Bem,
antes de tudo é preciso entender que o batismo ministrado por João Batista não
era um sacramento, mas apenas um modo de levar as pessoas ao arrependimento,
para esperar Jesus, e com ele a conversão e o Reino de Deus. O Batista é “a voz
que clama no deserto” como tinha anunciado o profeta Isaías há 700 anos antes.
João Batista proclamava “um batismo de arrependimento para a remissão dos
pecados” (Lc 3,3). Uma multidão de pecadores, de publicanos e soldados,
fariseus e saduceus e prostitutas vinham para ser batizados por ele. Jesus
aparece, o Batista hesita, mas Jesus insiste.
Santo
Agostinho diz que Jesus quis fazer o que ordenou que todos fizessem. Santo
Ambrósio disse que: “A justiça exige que comecemos por fazer o que queremos que
os outros façam, e exortemos os outros a nos imitarem pelo nosso exemplo”. São
Tomás de Aquino diz que um objetivo foi a purificação das águas. Citando Santo
Ambrósio, diz que o Senhor foi batizado, não por querer purificar-se, mas para
purificar as águas… Desse modo, as águas tivessem a virtude de batizar. O mesmo
argumento usa São João Crisóstomo (407), doutor da Igreja, de Constantinopla.
Sem
dúvida, Jesus quis ser batizado também para nos mostrar a importância do
sacramento do Batismo – hoje tão desprezado – como disse a Nicodemos: “Quem não
renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus” (Jo 3, 5).
O
Batismo de Jesus significa a sua aceitação e inauguração de sua missão de
“Servo sofredor” (Is 42,49,50,52). Ele se deixa contar entre os pecadores, se
faz solidário com eles porque veio assumir o seu pecado; é, já, “o Cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Assim, Jesus antecipa já o
“Batismo” de sua morte sangrenta. Vem, já, “cumprir toda a justiça” (Mt 3,15),
submete-se perfeitamente à vontade de seu Pai: aceita, por amor, este batismo
de morte para a remissão de nossos pecados. E o Pai, diante dessa aceitação do
Filho, responde: “Este é o meu Filho amado em quem coloco a minha
complacência”. E o Espírito Santo, que Jesus possui em plenitude desde a sua
concepção, vem “repousar” sobre Ele. Jesus é a fonte do Espírito para toda a
humanidade. É Ele quem “batiza no Espírito Santo e no fogo” (Lc 3,16). No
Batismo de Jesus, “abriram-se os Céus” (Mt 3,16) que o pecado de Adão havia
fechado; e as águas são santificadas pela descida de Jesus e do Espírito,
prelúdio da nova criação.
Fonte:
Prof. Felipe Aquino