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É
costume muito antigo da Igreja, invocar a intercessão dos santos, especialmente
os mártires, contra as doenças, calamidades e outros infortúnios da vida
terrena. Diz a Liturgia que “na presença de Deus intercedem por nós sem
cessar”. Por isso, o calendário litúrgico contempla a cada dia a memória dos
santos. Até mesmo a Igreja celebra em 1º de novembro a festa de todos os
santos, para celebrar também aqueles cujo nome e história não conhecemos.
A
tradição da Igreja aprovou a prática dos santos protetores das cidades, dos
países, dos profissionais, pelos seus méritos na morte ou na atividade ligada a
uma determinada causa. Assim, temos centenas de santos padroeiros de todas as
profissões.
No
dia 3 de fevereiro, por exemplo, a Igreja Católica dá aos fiéis a Bênção de São
Brás para a saúde da garganta, das cordas vocais, etc. Este costume litúrgico
tem a sua base já no primeiro século quando a Igreja celebrava a Missa sobre o
túmulo dos mártires do Império Romano, pedindo-lhes sua intercessão diante de
Deus.
São
Brás é padroeiro contra as doenças na garganta, porque, segundo as Atas do seu
martírio, a caminho da execução, ele salvou a vida de um menino que estava
próximo de morrer por engolir uma espinha de peixe. A mãe apresentou-se ao
Santo Bispo com o menino ao colo. Brás levantou os olhos ao céu, suplicou ao
Senhor, e logo a seguir o menino expeliu a espinha e ficou são. Contam-se
outros milagres parecidos do Santo, de mesma natureza. Com isso a devoção a ele
penetrou fundamente no coração do povo cristão.
São
Brás foi um santo Bispo, martirizado em Sebaste, na Armênia, no tempo do
imperador romano Licínio (308-323), e sua festa litúrgica entrou no calendário
romano no século XI, pela grande devoção que começou então a ser-lhe dedicada
na de Roma. Em sua honra levantaram-se lá não menos de 35 igrejas.
Seus
pais eram ricos e puderam facilitar-lhe os estudos até a especializaçãoem
medicina. Jámédico, ficou desiludido com os ideais humanos e deu-se inteiramente
à perfeição cristã. Retirou-se do mundo e começou a vida solitária de oração e
penitência. A fama de Santo espalhou-se na comunidade cristã de Sebaste e,
quando houve a morte do bispo, todos o aclamaram como novo pastor. Mesmo sem
desejar foi obrigado a aceitar. Segundo as Atas, o seu “palácio episcopal”
continuou a ser a cova que antes habitara no monte Argeu. As Atas insistem na
força taumatúrgica (milagres) do Santo, em favor dos pobres e enfermos.
Foi
detido pelos soldados do prefeito na gruta do Monte Argeu. Trazido à cidade,
propuseram-lhe que adorasse os deuses. O Santo negou-se decididamente: “Não
quero ser amigo deles, porque não quero arder eternamente com os demônios”. Foi
açoitado, torturado, submetido aos garfos com puas de ferro e lançado a um lago
frio. Por último degolaram-no. Na Rússia é tido como advogado especial nas
doenças dos animais, pelos milagres que realizou neles, segundo contam também
as suas Atas.
A
Benção de São Brás é simples e curta; o sacerdote ou diácono colocam duas velas
bentas e cruzadas na garganta de cada fiel e pede a Deus, por intercessão do
santo mártir, que a pessoa seja livre dos males da garganta. É um sacramental,
que evidentemente depende da fé e devoção da pessoa, mas que têm evitado os
males para quem acredita.
Fonte:
Canção Nova