por
Dom Fernando Arêas Rifan*
Neste tempo litúrgico do Advento,
preparação para o Natal, a Igreja nos convida à mudança de vida, ou seja, à
conversão, a “despertarmos do sono” (Rm 13,11), a sairmos da mediocridade,
propondo-nos a reflexão sobre as verdades eternas, para, como nos lembrou
Bento XVI no Angelus deste domingo, “estarmos prontos para a vinda do
Senhor”.
Celebramos duas vindas de Jesus
Cristo ao mundo. A primeira, com a sua encarnação, ocorrida historicamente há
cerca de dois mil anos. A segunda é o retorno glorioso no fim dos tempos. Como
disse o Papa, “esses dois momentos, que cronologicamente são distantes – e não
se sabe o quanto -, tocam-se profundamente, porque com sua morte e ressurreição
Jesus já realizou a transformação do homem e do cosmo que é a meta final
da criação. Mas antes do final, é necessário que o Evangelho seja proclamado a
todas as nações, disse Jesus no Evangelho de São Marcos (cf. Mc 13,10). A vinda
do Senhor continua, o mundo deve ser penetrado pela sua presença. E esta vinda
permanente do Senhor no anúncio do Evangelho requer continuamente nossa
colaboração; e a Igreja, que é como a Noiva, a esposa prometida do Cordeiro de
Deus crucificado e ressuscitado (cf. Ap 21,9), em comunhão com o Senhor
colabora nesta vinda do Senhor, na qual já inicia o seu retorno
glorioso”.
A segunda vinda de Cristo, no fim
do mundo, não tem hora marcada. As marcações de data, que às vezes aparecem,
são falsas. É falsa a “profecia Maia” de que o mundo vai acabar no próximo dia
21 de dezembro. São Paulo adverte aos primeiros cristãos: “Quanto à vinda de
nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião junto dele, nós vos pedimos, irmãos
que não vos deixeis abalar, assim tão depressa, em vossas convicções, nem vos
alarmeis com alguma pretensa revelação do Espírito ou alguma instrução ou carta
atribuída a nós e que desse a entender que o dia do Senhor está chegando...” (2
Ts 2, 1-3).
O fim do mundo vai acontecer um
dia. Nosso Senhor não disse quando. Interessante que a ciência moderna, física
e astronômica, anuncia também o fim do mundo, por entropia, a morte térmica do
universo. Além disso, os atuais astrônomos dizem que o Sol “morrerá” daqui a
cerca de cinco bilhões de anos, mas que a Terra vai desaparecer antes, daqui a
1,5 bilhão de anos, quando o Sol se tornará um gigante vermelho, fazendo com
que o calor na Terra chegue a 500º C, tornando-a inabitável (cf. “Galileu”,
dez/2012, “Morte do Sol”).
Por isso, devemos nos preocupar
mais com o “fim do mundo” que acontecerá a cada um de nós, com a nossa morte,
que também não sabemos quando ocorrerá, mas certamente será antes do final dos
tempos. É nesse sentido que São Pedro nos adverte: “O fim de todas as coisas
está próximo. Vivei com sensatez e vigiai, dados à oração. Sobretudo cultivai o
amor mútuo, com todo o ardor, porque o amor cobre uma multidão de pecados” (1
Pd 4, 7-8). E São Paulo: “Enquanto temos tempo, façamos o bem a todos...” (Gl
6, 10).
*Bispo
da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney