sábado, abril 15, 2017

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DE JESUS 2017



Nosso primeiro olhar contempla a Cruz de onde pende o servo sofredor de Javé (1ª leitura). É servo, é sofredor e é de Javé. Servo porque se coloca a serviço de alguém. Um relacionamento de serviço que pode ser realizado por obrigação ou em plena liberdade, como é o espírito com o qual Jesus acolhe a Cruz. Reza para que o cálice seja evitado, porque era totalmente humano, reconhecendo a profundidade e o peso quase insuportável do sofrimento pelo qual deverá passar. Mas é um servo obediente que aceita, não a vontade de um líder qualquer, mas aquela do próprio Deus. Ser servo de Deus não é uma opção simples; é uma opção que exige a entrega até mesmo da própria vontade (Evangelho). Uma opção que se fortalece na fé e, principalmente, na esperança: “Senhor, eu ponho em vós minha esperança"; “a vós, porém, Senhor, eu me confio”; “eu entrego em tuas mãos o meu destino”. Oração de entrega de quem se se faz servo e se dispõe a fazer plenamente a vontade de Deus (salmo responsorial). 

Trata-se de um servo sofredor. Mesmo colocando toda confiança em Deus, o sofrimento o atinge de modo cruel, a ponto de desfigurá-lo (1ª leitura). Um sofrimento, portanto, que não é qualquer dor de cabeça, mas que atinge o coração e a própria alma. De tão desfigurado, diz a profecia de Isaias, na 1ª leitura, chega a perder até mesmo a sua identidade a ponto de nem mesmo se parecer com um homem. Uma descrição extrema para mostrar a profundeza do sofrimento de Jesus Cristo, o servo sofredor. O motivo de tal sofrimento? “ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, as nossas dores” (1ª leitura). Jesus, o servo sofredor pendente na Cruz, é a imagem da desfiguração humana causada pelo sofrimento. O mesmo sofrimento que prega tantos seres humanos em tantas e tão diferentes cruzes em nossos dias. É um sofrimento, no dizer de Isaias, que esmaga a vida e a deixa pendente na Cruz. Aquele sofrimento que ninguém quer ver e que, mesmo vivendo, é considerado como um morto, como um vaso quebrado cujo último destino é o lixo (salmo responsorial). É o sofrimento de quem é despojado de tudo, até mesmo das roupas (Evangelho). 


Por fim, a terceira característica do servo: ele é de Deus. É um servo de Deus, alguém que coloca sua vida a serviço de Deus, a ponto de entregar seu corpo e seu espírito em serviço oblativo a Deus por amor à humanidade. É de Deus porque coloca de modo irrecusável sua total confiança em Deus: “eu afirmo que só vós sois meu Deus” (salmo responsorial). Nada, nem mesmo o sofrimento mais cruel da terra, aquele de morrer na Cruz, era capaz de recusar sua pertença a Deus. Foi pelo sofrimento, que não o fez perder sua confiança em Deus, que ele cumpriu “com êxito a vontade do Senhor” (1ª leitura). A Cruz de Jesus, deste ponto de vista, é contemplada como o local mais excelente para se cumprir do modo mais radicalmente profundo a vontade de Deus. Não que devamos passar por ela, porque Jesus, o Servo sofredor de Deus, assumiu nossas dores, mas devemos dela nos aproximar porque ela é o trono da graça (2ª leitura). Todo o sofrimento do servo de Javé, Jesus, transformou a Cruz em “trono da graça”, em fonte de vida nova. É o amor infinito (e até mesmo incompreensível) de Deus para que possamos viver a vida plena e participar de sua santidade. Jesus, o servo de Deus, “na consumação da sua vida, tornou-se causa de Salvação para todos que lhe obedecem” (2ª leitura).

Silêncio e Prostração









Liturgia da Palavra











Adoração da Cruz













Comunhão Eucarística 















Descida da imagem do Cristo