de se desgostar da vida. Por isso, a proposta divina, seja na profecia de Ezequiel como na teologia de Paulo, vem com a promessa de colocar um espírito novo, capaz de renovar a vida: o mesmo espírito, diz Paulo, que ressuscitou Jesus da morte. Se por acaso soar o alarme de que não existe mais esperança, busquemos nossa força no Espírito de Deus que mora em nós. Como fazer isso? Consideremos a cena do ressuscitamento de Lázaro. Marta e Maria se aproximam de Jesus e lhe dizem: “Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido!” Marta e Maria dizem que tinham esperança na vida de Lázaro se Jesus estivesse presente. Se Jesus está presente, a fé na força da vida não permite o desespero, não permite que a esperança seja ameaçada pelo medo.
Jesus refaz a vida
Seja para Marta como para Maria, Jesus promete o reviver da vida de Lázaro. Marta transfere a promessa de Jesus para a vida eterna, que ela entende como vida depois da morte. Maria não comenta nada, apenas chora. São as consolações de tantas pessoas diante da morte, diante da vida que começa a ser agredida pela falta de uma perspectiva. Muitos fazem como Marta: arrumam uma explicação e dizem que é vontade de Deus. Outros, diante do desafio de não ver perspectiva, choram. Jesus também chora, mas o choro de Jesus é de cólera porque vê como o poder da morte é capaz de matar a esperança da vida nas pessoas. Jesus chora, mas não se resigna diante da morte. Age: pede para abrir a sepultura, reza e ordena que Lázaro saia do túmulo. Que Lázaro levante-se para a vida novamente. É a mesma ordem que muitos precisam dar ao seu sentimento de inutilidade, ao seu sentimento de fracassado, aqueles que convivem com a baixa autoestima e sem esperança. Não se resignar diante da ameaça de morte, mas seguindo os passos de Jesus: rezar e ouvir o grito de Jesus para sair de suas próprias sepulturas. Para ajudar pessoas a saírem de seus desesperos. Rezar e ouvir Jesus.
Padre Marcos na missa para a catequese associou o evangelho
da ressurreição de Lázaro ao Sacramento da Penitencia. Exortou as crianças e aos
adultos os elementos básicos para uma boa confissão.