quarta-feira, fevereiro 26, 2020

CINZAS DA RECONCILIAÇÃO

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Quarta-feira de Cinzas é o início do litúrgico da Quaresma, preparação para a festa da Páscoa. Assim, o Santo Padre, o Papa Francisco, em sua mensagem para esta Quaresma, usando como tema a frase de São Paulo “em nome de Cristo, suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus” (2 Cor 5, 20), nos convida à volta para Deus, pela penitência e oração.

 “O Senhor concede-nos, também neste ano, um tempo propício para nos prepararmos para celebrar, de coração renovado, o grande Mistério da morte e ressurreição de Jesus, cerne da vida cristã pessoal e comunitária... A alegria do cristão brota da escuta e recepção da Boa Nova da morte e ressurreição de Jesus: o kerygma. Este compendia o Mistério dum amor tão real, tão verdadeiro, tão concreto, que nos proporciona uma relação cheia de diálogo sincero e fecundo. Quem crê neste anúncio rejeita a mentira de que a nossa vida teria origem em nós mesmos, quando na realidade nasce do amor de Deus Pai, da sua vontade de dar vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Se, pelo contrário, se presta ouvidos à voz persuasora do ‘pai da mentira’ (Jo 8, 44), corre-se o risco de precipitar no abismo do absurdo, experimentando o inferno já aqui na terra, como infelizmente dão testemunho muitos acontecimentos dramáticos da experiência humana pessoal e coletiva”.

“Fixa os braços abertos de Cristo crucificado, deixa-te salvar sempre de novo. E quando te aproximares para confessar os teus pecados, crê firmemente na sua misericórdia que te liberta de toda a culpa. Contempla o seu sangue derramado pelo grande amor que te tem e deixa-te purificar por ele. Assim, poderás renascer sempre de novo. A Páscoa de Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do Espírito Santo é sempre atual...”.

“É salutar uma contemplação mais profunda do Mistério pascal, em virtude do qual nos foi concedida a misericórdia de Deus. Com efeito, a experiência da misericórdia só é possível ‘face a face’ com o Senhor crucificado e ressuscitado, ‘que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim’ (Gl 2, 20). Um diálogo coração a coração, de amigo a amigo. Por isso mesmo, é tão importante a oração no tempo quaresmal. Antes de ser um dever, esta expressa a necessidade de corresponder ao amor de Deus, que sempre nos precede e sustenta. De fato, o cristão reza ciente da sua indignidade de ser amado. A oração poderá assumir formas diferentes, mas o que conta verdadeiramente aos olhos de Deus é que ela escave dentro de nós, chegando a romper a dureza do nosso coração, para o converter cada vez mais a Ele e à sua vontade”.

E o Papa nos dá um conselho prático: “O diálogo que Deus quer estabelecer com cada homem, por meio do Mistério pascal do seu Filho, não é como o diálogo atribuído aos habitantes de Atenas, que ‘não passavam o tempo noutra coisa senão a dizer ou a escutar as últimas novidades’ (At 17, 21). Este tipo de conversa, ditado por uma curiosidade vazia e superficial, caracteriza o mundanismo de todos os tempos e, hoje em dia, pode insinuar-se também em um uso pervertido dos meios de comunicação”.


Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan