No caminho do Advento, ocupa um lugar especial a
Virgem Mãe, que acolheu na fé e na carne Jesus, o Filho de Deus.
N’Ela vemos a
criatura que, de modo incomparável, abriu de par em par as portas ao seu
Criador, submetendo-Se livremente à vontade divina na obediência da fé: adere
com plena confiança à palavra que Lhe anuncia o Mensageiro de Deus. E este “sim”
de Maria à vontade divina repete-se ao longo de toda a sua vida até ao momento
mais difícil: o da Cruz. Ela não se contenta com uma percepção imediata e
superficial do que sucede na sua vida, mas entra em diálogo íntimo com a
Palavra de Deus e deixa-se interpelar pelos acontecimentos, procurando a
compreensão que só a fé pode garantir.
MARIA ACOLHE MESMO AQUILO QUE NÃO
COMPREENDE DO AGIR DIVINO, DEIXANDO QUE SEJA DEUS A ABRIR-LHE O CORAÇÃO E A
MENTE. ASSIM SE TORNOU MODELO E MÃE DE TODOS OS CRENTES. PELA SUA FÉ, TODAS AS
GERAÇÕES A CHAMARÃO BEM-AVENTURADA.
A audiência geral desta quarta-feira, 19 de dezembro,
realizou-se na Sala Paulo VI. Nesta III semana do tempo de Advento, o Papa
apresentou aos fiéis uma reflexão sobre a fé de Maria a partir do grande
mistério da Anunciação.
Bento XVI começou lembrando que o anjo convidou a
Virgem a se alegrar, chamando-a “cheia de graça”. Tal saudação anuncia o fim da
tristeza que existe no mundo diante dos limites da vida, do sofrimento, da
morte, da maldade, das trevas do mal que parece obscurecer a luz da bondade
divina. “É uma saudação que marca o início do Evangelho, da Boa Nova” –
prosseguiu o Pontífice.
“A fonte da alegria de Maria é a graça, a comunhão com
Deus. Ela é a criatura que, mediante sua atitude de escuta da palavra e da
obediência, abriu de modo único as portas a seu Criador, colocando-se em suas
mãos, sem limites”.
“Assim como Abraão, Nossa Senhora também confiou
plenamente na divina Palavra, convertendo-se em modelo e mãe de todos os
cristãos. E do mesmo modo, sua fé também incluiu um momento de incerteza - as
trevas da crucificação de seu Filho – antes de chegar à luz da Ressurreição”.
O Papa explicou que o mesmo ocorre no caminho de fé de
cada um de nós: existem momentos de luz e passagens onde parece que Deus está
ausente; seu silêncio pesa em nossos corações e sua vontade não corresponde à
nossa. “Mas – ressalvou Bento XVI – quanto mais nos abrirmos a Deus,
acolhermos o dom da fé e depositarmos Nele a nossa confiança – como fizeram
Abraão e Maria – mais Ele nos ajudará a viver as situações da vida em paz e com
a certeza de sua fidelidade e de seu amor. Isto acarreta que saiamos de nós
mesmos e de nossos projetos e deixemos que a Palavra de Deus seja a lâmpada que
guie nossos pensamentos e ações”.
“A fé sólida de Maria foi possível graças à sua
atitude constante de diálogo íntimo com a Palavra de Deus, à sua humildade
profunda e obediente, que aceitou tudo, até o que não compreendia da ação de
Deus” – recordou o Papa.
Finalizando, Bento XVI disse que a solenidade do Natal
nos convida a viver esta mesma humildade e obediência de fé. “A glória de Deus
não se manifesta no triunfo e no poder do Rei, não resplandece numa cidade
famosa, num suntuoso palácio, mas habita no ventre de uma virgem, se revela na
pobreza de um menino”.
Como faz todas as quartas-feiras, Bento XVI leu aos
fiéis breves resumos de sua catequese em várias línguas, inclusive português.
Estas foram as suas palavras:
“No caminho do Advento, ocupa um lugar especial a
Virgem Mãe, que acolheu na fé e na carne Jesus, o Filho de Deus. N’Ela vemos a
criatura que, de modo incomparável, abriu de par em par as portas ao seu
Criador, submetendo-Se livremente à vontade divina na obediência da fé: adere
com plena confiança à palavra que Lhe anuncia o Mensageiro de Deus. E este
«sim» de Maria à vontade divina repete-se ao longo de toda a sua vida até ao
momento mais difícil: o da Cruz. Ela não se contenta com uma percepção imediata
e superficial do que sucede na sua vida, mas entra em diálogo íntimo com a
Palavra de Deus e deixa-se interpelar pelos acontecimentos, procurando a
compreensão que só a fé pode garantir. Maria acolhe mesmo aquilo que não
compreende do agir divino, deixando que seja Deus a abrir-Lhe o coração e a
mente.
Assim se tornou modelo e mãe de todos os crentes. Pela sua fé, todas as
gerações A chamarão bem-aventurada”.
“Amados peregrinos de língua portuguesa, a minha
saudação amiga para todos, com votos de um santo Natal de Jesus no coração e na
família de cada um, pedindo a mesma humildade e obediência da fé de Maria e
José, que vos faça ver, na força indefesa daquele Menino, a vitória final sobre
todos os arrogantes e rumorosos poderes do mundo. Bom Natal!”.
PAPA BENTO XVI
AUDIÊNCIA GERAL
Sala Paulo VI
Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2012
Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2012