De
violento perseguidor a ardoroso apóstolo de Jesus Cristo: a história de uma
conversão
Acidade
de Tarso era a capital da província romana da Cilícia, uma região montanhosa
localizada no sul do atual território da Turquia, banhada pelo mar
Mediterrâneo. Tinha sido, durante muito tempo, assolada por piratas que
lucravam comercializando escravos com os romanos. Quando os piratas começaram a
atacar também cidades e navios romanos, o Senado de Roma enviou expedições
militares à região para acabar com a ameaça. Foi nesse contexto que a República
Romana criou a província da Cilícia.
Ali
nasceria Saulo, cidadão romano, judeu da tribo de Benjamim. Filho de um membro
da seita dos fariseus, Saulo foi criado para ser um zeloso “combatente dos
vícios”. Na juventude, viajou para Jerusalém a fim de estudar na escola de
Gamaliel e aprofundar-se no conhecimento da lei. Foi quando o fervoroso fariseu
conheceu o cristianismo, que, na época, era visto como uma seita de fanáticos.
Saulo
se tornou um grande inimigo dessa nova religião e dos seus seguidores. As
Escrituras dão testemunho de que, durante o assassinato de Santo Estêvão, o
primeiro mártir da Igreja, Saulo fez questão de segurar as capas daqueles que o
apedrejavam. Seu zelo por acabar com o cristianismo brotava da distorcida
convicção de estar agradando a Deus: Saulo era um fariseu que buscava a verdade,
mas, ao mesmo tempo, se mantinha fanaticamente fechado à Verdade Encarnada. Seu
zelo era violento, privado de discernimento.
O
capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos descreve:
“Saulo
só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao
príncipe dos sacerdotes e pediu-lhes cartas para as sinagogas de Damasco, a fim
de levar presos, a Jerusalém, todos os homens e mulheres que seguissem essa
doutrina”.
Era
algum dia entre os anos 31 e 36 da nossa era. Mal sabia Saulo que essa viagem
de caça doentia aos cristãos lhe reservava a maior “queda do cavalo” de sua
vida, para usar uma expressão apropriada ao caso de quem sofre um baque em suas
antigas convicções. Aliás, “cair do cavalo” é uma figura de linguagem
constantemente entendida ao pé da letra no caso de São Paulo: as Escrituras
dizem apenas que ele “caiu por terra“, mas a tradição popular e muitas obras de
arte cristã visualizaram esta cena a partir da pressuposição, bastante
plausível, de que ele estivesse mesmo sobre um cavalo durante a viagem a
Damasco.
Continua
o livro dos Atos dos Apóstolos:
“Durante
a viagem, estando já em Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente
vinda do céu. Caindo por terra, ele ouviu uma voz que lhe dizia: ‘Saulo, Saulo,
por que me persegues?’. Saulo então diz: ‘Quem és, Senhor?’. Respondeu Ele: ‘Eu
sou Jesus, a quem tu persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão’.
Trêmulo e atônito, disse Saulo: ‘Senhor, que queres que eu faça?’.
Respondeu-lhe o Senhor: ‘Levanta-te, entra na cidade. Ali te será dito o que
deves fazer’”.
Em
Damasco, Saulo recebe o batismo por meio de Ananias, um cristão comum, mas
dócil ao Espírito Santo. O agora discípulo de Jesus também muda de nome,
passando a chamar-se Paulo. Ele exercerá papel decisivo na expansão do Evangelho
de Cristo entre as nações e será reconhecido pelo título de Apóstolo dos
Gentios.
Fonte:
Aleteia